Racismo Algorítmico em Plataformas Digitais: microagressões e discriminação em código

Apresentei nesta última semana o artigo Racismo Algorítmico em Plataformas Digitais: microagressões e discriminação em código no Simpósio da LAVITS, em Salvador. O trabalho compõe minha pesquisa de doutorado e parte da análise de ambientes como Facebook, Twitter, YouTube e marketplaces de aplicativos mobile, que são mecanismos centrais do capitalismo de vigilância. Os vieses algorítmicos e affordances racistas nestas plataformas digitais de publicidade estão sendo crescentemente analisados nos últimos 15 anos por pesquisadoras informadas por perspectivas variadas. Como resultado estão em desenvolvimento iniciativas de auditoria de algoritmos e plataformas, construção de datasets e procedimentos mais responsáveis, além de indicações regulatórias. A opacidade presente nas caixas-pretas dos grupos de sistemas automatizados e semi-automatizados baseados em algoritmos que regem visibilidade, classificação, vigilância e regras de uso nas plataformas digitais complexifica e dificulta esta investigação. Esta questão se aplica tanto ao desenho de processos internos quanto à configuração de algoritmos e é agravada pela ideologia da “cegueira racial”, tática que compõe historicamente do genocídio negro, que também é epistemológico.

O trabalho propõe colaborar ao campo de estudos sobre vieses algorítmicos ao aproximar a investigação sobre vieses raciais nos algoritmos de plataformas digitais ao conceito de microagressões raciais (Pierce, 1970). Estas seriam definidas como mensagens rotineiras que comunicam insultos e desprezo racial e podem ser apresentadas de forma verbal, comportamental ou ambientalmente contra grupos racializados. A pesquisa sobre microagressões raciais propõe modos de analisar, entender e combater este tipo de violência em contextos de socialização, midiáticos ou educacionais com o objetivo de minimizar o impacto na formação e pleno desenvolvimento de populações negras, entre outras. Aplicando a tipologia de microagressões proposta por Tynes et al (2018) a partir de Sue (2007) a mapeamento realizado pelo autor, o artigo discute casos de comunicação algorítmica racista em plataformas digitais ligando aspectos das plataformas a categorias e subcategorias propostas sobre microagressões.

Acesse o artigo completo no ResearchGate e confira mais publicações.

Congresso Internacional sobre Vigilância, Raça e Gênero acontecerá em Salvador

Passando para relembrar que a sétima edição do Simpósio Internacional da Rede Latino-Americana de Vigilância (Lavits) acontecerá em Salvador. Organizado pela rede, pelo IHAC e GIGA, incluirá palestras, mesas de discussão, grupos de trabalho, oficinas e performances artísticas entre 26 e 28 de junho.

O grande destaque entre as conferências é a vinda da Simone Browne, pesquisadora canadense e professora da Universidade do Texas (EUA). Browne é autora do livro “Dark Matters: On the Surveillance of Blackness”, no qual revisa a história da vigilância mostrando como tecnologias de controle e opressão contra a negritude desde o período colonial foram germinadoras das práticas hiper-tecnológicas de hoje.

Entre as sessões livres de debate, destaco Intersecções e potências entre tecnologias, gênero e ativismos, com Josemira Reis (GIG@/UFBA), Dulcilei Lima (UFABC), Taís Oliveira (UFABC), Daniela Araújo (IG/Unicamp), Débora Oliveira (Labjor/Unicamp), Marta Kanashiro (Rede Lavits); O Comitê Gestor da Internet (CGI) e os princípios de governança democrática na Internet, com Sergio Amadeu (CGI) e Juliano Cappi (CGI); Discurso de ódio e desinformação nas redes sociotécnicas, com Erica Malunguinho (DEP. ESTADUAL SP), Isadora Brandão (UNEAFRO), Geisa Santos (Coletiva Periféricas-BA) e Maurício Bozzi (PUC-RS).

Nas sessões temáticas de discussão de artigos, são mais de 150 artigos de pesquisadores do Brasil, América Latina e de outros países. São artigos sobre vigilância, controle, big data e práticas digitais diversas. Apresentarei o trabalho Racismo Algorítmico em Plataformas Digitais: microagressões e discriminação em código em sessão sobre “Assimetrias da Vigilância: racismo e sexismo”.

Saiba mais sobre o evento em: www.lavits.ihac.ufba.br

Salvador sediará o IV Simpósio Lavits: vigilância, gênero e raça

A LAVITS é a Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade. De 26 a 27 de junho organizará seu sexto simpósio com o tema Assimetrias e (In)Visibilidades: Vigilância, Gênero e Raça. As chamadas para trabalhos individuais, sessões livres, oficina e mostras artísticas estão abertas até o dia 15 de março. No caso dos trabalhos individuais, o envio no momento é apenas dos resumos (até 300 palavras) e os trabalhos completos aprovados deverão ser enviados até 30 de maio. Confira mais informações: