Entre 3 e 5 de dezembro acontecerá, na ESPM São Paulo, o sétimo Simpósio da ABCiber, associação brasileira de pesquisadores em cibercultura. O evento é o maior da área no Brasil e reúne conferências, mesas de discussão, grupos de trabalho e oficinas. Entre os painéis, teremos temas como “Comunicação, Mercado de Dados e Ações de Marketing na Web” e “Desafios da internet no Brasil em 2015: do Marco Civil à reforma dos direitos autorais”.
Os trabalhos aprovados já estão disponíveis no site e fiz uma seleção de alguns com temas, metodologias ou autores que interessam a mim e, possivelmente, aos leitores deste blog:
Visibilidade e reputação nos sites de redes sociais. A influência dos dados quantitativos na construção da popularidade a partir da percepção dos usuários Adriana Amaral
O presente artigo discute resultados de uma pesquisa explorat6ria sobre visibilidade e reputação em sites de redes sociais e a influencia de dados quantitativos na construção da identidade de cada usuario. A partir do uso de conceitos sobre visibilidade ereputação e suas aplicações no contexto dos sites de redes sociais, observamos como se da a percepção de um grupo de usuários a respeito do gerenciamento da sua própria reputação e da busca pela popularidade atraves da publicas:ao de conteúdo. Observamos a influencia de diferentes índices numéricos como curtidas, comentários e compartilhamentos, bem como valores qualitativos de influencia como interação e o tipo de conteúdo postado na busca por maior visibilidade. Dessa fonna, analisamos como os próprios usuários entendem essas noções e as utilizam em seu cotidiano. A pesquisa mostrou que, de fato, ha uma preocupação com certos índices numéricos ligados a popularidade e que os usuários adotam diferentes estrategias para gerenciar a forma como se apresentam nas redes sociais.
Reflexões sobre Privacidade e Vigilância na Era dos Computadores Vestíveis
Aline Corso
O objetivo deste artigo é refletir acerca dos questionamentos quanto à privacidade e vigilância surgidos a partir da popularização e utilização dos computadores vestíveis. A definição básica de computadores vestíveis é que estes são um tipo de computador que utilizamos em nosso corpo, como uma espécie de segunda pele, a fim de ampliar nossas capacidades motoras e cognitivas. O conceito de vigilância líquida, trazido por Bauman, é utilizado como norteador deste estudo, pois os computadores vestíveis são produtos da modernidade líquida. Como estratégia metodológica, aplicou-se um questionário online contendo situações hipotéticas, a
fim de analisar se existem preocupações relativas à vigilância e violação de privacidade ao dividir o mesmo ambiente que um usuário de computador vestível, em especial o Google Glass.
A gestão da comunicação organizacional na sociedade digitalizada: existem modelos em tempos de mídias sociais?
Bianca Marder Dreyer e Elizabeth Saad Corrêa
Este artigo refletirá sobre a viabilidade da proposta de um modelo de comunicação integrada digital como elemento norteador das estratégias de comunicação nas empresas. De forma específica, irá descrever modelos de comunicação e relações públicas que podem caracterizar formas de gestão nas organizações; e mostrar as características inerentes aos modelos para que possamos tentar encontrar os elementos fundantes de uma comunicação na sociedade digitalizada. Para isso, realizaremos um estudo teórico de modelos e autores que estudam a comunicação nas organizações, a comunicação digital e o relacionamento entre empresa e público para responder à pergunta: existem modelos em tempos de mídias sociais? A resposta positiva nos leva a possibilidade de pensar em uma proposta que contemple aquilo que encontramos como elementos de uma comunicação na contemporaneidade e que representam a gestão em tempos de mídias sociais.
Algoritmos e Palavras-Chave: componentes para a revisão de variáveis demográficas mediante indicadores de engajamento e influência em estudos de fãs de ficção televisiva
Claudia Freire
Resumo: revisão e problematização de variáveis demográficas aplicadas à pesquisa recepção
da ficção televisiva – sexo, faixa etária, região geográfica – diante de métricas e indicadores,
de engajamento e influência empregados para elucidar a produção de conteúdos gerados por
fãs de ficção televisiva nas redes sociais. O emprego de métodos automatizados, o do uso
ferramentas de monitoramento que auxiliam coleta e observação desses conteúdos,
frequentemente desvincula das atividades práticas de pesquisa a reflexão sobre condições de
input prescritas nos algoritmos bem como categorias resultantes nos outputs de software que
facilitam a composição e mineração de bancos de dados a partir de palavras-chave. O objetivo
é propor a discussão sobre variáveis e novas métricas aplicadas ao estudo da recepção
transmídia.
O consumidor e o engajamento da marca através dos selfies Daniella Yumi
A sociedade contemporânea ganhou mobilidade, está mais conectada do que nunca, mas preza cada vez mais por sua individualidade. No palco do ciberespaço avatares exibem seus pontos de vista e seus selfies buscando compor e mostrar sua identidade, provando não só sua existência, mas sua inclusão no mundo. O consumo é visto como um aliado nesse processo,
mas como as marcas podem atuar nesse território tão dinâmico que é o ciberespaço? Esse estudo é uma análise de referenciais teóricos e propõe uma reflexão sobre como o consumidor pode contribuir para o engajamento da marca através dos selfies. O ciberespaço, o autorretrato e a marca serão analisados sob a perspectiva de diversos autores como Lucia Santaella, Zygmunt Bauman e Andrea Semprini.
Internet, memória onipresente – Direito ao Esquecimento versus Direito à Informação Elisianne Campos de Melo Soares
namento em bancos de dados e servidores aumentou exponencialmente, confirmando a Lei de Moore (que previu que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada vinte e quatro meses) e a tese de que o avanço da tecnologia seria feito a passos muito largos. O ciberespaço tornou-se um lugar de memória eterna, pois a informação está sempre lá, repetindo-se ad infinitum, facilmente disponível para consulta e reprodução. Em alguns casos, o direito ao esquecimento choca-se com a liberdade de imprensa: até onde os meios de comunicação podem ir na investigação de crimes que envolvam figuras públicas, por
exemplo? O direito ao arrependimento mescla-se ao direito ao esquecimento em casos de infrações cometidas no passado; informações inconvenientes que tinham aparência irrelevante tempos atrás podem ser consideradas de suma importância em uma apuração jornalística de fatos do presente. Como discernir a tênue fronteira entre público e privado? Esse é um dos
questionamentos mais importantes envolvendo o direito ao esquecimento, mas também o direito à memória e à informação.
N=tudo: Reflexos da onipresença e onisciência em uma rede mediada por algoritmos Gihana Proba Fava
Este artigo pretende dialogar com os conceitos de Big Data e vigilância digital, para refletir sobre os rumos da comunicação digital, em um sistema que privilegia cada vez mais previsões algorítmicas para guiar comportamentos. Apresentamos o fenômeno
do filtro bolha, que ao se basear na dinâmica do profiling – a classificação de pessoas em nichos altamente segmentados – , extrapola tendências buscando traduzir o desejo futuro de cada usuário. Ironicamente, esse tipo de ação invasiva sofistica-se cada vez mais justamente devido ao caráter aberto e autônomo da rede, que permite ao usuário expressar seus hábitos, interesses e gostos a partir da Web 2.0. Não há limites aparentes para o cruzamento de dados no Big Data, já que os algoritmos podem tratar
qualquer dado disponível (n=tudo). Ao percorrer uma trilha de rastros deixados pelo usuário em aplicativos, e-mails, históricos de navegação, entre outros, a nova tecnologia de vigilância molda o usuário em moeda de troca para anunciantes e mais:
está limitando o seu repertório para aquilo que ele acredita ser sua personalidade. Seria esse o preço a se pagar pelos aparentes sentimentos de onipresença e onisciência
digital?
Astroturfing e suas aplicações na internet Heitor Pinheiro de Rezende, Luiz Alberto Beserra de Farias
A sociedade contemporânea recorre cada vez mais à internet, utilizando-a como aporte para consulta de informações sobre variados assuntos. Pessoas que se atêm ao universo digital constituem suas opiniões sobre um determinado fato, munidas de julgamentos coletivos oriundos das redes sociais estruturadas por internautas. Essas redes oferecem a colaboração em
massa para troca de dados sobre múltiplos temas, transformando as críticas dos participantes em mensagens e mensagens em conhecimento compartilhado. Nesse cenário insurge a dúvida sobre a veracidade das informações que circulam na internet. É possível crer, nas manifestações de usuários partidários ou contra setores que dependem do crivo da sociedade? Objetivando
elucidar a indagação, o presente artigo oferece estudos relacionados ao tema Astroturfing, assunto que contempla estratégias de manipulação da opinião pública na esfera on-line, objetivando favorecer uma instituição hermética.
O ciberacontecimento como estratégia de conteúdo para relacionamento nas redes sociais digitais: narrativas dos parceiros da FIFA sobre o jogo Brasil x Alemanha na Copa do Mundo Jonas Pilz
Esta pesquisa tem por intuito identificar como os patrocinadores da Copa do Mundo 2014, e parceiros da FIFA, enquanto atores sociais representados por perfis em plataformas de redes sociais digitais, processaram o ciberacontecimento relativo ao jogo Brasil x Alemanha. Para este fim, foi realizada uma observação dos perfis destas empresas, no Facebook e no Twitter, a partir do início do jogo até a última menção à derrota sofrida pela seleção brasileira por 7×1. Os dados obtidos permitiram compreender a constituição do ciberacontecimento, a partir do acontecimento do jogo, e corroborar dados divulgados pelo Facebook e Twitter sobre a quantidade significativa, e recordista, de publicações durante a partida. O conteúdo produzido por estas instituições, mediante à apropriação do acontecimento em rede, é processado como estratégia de relacionamento com seus seguidores.
Como eu me sinto quando: GIF animado e o cotidiano em trechos Ludmila Lupinacci Amaral
Este trabalho parte do conceito de audiovisual de acontecimento (TIETZMANN; ROSSINI, 2013) para tratar de produtos de entretenimento baseados na representação do cotidiano na web, e tem seu foco nos fragmentos de realidade apresentados através dos GIFs animados publicados no tumblr Como eu me sinto quando3. Parte de uma observação de que, muitas vezes, tendo em vista a diversão e o humor, são utilizados materiais pré-existentes como imagens-testemunho de situações cotidianas. O GIF animado incentiva à perda da totalidade do audiovisual e, fazendo uso deste formato, usuários amadores conseguem criar uma
representação fragmentada e divertida do seu cotidiano, em que trechos de conteúdo disponível adquirem diferentes significados a partir de recortes e remixagens, e da utilização de títulos e legendas que os recontextualizam.
Cores da Copa: ferramentas de visualização e análise das imagens compartilhadas no Twitter durante a Copa do Mundo de 2014 Tasso Gasparini de Souza, Fábio Gomes Goveia, Lia Scarton Carreira, Johanna Inácia Honorato, Lucas Oggioni Cypriano, Veronica A. Ribeiro Haacke, Willian Lopes
A Copa do Mundo 2014 foi um evento que causou uma grande movimentação nos sites de redes sociais. Buscando compreender melhor os fluxos que circulam nesses compartilhamentos e explorar outras possibilidades metodológicas para estudos com grandes volumes de imagens, o Labic criou o web aplicativo Cores da Copa, que traz visualizações interativas das imagens compartilhadas no período da Copa do Mundo. Neste artigo apresentamos o processo metodológico do projeto e propomos uma análise do significado dessas imagens como um registro das movimentações e dos eventos ocorridos na rede durante o mundial.
O sabor do saber: Uma análise da relação entre cafés, livros e redes sociais segmentadas através do Encontro dos Skoobers Tauana Mariana Weinberg Jeffman
O presente artigo propõe-se a compreender a relação entre redes sociais segmentadas, livros, leitores e cafés. Para tanto, busca abarcar o percurso histórico da relação entre cafés e livros/cultura, para, então, apresentar o objeto central da análise: o encontro dos skoobers, um dos interesses da tese da autora. Contudo, neste primeiro contato com o objeto, (que é observado pelo viés da etnografia), a ecologia das mídias de Marshall McLuhan e o mapeamento de Sara Cohen elucidam descobertas que já podem ser percebidas durante a trajetória da pesquisa.