Photo Icons – The Story Behind the Pictures Volume 1

photo-icons-the-story-behind-the-pictures-volume-1Os dois volumes de Photo Icons – The Story Behind Pictures cobrem a história da fotografia de 1827 a 1991. Escritos por Hans-Michael Koetzle, cada um dos livros traz  a história de 20 fotografias, em ordem cronológica.

O primeiro volume (1827-1926) começa com Niépce e Daguerre, passa por Nadar e finaliza com Man Ray. É uma edição da série Icons, da editora Taschen.

Para a fotografia de Jacques-Henri Lartigue, que também é capa do livro, o autor começa com o seguinte texto:

Automobile racing was a keenly watched spectacle at the turn of the 20th century. Roaring down the open highways, various makes of autors strove to demonstrate their performance ability. At the Grand Prix of the ‘Automobile Cluv of France’ in 1912, the young Jacques Henri-Lartigue succeeded taking a photograph that we interpret today above all as a metaphor of the speed of the technological age.”

As 10 páginas dedicadas a essa fotografia se compõem  (além da fotografia, é claro) de uma breve biografia de Lartigue, depois o texto estabelece os fatores históricos no qual a fotografia se insere, as condições de registro e finalmente o seu lugar na história da fotografia. E não deixou de citar a inserção dessa fotografia na revista Stern, sobre a qual assisti uma aula do prof. Benjamim Picado. Um excerto do blog de seu grupo de pesquisa:

“[…]precisamos considerar a fotografia, não apenas na sua constituição enquanto veículo de representação do que quer que seja, mas também como unidade de um discurso visual consideravelmente mais complexo: precisamos avaliar a função desta imagem nos contextos gráficos com os quais ela eventualmente negocia, procurando analisar os sentidos em que aqueles aspectos de sua modelação icônica podem aqui funcionar como índices de seu encaixe no universo gráfico da página. Alguns comentadores fazem apelo à dimensão “tabular” do espaço da página, de modo a atribuir uma função significante ao suporte impresso, função esta que passa a regenciar, inclusive, as apropriações da matéria icônica da fotografia, no contexto enunciativo propriamente dito das matérias jornalísticas.” [ler mais]

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Arte & Percepção Visual – Uma Psicologia da Visão Criadora, de Rudolf Arnheim

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Gestalt é uma palavra alemã “intraduzível”, algo como forma ou configuração. A psicologia da Gestalt (não confundir com um ramo da psicoterapia desenvolvido depois) começou a ser estabelecida no início do século XX. Arte e Percepção Visual é a maior obra que aplica os conceitos dessa corrente às obras de arte visuais.

Lançado em 1954 e consistentemente revisado em 1974, o livro de Rudolf Arnheim se mantém ao longo dos anos como bibliografia básica em cursos de artes, design e comunicação visual.

Sem nenhum rigor, poderia dizer que a psicologia da Gestalt (ou psicologia da forma) descobriu que “o todo é maior que a soma das partes”. Ou seja, uma experiência não pode ser definida pela enumeração de suas componentes. A apreensão da realidade é influenciada por algumas leis da mentes humana. Por isso a “visão criadora” do título. Cada pessoa organiza os estímulos que chegam através da visão por meio de leis comuns.

Quatro princípios da psicologia da Gestalt podem ajudar a explicá-los: tendência à estruturação; segregação figura-fundo; pregnância da boa forma; constância perceptiva. Todas se referam a tendência natural para a estabilidade.

Sobre a tendência à estruturação, as formas são agrupadas de acordo com semelhança e proximidade, na forma mais simples. A segregação figura-fundo é “fácil” de entender. Afinal, uma figura só existe inscrita em um fundo. Ou é possível ver um triângulo amarelo no fundo de mesma cor? Um experimento que causa algum desconforto é a clássica figura cálice-rostos.

arte-e-percepcao-visual-fig-42A pregnância da boa forma é uma característica da percepção humana que faz com que uma configuração qualquer seja percebida mais facilmente da forma simples e equilibrada. O exemplo ao lado é salutar? Pq vemos um triângulo e um retângulo, ao invés de uma forma irregular com 10 lados ou três formas diferentes? É a tendência pela “boa forma”. As coisas são “vistas” da maneira mais simples e fácil.

Tamanho, forma e cor tendem a se manter. Por isso, pelos mecanismos de compreensão da constância perceptiva, os seres humanos “ignoram” algumas mudanças puramente visuais, como a aparente mudança de tamanho de um objeto ao mover-se pelo espaço, as condições de iluminação em relação à cor, e a forma, em relação ao ângulo.

A minha descrição não passa de uma “pincelada” sobre o valor destas quase 500 páginas. O livro é dividido em dez capítulos: 1. Equilíbrio; 2. Configuração; 3. Forma; 4. Desenvolvimento; 5. Espaço; 6. Luz; 7. Cor; 8. Movimento; 9. Dinâmica; e 10. Expressão.

Cada capítulo possui de dez a vinte seções, abordando problemas como: Peso; Direção; O que é uma parte?; Projeções; Interação entre o plano e a profundidade; Consequências educacionais; Linha e contorno; Transparência; Sombras; A busca da harmonia; As revelações da velocidade; Experimentos sobre tensão dirigida; Composição dinâmica; Simbolismo na arte; etc etc etc.

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A compreensão da psicologia da Gestalt e a investigação realizada por Arnheim podem ser utilizadas para uma melhor prática do design gráfico, como no design de revistas, por exemplo. Já escrevi aqui sobre diagramação sequencial de revistas, usando como exemplo a revista Realidade #7. A imagem mostra como as leis da simplicidade, associadas à disposição espacial,  fazem com que os desenhos abaixo sejam lidos como um objeto em sucessão temporal.

joseph-brockmann-lpO LP ao lado, design de Josef Muller-Brockmann, por exemplo. Mesmo com essa sobreposição  de cores, simulando camadas transparentes (que está na moda, vejo em todo canto), as formas são compreendidas como círculos.

É claro que a maioria dos conceitos e descobertas da psicologia da forma são praticados naturalmente por todas as pessoas. Afinal, são variações de outras experiências humanas mais comuns e triviais (sem juízo de valor aqui). Mas, antes de serem a formulação de obviedades, a pesquisa, compreensão, discurso e debate contidos neste livro significam o refinamento da própria vida.

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Jornalismo Cultural, de Daniel Piza

jornalismo-cultural-daniel-pizaÉ triste como cada livro  sobre o tema ainda tem de bater naquela velha tecla “erudito x popular”, em uma época no qual esses adjetivos quase não tem mais razão de ser. Daniel Piza tem de abordar esse assunto, e o faz com êxito. Na página 45 de Jornalismo Cultural, cita uma pesquisa realizada pela Secretaria de Cultura de Belo Horizonte que incluiu entre suas perguntas: “Um filme de Steven Spielberg é cultura?”. Mais de dois terços dos entrevistados responderam “não”.

Esta dicotomia é uma das muitas que Piza aborda em seu livro. O nacional frente ao internacional também está em pauta. Assim como o abismo entre os cadernos diários e os suplementos semais. Não costuma existir equilíbrio entre a superficialidade dos cadernos diários ao academicismo dos suplementos semanais.

Em quatro capítulos, o autor passa por teoria, práticas e exemplos do jornalismo cultural. Revista e revisões, seção do primeiro capítulo, é uma das mais longas. Vai da Klaxon, do modernismo paulista, a publicações da internet, passando por Esquire e New Yorker. Os jornalistas e publicações brasileiras merecem uma seção à parte, em seguida.

Segundo uma entrevista dada à revista Imprensa #231, Daniel Piza escreve críticas literárias desde os 13 anos de idade. A dedicação e esforço foram recompensados. Passou pelos maiores jornais de São Paulo, e hoje é editor-executivo no Estadão.

Jornalismo Cultural faz parte da coleção Comunicação da Editora Contexto. São livros entre 100 e 200 páginas tratando de especialidades do jornalismo e da comunicação, geralmente escritos por profissionais com destaque atual. Este blog já resenhou o Jornalismo de Revista, de Marília Scalzo. Também constam nessa coleção, entre outros: Jornalismo Digital; A Arte de Fazer Um Jornal Diário; Assessoria de Imprensa; A Arte de Entrevistar Bem etc.

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O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60

o-design-grafico-brasileiro-anos-60-chico-homem-de-meloChico Homem de Melo é o organizador deste livro da Cosac Naify, que segue O Design Brasileiro Antes do Design, organizado por Rafael Cardoso. Desta vez são seis ensaios, contando com a introdução, que é extensa e repleta de exemplos e análises de designs.

Os dois ensaios seguintes são também de Chico Homem de Melo. O primeiro é  Design de Livros: Muitas Capas, Muitas Caras. Ao longo do texto o autor passa por vários designers, tipógrafos e ilustradores de capas de livros, como Moysés Baumstein, sobre o qual já escrevi neste singelo blog.

O outro é Design de Revistas: Senhor está para a ilustração assim como Realidade está para a fotografia. De título grandioso, é realmente um ótimo ensaio sobre duas revistas brasileiras antológicas, que puseram o melhor da ilustração e da fotografia a serviço do que existia de melhor em literário e jornalístico no país. No final do post, um trecho deste ensaio.

Rogério Duarte, designer baiano, é o tema do quarto texto, de Jorge Caê Rodrigues. Responsável por parte do discurso gráfico do tropicalismo, produziu as capas dos disco homônimos de Gilberto Gil e de Caetano Veloso de 1968. Também foi autor do clássico cartaz de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Jorge Caê Rodrigues também aborda um pouco – o suficiente -, da vida controvertida de Duarte, com informações necessárias para entender este artista polêmico.

André Stolarski escreveu o texto A Identidade Visual Toma Corpo, mostrando o estabelecimento de padrões de identidade visual em algumas empresas e produtos brasileiros, a partir da atuação de designers do porte de Alexandre Wollner, Cauduro Martino, Aloísio Magalhães e Ruben Martins.

Fechando o livro, De Costas Para o Brasil, O Ensino de Um Design Internacionalista é uma crítica contudente feita por João de Souza Leite sobre a replicação de modelos de ensino de escolas européias, como a Ulm, sem levar em conta as especificidades do Brasil.

É deste livro um trecho com o qual pretendo abrir a introdução do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Mesmo que eu frequentemente eu não concorde com algumas das idéias de Chico Homem de Melo (como a comparação com o cinema, como se a revista e a arte sequencial fossem posteriores à sétima arte), o texto abaixo toca em várias das muitas matérias significantes com as quais o designer de revistas tem de lidar:

A matéria sobre Arrelia é primorosa. Lembremos ser ele um palhaço terlevisivo, à frente de um programa dominical que permanceu décadas no ar. À inversão presente nos textos corresponde uma inversão análoga nas imagens: a postura sisuda e distante estampada no sóbrio preto-e-branco da primeira foto – quase uma pintura – é substituída pelo retrato colorido e acolhedor do palhaço. No canto, o passo-a-passo da transformação, na forma de um curto storyboard. A virada da página corresponde exatamente ao corte da cena.”

Já publiquei esta matéria em outro post, no qual escrevo sobre esta diagramação sequencial.

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O Design Brasileiro Antes do Design – Aspectos da História Gráfica, 1870-1960

o-design-brasileiro-antes-do-designMuitos consideram a criação da ESDI, em 1963, como o marco inicial do design brasileiro. Mas, apesar de que o termo “design” só foi utilizado no país a partir dessa época, algumas práticas anteriores evidenciam que a história gráfica do Brasil entre 1870 e 1960 apresentou inúmeras manifestações do que pode ser chamado hoje de design. É isso que Rafael Cardoso, organizador do livro O Design Brasileiro Antes do Design prova através dos ensaios selecionados.

O primeiro texto é A circulação de imagens no Brasil oitocentista: uma história com marca registrada, no qual Lívia Lazzaro Rezende escreve sobre desenho de marcas e embalagens no final do século XIX.

Em seguida, Do gráfico ao foto-gráfico: a presença da fotografia nos impressos, trata do início da utilização de fotografia em periódicos, revistas ilustradas e álbuns. Texto de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade.

A Maçã e a renovação do design editorial na década de 1920, no qual Aline Haluch escreve sobre esta e outras publicações lançadas no início do século, abre um miolo com cinco textos sobre design editorial.

O texto seguinte, de Julieta Costa Sobral, dedicado a J. Carlos, sobre o qual já escrevi neste blog. Do organizador Rafael Cardoso, O início do design de livros no Brasil. De Edna Lúcia Cunha Lina & Márcia Christina Ferreira, o texto Santa Rosa: um designer a serviço da literatura. Também em torno de um artista é o texto Ernst Zeuner e a Livraria Globo, sobre o artista alemão radicado no Brasil.

Em Os baralhos da Copag entre 1920 e 1960 Priscila Farias fala dessa indústria, que pede um design “invisível”:

“[…] o apego às tradições e o respeito a convenções estabelecidas historicamente são fundamentais para garantir a identidade e permanência dos jogos tradicionais. Some-se a isso a resistência de jogadores e fabricantes a aceitar novidades, justificada pelo fato de que certas mudanças poderiam incentivar ou favorecer a fraude, e o resultado é que podemos encontrar nas cartas de jogar, assim como na tipografia tradicional, registros visuais bastante precisos dos gostos e costumes de eras remotas.”

E, para fechar o livro, Capas de discos: os primeiros anos, de Egeu Laus. Neste blog já foi publicado um texto sobre César G. Villela.

O livro, publicado pela Cosac Naify, foi editado com várias sobrecapas diferentes. Por baixo destas, uma capa vermelha (acho que 75% dos livros sobre design tem capa vermelha) com fio tipográfico delimitando o espaço do título e nome do autor.

É um livro fascinante da primeira à última página. São 360 recheadas de ilustrações, com um projeto gráfico excelente. No ano seguinte a editora lançou O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60, organizado por Chico Homem de Melo, que será resenhado em breve. Por enquanto, leia o post sobre um dos ensaios.

Rafael Cardoso é um dos maiores historiadores do design, brasileiro ou não. Também é autor, entre outros livros, de Uma Introdução à História do Design.

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