As Revistas de Peter de Brito

Enquanto folheava as revistas Piauí, procurando diagramações memoráveis para usar de exemplos no meu TCC, encontrei Darcy Dias, personagem criado por Peter de Brito.  A figura, de nome andrôgino, está presente em 21 capas entre as páginas 53 e 55 do sétimo número da revista.

O artista utilizou a si próprio como modelo na exposição, de nome “Auto-Retrato”. Cada refere-se a uma revista famosa brasileira, de Veja a Playboy, passando por Cult e Vida Simples. Nesta última, Peter de Brito lidou bem com o fato de que as capas de Vida Simples nunca trazem figuras humanas, mas apenas um ou poucos objetos “simples”. Então, fez um recorte e tratamento de forma que sua imagem parecesse uma máscara.

auto-retrato-peter-de-brito

Imagem extraída do Dedidan

p.s: O Jorge Martins fez um comentário genial (ver abaixo) e ampliou o texto em seu blog, o Diário da Criação.

O Design Brasileiro Antes do Design – Aspectos da História Gráfica, 1870-1960

o-design-brasileiro-antes-do-designMuitos consideram a criação da ESDI, em 1963, como o marco inicial do design brasileiro. Mas, apesar de que o termo “design” só foi utilizado no país a partir dessa época, algumas práticas anteriores evidenciam que a história gráfica do Brasil entre 1870 e 1960 apresentou inúmeras manifestações do que pode ser chamado hoje de design. É isso que Rafael Cardoso, organizador do livro O Design Brasileiro Antes do Design prova através dos ensaios selecionados.

O primeiro texto é A circulação de imagens no Brasil oitocentista: uma história com marca registrada, no qual Lívia Lazzaro Rezende escreve sobre desenho de marcas e embalagens no final do século XIX.

Em seguida, Do gráfico ao foto-gráfico: a presença da fotografia nos impressos, trata do início da utilização de fotografia em periódicos, revistas ilustradas e álbuns. Texto de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade.

A Maçã e a renovação do design editorial na década de 1920, no qual Aline Haluch escreve sobre esta e outras publicações lançadas no início do século, abre um miolo com cinco textos sobre design editorial.

O texto seguinte, de Julieta Costa Sobral, dedicado a J. Carlos, sobre o qual já escrevi neste blog. Do organizador Rafael Cardoso, O início do design de livros no Brasil. De Edna Lúcia Cunha Lina & Márcia Christina Ferreira, o texto Santa Rosa: um designer a serviço da literatura. Também em torno de um artista é o texto Ernst Zeuner e a Livraria Globo, sobre o artista alemão radicado no Brasil.

Em Os baralhos da Copag entre 1920 e 1960 Priscila Farias fala dessa indústria, que pede um design “invisível”:

“[…] o apego às tradições e o respeito a convenções estabelecidas historicamente são fundamentais para garantir a identidade e permanência dos jogos tradicionais. Some-se a isso a resistência de jogadores e fabricantes a aceitar novidades, justificada pelo fato de que certas mudanças poderiam incentivar ou favorecer a fraude, e o resultado é que podemos encontrar nas cartas de jogar, assim como na tipografia tradicional, registros visuais bastante precisos dos gostos e costumes de eras remotas.”

E, para fechar o livro, Capas de discos: os primeiros anos, de Egeu Laus. Neste blog já foi publicado um texto sobre César G. Villela.

O livro, publicado pela Cosac Naify, foi editado com várias sobrecapas diferentes. Por baixo destas, uma capa vermelha (acho que 75% dos livros sobre design tem capa vermelha) com fio tipográfico delimitando o espaço do título e nome do autor.

É um livro fascinante da primeira à última página. São 360 recheadas de ilustrações, com um projeto gráfico excelente. No ano seguinte a editora lançou O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60, organizado por Chico Homem de Melo, que será resenhado em breve. Por enquanto, leia o post sobre um dos ensaios.

Rafael Cardoso é um dos maiores historiadores do design, brasileiro ou não. Também é autor, entre outros livros, de Uma Introdução à História do Design.

+Mais
– Veja preços de O Design Brasileiro Antes do Design
– Veja preços de Uma Introdução à História do Design
– Veja preços de O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60

Jornalismo de Revista – slides

Aprendendo a usar o slideshare, decidi postar os slides de uma apresentação que fiz com minha equipe na disciplina da Facom/UFBa responsável pela revista Lupa #6 (ainda não publicada).  Fui monitor matriculado e abandonei a disciplina por falta de tempo, mas cheguei a fazer esta atividade. É uma espécia de resumo do livro Jornalismo de Revista, de Marília Scalzo, com comentários e exemplos complementares não presentes no livro. O blog já possui uma resenha uma resenha. Abaixo, depois dos slides, algumas considerações sobre alguns dos slides que escolhemos.


Slides:
1. Capa do livro.
2. Duas revistas de sucesso de público e de crítica, mas que fecharam. A Realidade é inspiração até hoje.
3. Três das primeiras “revistas ilustradas”, da França e Inglaterra.
4. Série de capas para a Para Todos… feitas por J. Carlos em 1927.
5. As três características definidoras do que é uma revista, segundo Scalzo. Capa da Muito, suplemento do A Tarde, e capa do novo design do Correio*, apontado por muitos como uma “revistização” do jornal.
6. Três revistas customizadas para empresas. Uma telefônica, uma de aviação aérea e de uma loja de luxo.
7. Características do bom jornalista de revista.
8. Capas da Veja, utilizando a força de uma figura política e religiosa.
9, 10 e 11. Capas da Esquire, Vida Simples e Nova, mostrando a estrutura das capas: como o projeto gráfico faz uma capa facilmente reconhecível.
12. Capas da revista Fraude, que utilizam o conceito de “reapropriação” de oturos produtos culturais.
13. O design gráfico cambiante da Ray Gun.
14. Especificidades da pauta no jornalismo de revista.
15. Imagem 1 (superior esquerda): conservadorismo necessário no semanário de informação Veja. Imagem 2 (sentido horário): única utilização de elementos por baixo do texto na Muito, por causa da referência às marcas de café, passíveis de acontecerem “naturalmente” no objeto-revista. Imagem 3: dupla preenchida totalmente por infográfica, na Super Interessante. Imagem 4: ênfase na significação da colagem feita pelo designer, na Inversus.
16. Clássica dupla feita por David Carson, também na Ray Gun. Em entrevista “desinteressante”, trocou todas as letras por caracteres Zapf Dingbats. Mas o radicalismo não foi tão extremo. No final da revista, em corpo de texto minúsculo, a entrevista em caracteres legíveis.
17. Dois usos “ideológicos” da gestualidade na fotografia. Careta de Lula na Veja, careta de Alckmin na Brasil.
18 e 19. Uso da diagramação sequencial na revista Realidade.
20 e 21. Exemplos de infográficos.
22, 23 e 24. Ética no jornalismo de revista
25. Reposicionamento da Capricho

+ Mais
– Leia a resenha de Jornalismo de Revista
– Veja preços de Jornalismo de Revista

Eliseu Visconti – Caixa Cultural de Salvador

eliseu-visconti-bibliotheca-nacional-do-rio-de-janeiroDe nascença, Eliseu Visconti é italiano. Nasceu em Giffoni Valle Piana em 1866. Muito cedo, entretanto, veio para o Brasil com os pais. Depois de estudar  no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, conseguiu uma bolsa e foi estudar na França, passando pela École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts e pela École Guérin. Lá foi aluno de Eugène Grasset e conheceu a Art Nouveau. De volta ao Brasil, foi um dos introdutores deste estilo em ilustração, decoração, design gráfico e pintura.

Sua obra mais conhecida é a decoração do Theatro Municial do Rio de Janeiro. Até 8 de março a reprodução destes paineis mais trabalhos de Eliseu Visconti em pinturas, cartazes, ex-libris, selos, capas de revista, cartões, cerâmica e decoração estarão expostos na Caixa Cultural de Salvador , na exposição Eliseu Visconti – Arte e Design. A curadoria é de Rafael Cardoso, historiador do desgin brasileiro e organizador do livro O Design Brasileiro Antes do Design.

A exposição já passou pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, em 2008. Neste ano, depois de Salvador, tomará lugar em Brasília.

A entrada é franca. O espaço está aberto de terça a domingo, das 9h às 18h e fica na Carlos Gomes, n°57.

+ Página sobre Eliseu Visconti
+ Veja preços de O Design Brasileiro Antes do Design

Clix

A revista Clix já está em seu segundo número. “Imagens, imagens, imagens”: entre suas 68 páginas, uma seleção do que há de melhor na web, visualmente falando. Todas as artes visuais e suportes possíveis marcam presença, como fotografia, ilustração, design gráfico, grafitti, embalagens etc etc etc.

O primeiro número traz  fotografias do trabalho literalmente visceral do Carioca Studio (da Romênia!).  Em tempos de nova potência mundial, uma resenha do livro Graphic Design in China. Fechando a revista a coluna “P.S.”, do coletivo Cia de Foto, nesse primeiro número se debruça sobre a própria Clix, deixa a desejar. A imagem abaixo é a dupla  “Caixa de Ferramentas” com dois convidados engenheiros escrevendo sobre transmissão de imagens até a fase atual, digital.

clix-1-caixa-de-ferramentas

Clix #2 – Neste número, um texto interessante sobre a nomeção de obras de arte. Na seção “Tudão”, de dicas de sites e blogs, Marcelo Daldoce, sobre o qual já escrevi por aqui. A coluna “P.S”, dessa vez, está bem melhor escrita e discorre sobre o documental na fotografia. A imagem abaixo é uma dupla da matéria sobre Fred Einaudi, artista da capa.

clix-2-fred-einaudi

Para fazer uma criticazinha, senti a falta da opção de download. Não gosto desse sistema específico de publicação (a navegação é ruim) e preferiria ler em pdf. Responsável pela revista, a empresa de conteúdo Sixpix também produz várias publicações (entre outros produtos) disponíveis na internet, como a Pix, a ResultsOn e PixTrends.