Skoob e O Livreiro: Davi e Golias dos SRS de livros no Brasil

Esta semana o jornalista Breno Fernandes entrou em contato comigo para me pedir a opinião sobre o Skoob, O Livreiro e o Trocando Livros. Os dois primeiros são sites de redes sociais brasileiros de nicho. Voltados a troca de experiências, resenhas e media tracking de livros, representam duas iniciativas com um objetivo semelhante mas que são bastante diferentes no que se refere ao tipo de iniciativa, recursos e modos de colaboração.

jornal a tarde 25-11-09 skoob o livreiro

A partir da pesquisa, apuração e fontes, o texto publicado no Jornal A Tarde (Bahia) de hoje utiliza a referência à história dos personagens bíblicos Davi e Golias em um intertítulo. Enquanto O Livreiro é patrocinado pela Livraria Cultura e começou com uma base de dados de mais de 2 milhões de livros, o Skoob foi concebido e é mantido por dois jovens. Viviane Lordello, webdesigner e RP do Skoob, respondeu entrevista do jornal e explica as razões do sucesso do SRS. Hoje, possui 46 mil usuários. O Livreiro ainda conta com apenas 24 mil.

O jornalista selecionou a parte transcrita a seguir de minha análise dos sites, em que exponho os fatores que acredito serem causa do sucesso do “Davi”:

O Skoob, que surgiu antes do Livreiro, é uma iniciativa que traz muito de crowdsourcing. Se você tem aquele livro do aquele autor super obscuro que só você conhece, a página do livro pode ser criada e adicionada à sua “estante”. No Skoob, os usuários “comuns” participam muito mais ao cadastrar seus livros. Mas, especialmente nos primeiros dias do site, isso era um problema. Nem todo usuário de internet é produtor de conteúdo (seja por vontade, seja por falta de tempo) disposto a colocar as informações dos livros.

O projeto de O Livreiro traz problemas justamente por sua pretensão possibilitada pelos recursos financeiros. A base de dados é grande demais e o sistema de busca ruim. Para achar um livro específico, a busca resulta em centenas de livros, de todas as línguas e, muitas vezes, sem capa . As metáforas visuais (elementos em formato de livro, backgrounds simulando papel) são démodé, de uma internet da década de 90. Não bastasse o mau-gosto, não são práticas: resultam em um site mais pesado de abrir. O Skoob, por sua vez, tem uma interface limpa, própria da web e uma arquitetura da informação que permite interações mais fáceis e freqüentes com os amigos leitores.

O Livreiro – Conheça o Livreiro

O Livreiro: a comunidade para quem gosta de livro

No início do ano, produzi um relatório sobre Comércio Eletrônico e Mídias Sociais, e identifiquei uma tendência no avanço do uso de conteúdo gerado pelo usuário a uma nova etapa de envolvimento. A livraria Amazon, referência no assunto, sempre teve dois pilares básicos para seu sucesso: uma logística tremenda e uma interface que dava poder aos visitantes e compradores escreverem suas próprias resenhas e melhorar as informações de seus produtos. Assim, os usuários poderiam conhecer melhor os livros para comprar – ou desistir de comprar, a depender das informações -, e a Amazon ganhava em visitas, posicionamento nas buscas e prestígio = mais lucro.

O avanço no uso do conteúdo gerado pelo usuário a que nos referimos era passar das recomendações, notas e resenhas para uma maior integração às mídias sociais, incluindo a criação de mídias sociais exclusivas da amrca. Há menos de um ano, foi criada a mídia social de nicho de consumo Skoob, na qual os usuários cadastram seus livros. Sem muito investimento, o Skoob faz um relativo sucesso com a ajuda dos usuários cadastrados, mas ainda não passou dos 25.000 perfis.

O Livreiro- a comunidade para quem gosta de livro

Entretanto hoje, 01 de julho, foi lançado “O Livreiro: a comunidade para quem gosta de livro“, com o apoio da Livraria Cultura. Os usuários, ao invés de ter de cadastrar os livros, terão acesso a uma base que já contêm 2,2 milhões de livros. O Livreiro possui as ferramentas que o Skoob, ferramentas de redes sociais como comunidades e um diferencial pra fechar o pacote com grande estilo: escritores e críticos profissionais contratados para criar conteúdo exclusivo.

Estou começando utilizar agora O Livreiro (meu perfil), mas a Livraria Cultura está de parabéns. Entendeu que o consumidor usuário de internet não se satisfaz apenas com a oferta dos produtos, mas quer mais informações, experiências sociais e se expressar. Vamos acompanhar e ver como se desenrola.