Neurociência, Biométrica, Pesquisa de Marketing e Publicidade

No evento Neuroscience, Biometrics and MR, Cristina de Balanzó (TNS Global) e Helen Rowe (TNS RI-UK) apresentaram um webinar chamado Neuroscience explained. As pesquisadoras falaram sobre as bases da aplicação da neurociência para a pesquisa de marketing, especialmente na avaliação e otimização de campanhas publicitárias.

Primeiro, a divisão entre o racional e o emocional, cartesiana, é criticada. Citando Damasio, Balanzó explica com o gráfico abaixo que, na verdade, o pensamento racional está inserido dentro do emocional. A imagem é adaptada do trabalho The Advertised Mind de Du Plessis, 2005.

O processo de tomada de decisão é baseado nessa interação entre o emocional e o racional. Balanzó explica que o cérebro é dividido em “proto-reptilian brain”, “old cortex (limbio system)” e o “neocortex”. A grosso modo, o primeiro é associado a atividades de auto-preservação, o segundo a regulação de emoções e o terceiro a tomada de decisões. Para ler mais sobre essa divisão, Balanzó recomenda Paul MacLean.

Para a perspectiva da neurociência, estes âmbitos do cérebro não são tão separados e o racional não domina. Houve uma mudança de paradigma com a “revolução emocional”, colocando as emoções novamente como fatores decisivos no comportamento.  Para a neurociência, “usamos instinto quando estamos processando informação e tomando decisões, “somos capazes de criar explicações, mas essas são geralmente pós-racionalizações” e socialmente não nos é permitido “explicar nossas motivações de um modo agregado – ‘o que sinto que é certo'”.

Uma marca no cérebro é apenas uma rede de neurônios trocando energia, uma rede de memória. Dessa forma, precisamos considerar alguns elementos que a neurociência pode explicar: a influência da plasticidade do cérebro; o papel do insconsciente; emoção como uma resposta biológica mensurável; e a complexidade e subjetividade da memória.

Nesse novo cenário, é preciso entender o novo paradigma criado a partir dos insights da neurociência cognitiva: no processo sentir > fazer > pensar, a pesquisa de marketing tem buscado entender o quê as pessoas fazem e sentem através de questionários, surveys e outros métodos. A neurociência seria capaz de explicar também o quê as pessoas sentem.

Helen Rowe fala sobre as principais oportunidade da neurociência no setor da publicidade. O gráfico abaixo mostra a interrelação de diversas métricas coletadas por dispositivos como GSR, EEG e eye tracking. A “Ativação” busca mostrar a excitação cerebral relacionada a determinadas partes e elementos de um vídeo publicitário. A “Relevância” mede o engajamento emocional e cognitivo com uma mensagem ou marca. A “Atenção” escaneia para onde o usuário está olhando, para avaliar quais são os elementos que chamam mais atenção.

Utilizando um exemplo de anúncio de salgadinhos, Rowe mostra e explica como diferentes níveis de reações dos participantes da pesquisa podem ser avaliados. Dessa forma, é possível avaliar branding, narrativas dos anúncios, elementos visuais etc.

Fechando a apresentação, Balanzó lista cinco mensagens-chave para a compreensão da importância da neurociência.

– Satisfazer as necessidades dos consumidores no nível emocional é a chave para branding de suceso
– O uso de biométrica permite chegar aos públicos-alvo através do entendimento de um panorama completo das conexões emocionais no relacionamento marca-consumidor
– Neurociência está oferecendo novos insights no nosso entendimento de reações emocionais inconscientes
– Neurociência é uma adição – não um substituto – para métodos de pesquisa de marketing tradicionais
– As pontes entre ciência e prática de negócios estão sendo construídas para entender melhor o consumidor

Por fim, são responsáveis ao falar de que devemos ser cuidadosos uma vez que esta ciência ainda está em fase de descobertas e ainad existe muito que não sabemos sobre o cérebro.

Em breve mais resuminhos sobre webinars do NewMR e outros eventos. Estude, acesse, produza, compartilhe e não esqueça de se inscrever para o próximo evento sobre Etnografia.

E-book “Comunicação e Marketing Digitais”: lançamento na Abrapcorp

O e-book “Comunicação e Marketing Digitais” é uma coletânea organizada por Marcello Chamusca e Márcia Carvalhal, profissionais baianos de relações públicas. Será lançado no dia 06 de maio, no ccongresso da Abrapcorp. Convidado pelo Chamusca, escrevi com a Renata Cerqueira um artigo sobre métricas para mídias sociais. Com o título “Mensuração em Mídias Sociais: quatro âmbitos de métricas”, reunimos alguns debates sobre o tema e nossa abordagem – que pode ser vista de forma resumida no slideshow “Métricas para Mídias Sociais“.


Comunicação e Marketing Digitais


Ao todo são nove artigos divididos em três seções: aspectos conceituais e práticos; métricas; inovações. Marcel Ayres, Aline Bessa e Danila Dourado são responsáveis pelo artigo “Netnografia e Coolhunting: identificando aspectos comportamentais e tendências nas Mídias Sociais”, que também sistematiza algumas reflexões engendradas no contexto de nossa agência. Entre os outros artigos, contribuições de Martha Gabriel, Mirna Tonus e Patrícia Moura reiteram a qualidade da publicação.

Leia o prefácio, por Paulo Nassar, e a apresentação escrita pelos organizadores, no blog Ciberpúblicos.

Aulas do curso Gestão Avançada em Mídias Sociais: Mensuração e Métricas

No último sábado tive o prazer de dividir com Marcel Ayres as aulas do segundo dia do curso Gestão Avançada em Mídias Sociais, evento produzido pela PaperCliQ + Trespontos. Falamos sobre as bases da mensuração, dezenas de ferramentas de mensuração e análise, passos para um bom plano de mensuração e os exercícios foram muito interessantes: os alunos, que lotaram a sala, pensaram ótimas soluções para os problemas apresentados.

Veja as fotos do curso no Flickr da PaperCliQ e, mais abaixo, confira as apresentações. Em breve, o curso será levado para Aracaju e outras cidades do Brasil:

Curso Gestão Avançada em Mídias Sociais

12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2011 – parte 3

Na terceira parte da série de posts com dicas de livros para 2011 (veja parte 1 e parte 2), mais dois livros sobre mensuração e um livro sobre inteligência competitiva.

Marketing Metrics – The Definitive Guide do Measuring Marketing Performance, dos autores  Paul Farris, Neil Bendle, Philip Pfeifer e David Reibstein é uma edição revisada e lançada em 2010 do livro Marketing metrics: 50+ metrics every executive should master. Este já foi lançado em português, com o título Métricas de Marketing – Mais de 50 Métricas que todo Executivo deve Conhecer.

São métricas de marketing, e não apenas de comunicação. Os autores explicam e discorrem sobre share of heart, mind e market, falam de ROI financeiro, lucratividade por consumidor/cliente, estratégias de precificação, promoção entre outros temas. Ainda propõe um sistema de métricas para avaliar diversos fatores, inclusive a relação entre decisões e objetivos. Pode ser um pouco mais complicado para quem vem de algumas áreas, mas vale o esforço.

Does Measurement Measure Up? é um curioso livro com uma interrogação no título. A pergunta feita por John M. Henshaw é necessária para uma compreensão mais aprofundada da mensuração e, consequentemente, uma aplicação mais acertada. A visão crítica do autor é exemplificada desde o subtítulo: “How Numbers Reveal and Conceal the Truth” (Como os Números Revelam e Escondem a Verdade). Publicado em 2006, começa com três capítulos que falam da história da mensuração, do porquê as coisas são mensuradas, definição de escalas, padrões, medidas e rankings. Em seguida, diversos capítulos tratam do tema em várias esferas da vida, como negócios, esportes, inteligência e clima. Finalizando o livro, os últimos capítulos falam do papel dos computadores nisto tudo, a relação entre mensuração e conhecimento e, por fim, o futuro da mensuração.

Competitive Strategy – Techniques for Analyzing Industries and Competitors, do famoso Michael Porter – que possui diversos livros sobre estratégia e inteligência competitiva – é um clássico. Reeditado diversas vezes em várias línguas, possui versão em português.

São 16 capítulos organizados em três partes: Técnicas Gerais de Análise; Ambientes Genéricos de Setores; e Decisões Estratégicas. Porter apresenta e detalha neste livro seu famoso modelo das “5 Forças Competitivas”: Concorrência, Entrantes Potenciais, Compradores e Substitutos (veja apres. sobre o modelo). Entre as diversas aplicações do livro, o capítulo “Estratégia Competitiva em Setores Emergentes” é fabuloso para entender como competir no mercado da comunicação digital.