Como estudar audiências televisivas com as mídias sociais?

Em outubro aconteceu na Universidade Federal Fluminense o I Congresso TeleVisões, que reuniu centenas de pesquisadores que estudam narrativas seriadas como novelas e séries, representações e identidade nos produtos, novas mídias, convergência, mercado televisivo, mídias sociais, fãs, cultura sonora e outras temáticas relevantes.

Eu e Eloy Vieira, pesquisador doutorando na Unisinos, submetemos ao evento artigo que apresenta metodologia para o estudo de fãs no Twitter, com aplicações possíveis a diversos tipos de públicos e audiências. Depois da contextualização dos estudos sobre fãs nas mídias sociais, propomos 4 etapas (entrada, planejamento, análise e apresentação) que vão da imersão no tema e escolha inteligente de keywords e modos de observação até a construção de personas e visualização de resultados.

O artigo chama-se “Fãs, Consumo Cultural e Segunda Tela: proposições metodológicas acerca das audiências no Twitter

Resumo: O presente artigo organiza procedimentos metodológicos para o estudo de hábitos e características comportamentais de fãs imersos no fenômeno da segunda tela. Para isso, partimos do conceito de cultura da convergência, que engendrou estudos de comunidades de fãs (JENKINS, 2009) e então apresentamos uma proposta que visa compreender as imbricações entre fãs e segunda tela no Twitter a fim de atender demandas acadêmicas e mercadológicas acerca deste assunto. A proposta é construída a partir da coleta de dados baseadas em um arranjo quali-quantitativo de Análise de Redes Sociais e prevê quatro fases: Planejamento, Entrada, Análise e Apresentação.
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12 Livros para o Profissional em Comunicação ler em 2014 – parte 3

Começando 2014 com a continuação das dicas de livros para serem lidos pelos profissionais de comunicação. Se você não está acompanhando a série de dicas, é só dar uma olhada nas partes 01 e 02. Nesta postagem três livros lançados em 2013, com discussões e debates fresquinhos sobre métodos digitais, circulação de informações digitais e jornalismo digital.

digital methodsDigital Methods, de Richard Rogers, discute os métodos digitais de pesquisa na internet. O ponto de vista do autor é de um professor e pesquisador que busca materializar seus problemas de pesquisa em soluções de pesquisa (que geram mais problemas fascinantes): o seu grupo de pesquisa é responsável por diversos softwares de pesquisa como o Issue Crawler, um “rastreador online de controvérsias” e membro do convênio de pesquisa Mapping Controversies. O Digital Methods Initiative é responsável por tais softwares, ampla bibliografia sobre o tema e cursos de pós-graduação e extensão em métodos digitais.

No livro, segundo do autor, que já lançou Information Politics on the Web, além de uma interessantíssima discussão sobre a história e estado dos métodos digitais, os capítulos seguintes tratam dos links e políticas do espaço web, websites como objetos arquiváveis, estudos nacionais de web, pós-demografia nas mídias sociais e conclui com um capítulo de título bastante preciso: After Cyberspace: Big Data, Small Data. O seguinte trecho resume bem a posição de Rogers e seu grupo de pesquisadores: “a questão não é mais o quanto da sociedade e cultura está online, mas sim como diagnosticar mudanças culturais e sociais através da internet”.

popular culture and new mediaPopular Culture and New Media: The Politics of Circulation foi publicado pelo professor e pesquisador de sociologia digital David Beer. O autor, que ensina na Universidade de York, divide seus interesses de pesquisa em cultura e música digital, circulação de informações e redes sociais. Nesta amálgama, produziu nos últimos anos interessantes discussões sobre sociologia digital, ferramentas de pesquisa e redes sociais online.

O livro é composto de cinco capítulos sobre, respectivamente, Objetos & Infraestruturas, Arquivamento, Algoritmos, Data Play e Corpos & Interfaces. Todos os capítulos giram em torno da centralidade das circulações de dados e informações digitais na cultura popular contemporânea. Neste sentido, o capítulo sobre Data Play é o mais interessante, ao abordar como a participação em ambientes como mídias sociais cria, além de by-product data, também dados que voltam à cultura de forma recursiva, através de uma crescente cultura da visualização e manejo de dados por diversão.

Capa_Jornalismo de revista_curvasO livro Jornalismo de Revista em Redes Digitais, organizado por Graciela Natansohn, reúne 9 artigos sobre o tema, procurando responder, junto a outras questões: o que define uma revista digital? São textos sobre formato e tipologia das revistas digitais, análise dos usos e apropriações, elementos e estudos de caso.

Entre os artigos estão “Revistas On-Line: do papel às telinhas”, escrito por Graciela Natansohn, Rodrigo Cunha, Samuel Barros e Tarcízio Silva, que discute as tecnologias, formatos e suportes dos produtos jornalísticos etiquetados como revistas digitais, “Do Armazem à Amazon: uma proposta de tipologia das revistas digitais através dos gêneros jornalísticos”, de Marcelo Freire, que propõe uma tipologia das revistas e textos como o “Diseño de nodos iniciales en revistas on-line: una propuesta metodolológica”, de Ana Serrano Tellería, que traz uma ficha de análise bastante útil para os profissionais da área. A Tellería é apenas uma das autoras internacionais na publicação, que conta com os reconhecidos Carlos Scolari e Javier Diaz Noci, respectivamente da Universidade Católica di Milano e Universidade Pompeu Fabra.

Em breve, o último post da série. Desta vez farei diferente e indicarei 3 livros que ainda não li, mas estão na minha lista para este ano.

Planejamento de Projetos Digitais

No último dia 11, participei do Workshop Planejamento de Projetos Digitais, por Diego Rydz do SetWeb Institute. As quatro horas de curso trataram de metodologias de desenvolvimento de projetos (PMI, Metodologia Moebius, Metodologia SetWeb), dando ênfase a projetos de sites.

Os módulos do curso foram: Projetos Digitais; Metodologia para Projetos Digitais; Planejamento de Projetos Digitais; e Métricas de Resultados. No primeiro módulo, um panorama geral sobre projetos digitais. No segundo, foram apresentadas as principais metodologia, como a Moebius, apresentada abaixo.

metodologia moebius

Em seguida, o workshop foca no planejamento em si, detalhando cada fase da metodologia própria da SetWeb, com algumas considerações sobre as outras metodologias. As ferramentas de Briefing, Cronograma, Planejamento de Layout, Arquitetura de Informação, Desenvolvimento de Layout, Planejamento e Desenvolvimento de Páginas  Internas seguem a partir daí. Especialmente o que tange o relacionamento com o cliente e as técnicas utilizadas nas nas negociações e desenvolvimento conjunto foi destrinchado.

Na parte de métricas, foram apresentadas algumas formulações interessantes.  Sempre o que vai falar mais alto para um cliente é o valor ganho ou economizado. No caso de relacionamento com o visitantes, mesmo com o desenvolvimento da coleta e apresentação de métricas de interações sociais, estas ainda são um pouco intangíveis financeiramente falando. Mas o worskshop usou o exemplo de um Call Center da Brastemp que conseguiu otimizar os custos de contatos com o consumidor, uma vez que o custo de contato via web é bem menor que o 0800.

Esse foi o papel de tipos de mensurações que ultrapassam as básicas (visitas, exibições, tempo de navegação etc). Os chamados Pontos de Interação Comuns, Touchpoints e iROI. O primeiro são os “conjuntos de pontos que remetem a um processo que envovle o back office ou a equipe de administração do site”, euquanto Touchpoints são os triggers de alguma funcionalidade que gera receita ou corte de custos, como no caso da Brastemp. iROI, que não vem de return over investment, é a relação da oferta vs de,amda = soma das interações e touchpoints divididas pelo total de visitantes em um período, e que representa a efetividade de um site.

Em tempos de mídias sociais e marketing de buscas, é bom relembrar a importância do planejamento da identificação mais básica e essencial de uma marca na internet: seu próprio site. Mesmo que seja apenas a ponta do iceberg da presença digital, ainda continua a ser o que está acima do nível do mar, muitas vezes revolto.

Elementos de Semiótica Aplicados ao Design, de Lucy Niemeyer

elementos-semiotica-aplicados-designO livro Elementos de Semiótica Aplicados ao Design está na sua segunda edição pela 2AB Editora. Lucy Niemeyer, professora da ESDI, acredita que “não basta algo ser formalmente agradável, ser funcional, prover uma boa interface. É mister também o produto portar a mensagem adequada, ‘dizer’ o que se pretende para quem interessa”.

Para tanto, apresenta neste livro todos os conceitos e ferramentas semióticas básicas para um designer alcançar aquele objetivo. O livro é dividido em:

1. Sucessivos e cumulativos requisitos no design
2. Design e comunicação
3. Elementos de semiótica
4. Semiótica aplicada ao projeto de design
5. Signo
6. Dimensões do produto
7. Identidade do produto
8. Referências no produto
9. Proposta de uma abordagem semiótica do projeto de design

A semiótica é a teoria geral dos signos. Segundo um de seus fundadores, Charles S. Peirce, o signo é algo que representa alguma coisa para alguém em determinado contexto. Meio confuso, né? Essa disciplina é um dos primeiros horrores dos estudantes de Comunicação. Mas, na medida em que a análise semiótica vai sendo compreendida, pode ser uma ótima ferramenta na produção de conteúdo comunicacional, seja em design ou não.

Nos últimos capítulos a autora aplica a semiótica às especificidades do design, no que constituiu a parte mais suculenta e nova para mim. Por exemplo, no sexto capítulo, a autora escreve sobre as dimensões material, sintática, pragmática e semântica do objeto. No oitavo escreve sobre o caráter referencial do produto (…representa alguma coisa para alguém…), dividindo-as em referências icônicas, indiciais e simbólicas, por meio da forma, material, cor, marcas, cheiro, toque, posições e posturas etc etc.

Niemeyer finaliza o livro com um capítulo dedicado a propor uma abordagem semiótica do projeto de design. Para tanto, estabelece um “passo-a-passo” (se é que esse termo está à altura) de como o designer produz, usando a semiótica como ferramenta, um objeto que atenda bem às demandas comunicacionais.

Enfim, se provavelmente não consegui me fazer entender (como dizem que o professor de semiótica daqui não consegue, estou satisfeito), vale a pena dar uma olhada no livrinho de 80 páginas.

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