III ABCiber

simposio nacional abciberO III Simpósio Nacional ABCiber é “uma iniciativa da ABCiber – Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, entidade científico-cultural, interdisciplinar, de âmbito nacional, sem fins lucrativos.” Este ano acontecerá na ESPM entre os dias 16 e 18 de novembro, e está sendo organizado pelo organizado pelo Grupo de Pesquisas em Comunicação e Práticas de Consumo.

Hoje (ontem) saígits-ufbaram os artigos aprovados para apresentação. O Grupo de Pesquisa em Interação, Tecnologia e Sociedade, do PPGCCC-UFBa, que venho frequentando, teve três trabalhos selecionados:  Interacionismo Simbólico e Comunidades Virtuais, de Ruan Brito; Compartilhamento de fotografias na web: reflexões a partir da perspectiva do interacionismo simbólico, de José Carlos Ribeiro e Vítor Braga Gomes; e Jogos e o Fluxo de Capital Simbólico no Facebook: um estudo dos casos Farmville e Bejeweled Blitz, de Thiago Falcão, Tarcízio Silva (aka eu) e Marcel Ayres.

Entre os outros trabalhos (cuja lista pode ser acessada no site do evento) que provavelmente interessarão aos leitores deste blog, estão: Rede social, política e mídia: da esfera pública à esfera privada na Internet, de Aparecida Zuin; O merchandising no ciberespaço: transformando o consumidor em mídia e produto, de Jacy Braga; O blog corporativo e as redes sociais estabelecem um novo paradigma de comunicação nas organizações no ciberespaço?, de João de Carvalho; Redes sociais, buzz e propaganda, de Laryssa Farias, Marília Ferreira e Karla Patriota; e A publicidade e os recursos da realidade aumentada, de Hugo Santos, entre outros. Provavelmente em breve, os artigos estarão disponíveis para leitura. Vale visitar o site e ver as outras categorias do evento, que também trará workshops, performances e exposições.

A web social na visão da Zynga

A Zynga é a desenvolvedora de jogos sociais como Farmville e Cafe World, sobre os quais já escrevi aqui. O Inside Facebook acabou de publicar um artigo com uma apresentação do CEO da Zynga, Mark Pincus, sobre a web social. Concordo com a apresentação, que fala de uma terceira fase da web como sendo caracterizada pela “app economy”. Exageraram um pouco sobre “mudar o mundo”, usando como exemplo o item especial em Farmville que tem suas compras revertidas para alimentar crianças haitianas, mas é interessante. Veja abaixo:

(link via @raquelrecuero)

Café World, da Zynga: de 0 a 8,6 milhões de usuários em uma semana

Zynga é o desenvolvedor de jogos sociais (um tipo de aplicativo social) para Facebook. Desenvolveu, por exemplo, o Mafia Wars e o Farmville. Sites como o Inside Social Games estão observando e analisando as estratégias de lançamento e crescimento de seus jogos. Este site acabou de publicar um artigo sobre o efeito que o lançamento de Café World tem no mercado de jogos sociais como um todo.

café world

A maioria dos jogos da Zynga são acusados de plágio por outras empresas desenvolvedoras. O Inside Social Games não concorda com essa alegação, entretanto reconhece que são jogos baseados em outros já existentes, mas com diferenças e melhoramentos consideráveis. O artigo traz gráficos mostrando que o lançamento de novos jogos da Zynga derrubam o acesso a jogos de outros desenvolvedores. Como a Zynga está arrecadando centenas de milhões por ano, investe também centenas de milhões em anúncios por todo o Facebook. Isso, além dos anúncios em seus próprios aplicativos. O artigo analisa implicações dessa estratégia e crescimento dos jogos Zynga para o mercado como um todo. Acessem o artigo original e completo em http://www.insidesocialgames.com/2009/10/08/zyngas-cafe-world-goes-from-0-to-8-6-million-users-in-a-week-with-big-implications/

Farmville: aplicativos sociais e integração ao container

Farmville é um dos aplicativos sociais líder no Facebook. Apesar de acusado de plágio,  é um exemplo de integração com a rede social. Faz alguns meses, escrevi para outro blog quais seriam as características que fazem um aplicativo social alcançar o sucesso. No BuddyPoke, líder na plataforma OpenSocial no Orkut, naquele momento observei quatro características: Formato; Customização; Atualização Constante; Referências Estéticas.

Estou repensando-as, mas o que tem me chamado atenção nas duas últimas semanas, na qual joguei Farmville, é sua integração ao seu container, o Facebook. Para quem ainda não conhece, Farmville é um joguinho no qual você pode fazer uma fazenda:

farmville 01

Em um resumo grotesco, a mecânica do jogo envolve plantações de vários tipos de vegetais, criação de animais e a decoração do terreno. O diferencial, na minha opinião, é o uso que Farmville faz da estrutura da rede social. Para avançar no jogo, os usuários tem de necessariamente divulgar o jogo entre sua rede de amigos, através de vários mecanismos.

No Facebook, um modelo forte de monetização de aplicativos sociais é a venda de itens/presentes/moedas virtuais que permitem novas funcionalidades, facilidades, itens ou avanço mais rápido. Em jogos massivos online (como World of Warcraft e Ragnarok) esse modelo de monetização já é comum, e só agora começa a aparecer na plataforma OpenSocial, através do líder BuddyPoke.

Então, o interesse dos gerenciadores de Farmville é que cada usuário repasse o jogo e sinta-se compelido a comprar a moeda (no caso, cédula) virtual do mundo Farmville. E o que destaco é o modo pelo qual este aplicativo usa as ferramentas padrão do container Facebook para aumentar os pontos de experiência e contato do usuário e amigos como aplicativo.

Por exemplo, para conseguir uma das Ribbons (Fitas no sentido de láurea), o jogador tem de fotografar uma certa quantidade de fazendas de amigos:

farmville - shutterbug

Dessa forma, os usuários do jogo que buscarem alcançar esta Ribbon possuirão também um álbum de fotos dedicado ao jogo.

Alguns animais e árvores só podem ser conseguidos através de presentes a amigos. Ou seja, o jogador que se envolver no jogo vai tentar conseguir o maior número de amigos fazendeiros – apresentando-os a Farmville e, logo, aumentando o número de jogadores pagantes.

É na Wall (Feed de Notícias) que Farmville coloca a cereja do bolo. A cada façanha alcançada, o jogador tem a possibilidade de publicar no seu feed de notícias. Pelo incentivo da competição, a maioria deve aceitar a publicação. Um exemplo de atualização abaixo:

farmville - feed de noticias

Um amigo que utilize o aplicativo pode clicar em [Get a bonus from…] e receber moedas por comemorar com o amigo. Alguns itens especiais (como animais), também só podem ser conseguidos através do feed de notícias. A experiência de jogo em Farmville para alguns jogadores, então, é permeada de acessos à home (ou ao feed específico de Farmville) para acompanhar estas notícias. A associação entre o aplicativo e o Facebook, dessa forma, é desenvolvida e o primeiro recebe um pouco do afeto que os usuários de redes sociais possuem pelo último.

E, é claro, alguns dos itens só podem ser conseguidos através das cédulas especiais que são compradas com dinheiro real. O fato de ser um jogo no qual o avanço de um jogador significa o atraso de outro – muito pelo contrário, tem influenciado no crescimento . A pesquisadora Raquel Recuero publicou o post Social Games e o Facebook, na qual escreve:

“…o valor social desses jogos é potencializado pela ferramenta, que permite que os atores publiquem e dividam resultados com sua rede social, negociem presentes, compitam e cooperem de forma coletiva. Além disso, esses jogos podem ser instrumentos de reputação (divulgar entre seus amigos que você é o melhor), de sociabilidade (conhecer pessoas, participar de fóruns, ampliar a rede social para melhor atuar no jogo), de suporte social (apoio da rede nas tarefas difíceis) e etc. Ou seja, em última análise, o Facebook permite canalizar parte do capital social construído pelas suas redes também para os aplicativos que são adotados por elas.”

No final do post, Recuero escreve que, depois de um certo nível, o jogo perde interesse devido à limitação de desafios e repetição das tarefas (colher e plantar).  No entanto, Farmville tem mostrado que o aspecto Atualização Constante está sendo desenvolvido. Especificamente para a repetição das tarefas, foram introduzidos veículos que permite colher e plantar mais rapidamente. No aspecto social, começa a inserir modos de um usuário interferir diretamente na manutenção da fazenda do outro (como nas tarefas de colheita).

Finalizando, Farmville é um bom aplicativo a ser observado para quem deseja criar aplicativos sociais. Em um post vindouro, escreverei sobre algum aplicativo social para Orkut com fins publicitários.

Para ler mais: Aplicativos Sociais no Orkut – os 5 mais populares.