12 Livros para o profissional de comunicação ler em 2014 – parte 2

Continuando a série de 12 livros para o profissional de comunicação ler em 2014, três publicações que tratam de estatística, sua aplicação e disseminação no cotidiano.

 

thinking statisticallyPara começo de conversa, o pequeno livro Thinking Statistically, do Uri Bram, não é um grande manual de estatística como os que você por aí. Tampouco busca ser um guia completo ou exaustivo dos conceitos de dados quantitativos, regressão múltipla ou métodos específicos de mensuração estatística. Como o título aponta, ele quer te ajudar a pensar melhor, raciocinar levando em conta as diversas variáveis que podem estar envolvidas em um problema ou hipótese.

Buscando alcançar este objetivo, o livro é dividido em três seções: Seleção, Endogenia e Bayes. O primeiro trata do selecionar coisas a serem observadas. Ao invés de falar de amostragem e seus complexos cálculos, antes explica como o senso comum pode levar a erros de seleção, como percepção seletiva. Já o capítulo sobre endogenia explica o porquê você deve olhar além do entorno de seu problema. A velha, clássica e sempre maltratada distinção entre correlação e causalidade é a chave deste capítulo. Por fim, apresenta os elementos da inferência bayesiana, que ajuda a colocar na fórmula – literalmente, as incertezas presentes em qualquer probabilidade.

O texto é redigido de modo quase informal, com exemplos e casos reais e ficcionais bem curiosos, garantindo a diversão na leitura. Na Amazon você compra a versão digital por apenas 6 reais.

 

big data O livro Big Data: A Revolution that Will Transform How We Live, Work, and Think, traduzido como Big Data: como extrair volume, variedade, velocidade e valor da avalanche de informação cotidiana explora de forma responsável e minuciosa os impactos da ideia de “big data”, tão em voga hoje nos mercados e imprensa. O conhecimento dos autores sobre a história da pesquisa permite uma profunda discussão sobre o impacto da abundância dos dados, como ao falar sobre amostragem aleatória: “random sampling has been a huge success and is the backbone of modern measurement at scale. But is only a shortcut, a second-best alternative to collecting and analyzing the full dataset”.

Viktor Mayer-Schonberger é professor de Oxford e Kenneth Cukier é jornalista e editor da revista The Economist. Juntos criaram um livro acessível e necessário a quem deseja entender o fenômeno para além do “buzz” mercadológico. Uma dica é acompanhar o blog do Lab404, da UFBA, que publicou posts sobre todos os capítulos do livro, que foi discutido por lá, como em Big Data: por que usar uma amostra quando é possível usar N=all?

 

the signal and the noiseSignal and the Noise, ou O Sinal e o Ruído, de Nate Silver, é um típico livro americano voltado a quem deseja estudar alguma inovação sobre o mundo tecnológico que influencia os negócios. Repleto de narração de casos – cada capítulo é amplamente baseado em um casos curioso de uma área, o autor passa do pôquer à política, tocando em temas como sismologia e baseball.

Silver é estatístico e ficou famoso ao “prever” as eleições americanas de 2008 e 2012, um caso que foi amplamente coberto pela imprensa e o tornou bastante famoso também em terras brasileiras. As histórias e metáforas que usa no livro são comumente utilizadas por clientes e gerentes de marketing: se você trabalha em agência ou consultoria, é mais um motivo pra lê-lo.

Não esqueça de ver a primeira parte em 12 Livros para o profissional de comunicação ler em 2014 – parte 1. Em breve, mais livros sobre comunicação para deixar seu 2014 repleto de boas ideias e inquietações.

10 Dicas para quem quer trabalhar com comunicação em mídias sociais

Já procurei e ofereci vagas de emprego, sempre em comunicação digital. Esse tipo de discussão, sobre o mercado e a demanda por profissionais me interessa muito, então decidi preparar umas 10 dicas pra quem quer trabalhar com comunicação em mídias sociais. Uma das coisas que me fascina sobre o mercado de trabalho em mídias sociais é a possibilidade de capacitação, posicionamento e colocação profissional através das próprias mídias sociais.

01 – Aprende quem quer
Não existe mais essa história de “não tem cursos focados em mídias sociais” ou “os eventos só rolam em São Paulo”. E nem precisa “tirar a bunda da cadeira”: basta uma conexão e você pode acessar slides, webinars, artigos, livros, vídeos, bases de dados, enquetes etc. Se você é do tipo que só aprende quando tem um professor lhe cobrando em uma sala de aula, você vai ficar (na verdade já é) obsoleto.

02 – Línguas são suas amigas
Quanto mais línguas você souber, mais você poderá aprender. Inglês é indispensável, espanhol, francês, alemão e italiano podem ajudar muito. Línguas menos comuns como chinês e japonês podem ser um diferencial enorme, porque vai lhe dar a oportunidade de conhecer outros ambientes e padrões de comunicação. Mas não me venha com “sou social media” ou “social media analyst”. Inglês é pra ler e aprender, pra falar com seus pares use o português.

03 – Casa de ferreiro, espeto de ferro
Não vou falar aqui em questões éticas: é óbvio que você deve ser uma pessoa “boa” e justa. Mas digamos que não seja… você ainda faz a genialidade de publicar isso a quatro ventos? Seus perfis e interações nas mídias sociais dizem MUITO sobre você. Se eu vejo uma falha ética, já corto o currículo. Use suas mídias sociais a seu favor. Interaja, conheça pessoas, aprenda…

04 – Fazendo o Currículo Digital
Se você realmente quer o emprego, pense que o currículo “em papel” ou pdf é só uma parte da coisa. Parte, inclusive, cada vez mais dispensável. Eu uso um formulário Google Docs pra pedir as informações que preciso quando existe alguma vaga. E, na maioria dos casos de processos seletivos de agências de mídia social, existe o campo pra colocar Twitter, Facebook, MeAdiciona etc… Coloque todos. Se você tem vergonha ou acha que alguma presença online sua pode lhe prejudicar, você não está preparado para esse tipo de trabalho.

05 – Pretensão não é legal
Gente que é chamada de “guru”, “especialista”, “palestrante profissional”, “evangelista” já me deixa com o pé atrás. Mas gente que se auto-entitula me causa repúdio. É o mesmo que acontece quando se publica livro, blog ou posts com títulos envolvendo palavras como “bíblia”, “guia”, “definitivo”, “tudo”. NADA em comunicação é assim. Tudo se transforma na sociedade. Imagine então na comunicação digital!

06 – “Quem com porcos anda…”
Continuando a vibe “ditados”: quem com porcos anda, farelo come. Associe-se a pessoas inteligentes, éticas etc. Acima de tudo, tenha valores. Não se associe a um blog ou veículo, por exemplo, só porque é muito visitado. Alcance não é nada quando isolado, quando vazio.

07 – Aprenda no computador, mas também aprenda com o papel
Na verdade, o título dessa dica tá cada vez menos apropriado, ainda bem! “Clássicos” das áreas de comunicação, sociologia, filosofia, psicologia são digitalizados, viram ebooks (pagos ou ‘piratas’) e é possível acessar verdadeiras “bibliotecas universitárias” em pdf, como a Gigapedia. Então, entre as bibliotecas da sua cidade, repositórios online e gigapedia, entenda a comunicação e áreas correlatas com os clássicos.

08 – Bom Senso
No final de contas, tudo se trata de bom senso. Tenha bom senso em todos os casos. Não seja agressivo na prospecção de vagas, não force relacionamentos… Mostre que você pode planejar e gerenciar presenças digitais de grandes empresas.

09 – Produza!
Produzir conteúdo é sempre necessário, seja pra quem ainda não teve muita oportunidade de mostrar trabalho, seja pra quem tá no estabelecido no mercado. Produzindo você treina, pensa, se inova e mostra do que é capaz, especialmente em relação a planejamento. E, vamos combinar, planejamento é necessário pra todas áreas.

10 – “Não basta botar o ovo, tem que cacarejar”
Eu vi essa frase pela primeira vez no Promo Planners e a uso desde então. Se você segue todas as dicas acima, faça com que seus pontos positivos possam ser vistos. Auto-promoção é algo legal sim, desde que usado com inteligência e parcimônia.