Design Gráfico Cambiante, de Rudinei Kopp

design-grafico-cambianteJá escrevi por alto sobre o livro resultante da pesquisa de mestrado do prof. da UNISC, Rudinei Kopp, em um post indicando dois de seus artigos.

A estrutura do livro é:

1 . Introdução
2. Sólidos e Fluidos: Modernidade e Pós-Modernidade
3. Design Gráfico Moderno e Pós-Moderno
4. Design Gráfico Cambiante
5. Considerações Finais

No segundo capítulo o autor investiga as concepções de modernidade e pós-modernidade, dando ênfase ao trabalho de Zygmunt Baumant, autor dos livros Modernidade Líquida, Modernidade e Ambivalência e O mal-estar da pós-modernidade.

O terceiro capítulo pode ser tomado como uma pequena história do design gráfico. Kopp utiliza, inclusive, os livros Design Gráfico: uma história concisa e Layout – o design da página impressa, já resenhados aqui neste blog.

Por fim, a conceituação de design gráfico cambiante e a análise de dez casos, como o do logotipo da MTV, os relógios Swatch e as revistas Ray Gun, Big e Sexta Feira. Um trecho desse capítulo:

Adjetivos como flexível, transitório, fugidio, cambiante, liquefeito, fragmentado, entre tantos, têm servido para qualificar o tempo contemporâneo. […] O design gráfico reflete tudo isso como sua história recente demonstra. Sua condição num meio de caminho entre a indústria, a tecnologia, a arte, a cultura, o consumo e o público faz esse campo ser um espelho das transformações nas esferas, atualmente, mais sensíveis da sociedade. Se até nossa identidade cultural é cambiante, sem um lastro crível como se acreditava até poucas décadas (ou anos), não representa uma surpresa tão grande percebermos que a indústria tem uma produção flexibilizada, pronta para se reprogramar facilmente, ou ainda, que os tão conehcidos projetos gráficos fixos não simbolizem mais a quintessência do design gráfico.

+ Leia o blog de Rudinei Kopp
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Coleção Debates e o design moderno no Brasil

E quais são as invariantes então? A primeira é o formato, uma informação básica que já particulariza a Debates ao primeiro contato: o volume é mais estreito do que a proporção convencional 2:3 (como no caso 14cm x 21cm, por exemplo). Sua dimensão é 11,5 x 20,5, aproximando-se da proporção de 1:2. Além de marcar uma diferença perceptível em relação ao restante do mercado, essa proporção altera a visualidade geral do livro, deixando-o mais esbelto. O maior impacto, porém, se dá na informação tátil. A relação da mão com o volume altera-se. Ele é manipulável com mais facilidade, sem perder a escala que a altura convencional garante. Nesse aspecto, lembra os guias de viagem, sempre mais estreitos para facilitar o manuseio e o transporte.

A segunda invariante é o diagrama, rigorosamente igual em todos os volumes. A capa é dividida em setores, cada um deles correspondendo a um tipo de informação. O tratamento gráfico dado a cada uma delas é sempre o mesmo. A terceira invariante é a cor do fundo, branco em todos os volumes. A quarta é o logotipo, a palavra “debates” repetida três vezes, formando um bloco visual, localizado sempre no alto, à esquerda.

As variantes, além do nome do autor e do título, são o nome da área, a cor dos dois fios grossos do alto e o número na lombada. A cor dos fios é um código que indica a área de conhecimento à qual o volume pertence.

O resultado é que, ao entrarmos numa livraria, ou na biblioteca da casa de alguém, os livros da Debate eram – e ainda são – reconhecidos num relance, mesmo se for um único volume guardado numa prateleira cheia de outros livros. Dado o seu caráter de coleção, o mais frequente era eles serem guardados agrupados, o que torna sua presença visual ainda mais marcante. Limpeza, precisão, legibilidade, clareza, código. Sistema. O ideário modernista brasileira chega aos livros em 1968 e dá uma das melhores respostas ao desafio de projetar uma coleção na história do design brasileiro.”

O excerto acima foi retirado do ensaio “Design de livros: muitas capas, muitas caras”. Faz parte do livro “O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60“, organizado por Chico Homem de Melo. É ele quem assina esse ensaio, no qual está surpreendentemente inspirado ao falar do design editorial de Moysés Baumstein. Também constam no livro mais dois ensaios de Melo: “Um Panorama dos vertiginosos anos 60” e “Design de revistas: Senhor está para a ilustração assim como Realidade está para a fotografia”. O designer baiano Rogério Duarte é tema de “O design tropicalista de Rogério Duarte”, de Jorge Caê Rodrigues. E, na outra ponta da prática do design, dois ensaios se debruçam sobre práticas modernistas: “A identidade visual toma corpo”, de André Stolarski” e “De costas para o Brasil, o ensino de um design internacionalista”, de João de Souza Leite.

O livro continua a história do design brasileiro pela editora Cosaca Naify, que já publicou “O Design brasileiro antes do design”, organizado por Rafael Cardoso Denis. Já mencionamos o ensaio sobre J. Carlos e a Paratodos… Sobre Stolarski também já falamos. Ele foi o produtor, e entrevistador, do documentário Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil. O livro é bastante suculento, renderá outras postagens com certeza. Enquanto isso, alguns links:

+ Mais sobre Moysés Baumstein
+ Compre o livro aqui
+ Signofobia, O Design Como Ele É e Os Desafios do Designer, livros de Chico Homem de Melo
+ Baixe “Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil
+ Leia sobre “J. Carlos, Para Todos e o Pierrô

Alexandre Wollner e a formação do Design Moderno no Brasil

Outra dica de documentário. Alexandre Wollner e a formação do Design Moderno no Brasil foi produzido em 2005 pela Tecnopop, uma das maiores produtoras de design do país. André Stolarski, diretor de projetos e um dos sócios da empresa, visitou o grande nome do design moderno do Brasil: Alexandre Wollner.

Na casa-escritório de Wollner falam sobre a história do design e do designer, sobre Max Bill e a escola de Ulm, além da fundação da ESDI e outros marcos. Também mostra propostas criadas por ele para a marca do governo brasileiro e para o projeto gráfico do jornal O Estado de São Paulo. Numa caminhada pela cidade, críticas ácidas a projetos de má qualidade. Entre um causo e outro, o designer acaba por ensinar alguns de seus preceitos. A parte suculenta dessa vez é a história do rompimento entre Wollner e o banco Itaú em um caso raro de firmeza que poucos podem ousar.

Pode ser baixado de graça por torrent oferecido pela própria Tecnopop. O documentário é encartado também no livro de mesmo nome, que pode ser comprar aqui.

UPDATE. Veja no Vimeo:

Alexandre Wollner e a Formação do Design no Brasil from Mauricio Campos – COMMO design on Vimeo.