Diseño Editorial – periódicos y revistas, de Yolanda Zappaterra

diseno-editorial-periodicos-revistas-yolanda-zappaterraEditorial Design – newspapers and magazines foi publicado originalmente em inglês pela Central Saint Martins College of Art & Design, da University of the Arts de Londres. A versão em espanhol se chama Diseño Editorial – periódicos y revistas e foi lida por este editor que vos escreve.

Apesar do subtítulo, o livro dá muito mais atenção a revistas, ainda bem. No caso dos jornais, o que é mais observado são os complementos e alguns exemplos de infografia, como os da Folha de São Paulo.

Voltando a revistas, as 200 páginas do livro cobrem os assuntos abaixo, ao longo de seus capítulos. Também merece destaque, apesar de não constar no índice, os numerosos Perfis de publicações que aparecem “soltos” pela publicação.  Entre os perfis, sempre de uma página inteira, revistas como: Zembla; I.D.; soDA; Adbustees; Wired etc

I. El diseño editorial y su objetivo
Neste primeiro capítulo: o que é o design editorial; tipos de design editorial; os atores do processo; o calendário e prazos de entrega; a evolução da página impressa.

II. Anatomía de una publicación
Marca e identidade corporativas; a capa; as páginas internas; a função do texot; o tratamento de imagens.

III. La maquetación
Componentes principais de uma diagramação; fatores que determinam a diagramação; harmonia e desarmonia; o estilo: o que é, como se consegue, como mostrá-lo; como converter inspiração em diagramação.

IV. Herramientas esenciales del diseño
A preparação da página e das retículas; a escolha e uso da tipografia; destrezas gráficas e questões de produção; as imagens: aquisição, desenvolvimento e produção; coerência sim, mas sem monotonia; redesign: quando e porquê.

V. Perspectivas hacia el pasado y hacia el futuro
Desde o passado: motivações e princípios implícitos; estudos de casos: designers e publicações; um olhar para o futuro.

Materiales complementarios
Notas biográficas; casas tipográficas; glossário; bibliografia; índice alfabético; créditos; agradecimentos.

O livro mede 22cmx26cm e cada uma de suas páginas é colorida. Particularmente não gosto da capa, mas o resto design editorial do livro está à altura dos trabalhos apresentados em centenas de imagens.

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O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60

o-design-grafico-brasileiro-anos-60-chico-homem-de-meloChico Homem de Melo é o organizador deste livro da Cosac Naify, que segue O Design Brasileiro Antes do Design, organizado por Rafael Cardoso. Desta vez são seis ensaios, contando com a introdução, que é extensa e repleta de exemplos e análises de designs.

Os dois ensaios seguintes são também de Chico Homem de Melo. O primeiro é  Design de Livros: Muitas Capas, Muitas Caras. Ao longo do texto o autor passa por vários designers, tipógrafos e ilustradores de capas de livros, como Moysés Baumstein, sobre o qual já escrevi neste singelo blog.

O outro é Design de Revistas: Senhor está para a ilustração assim como Realidade está para a fotografia. De título grandioso, é realmente um ótimo ensaio sobre duas revistas brasileiras antológicas, que puseram o melhor da ilustração e da fotografia a serviço do que existia de melhor em literário e jornalístico no país. No final do post, um trecho deste ensaio.

Rogério Duarte, designer baiano, é o tema do quarto texto, de Jorge Caê Rodrigues. Responsável por parte do discurso gráfico do tropicalismo, produziu as capas dos disco homônimos de Gilberto Gil e de Caetano Veloso de 1968. Também foi autor do clássico cartaz de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Jorge Caê Rodrigues também aborda um pouco – o suficiente -, da vida controvertida de Duarte, com informações necessárias para entender este artista polêmico.

André Stolarski escreveu o texto A Identidade Visual Toma Corpo, mostrando o estabelecimento de padrões de identidade visual em algumas empresas e produtos brasileiros, a partir da atuação de designers do porte de Alexandre Wollner, Cauduro Martino, Aloísio Magalhães e Ruben Martins.

Fechando o livro, De Costas Para o Brasil, O Ensino de Um Design Internacionalista é uma crítica contudente feita por João de Souza Leite sobre a replicação de modelos de ensino de escolas européias, como a Ulm, sem levar em conta as especificidades do Brasil.

É deste livro um trecho com o qual pretendo abrir a introdução do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Mesmo que eu frequentemente eu não concorde com algumas das idéias de Chico Homem de Melo (como a comparação com o cinema, como se a revista e a arte sequencial fossem posteriores à sétima arte), o texto abaixo toca em várias das muitas matérias significantes com as quais o designer de revistas tem de lidar:

A matéria sobre Arrelia é primorosa. Lembremos ser ele um palhaço terlevisivo, à frente de um programa dominical que permanceu décadas no ar. À inversão presente nos textos corresponde uma inversão análoga nas imagens: a postura sisuda e distante estampada no sóbrio preto-e-branco da primeira foto – quase uma pintura – é substituída pelo retrato colorido e acolhedor do palhaço. No canto, o passo-a-passo da transformação, na forma de um curto storyboard. A virada da página corresponde exatamente ao corte da cena.”

Já publiquei esta matéria em outro post, no qual escrevo sobre esta diagramação sequencial.

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Metodologia e Processo Criativo em Projetos de Comunicação Visual

Janaina Fuentes Panizza apresentou este trabalho em 2004, como dissertação de mestrado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA/USP. As 254 páginas de Metodologia e Processo Criativo em Projetos de Comunicação Visual se dividem em três capítulos e considerações finais, além de introdução, bibliografia etc.

O primeiro capítulo trata de Comunicação Visual e Design Gráfico. É aquele “basicão”:  o que é comunicação visual; mensagens visuais; design gráfico etc. A melhor seção deste capítulo é Expressões do Design, na qual a autora escreve sobre sete subáreas do design gráfico. Esta divisão ainda mostra um tatear reunindo toda a comunicação digital em “mídia eletrônica”. Mas não é nada que comprometa nem de longe os capítulos seguintes.

Em Metodologia Projetual, depois de discorrer se é realmente necessário a utilização de métodos, Panizza apresenta as principais escolas de design da história e seus métodos. Em seguida, apresenta os métodos projetuais de Bruno Munari, Verônica Nápoles, Don Koberg & Jim Bagnall, Norberto Chaves, Bernd Löbach, Maria Luísa Peón, Fábio Mestriner, Guto Lins e Francisco Homem de Melo. Finaliza este segundo capítulo com considerações sobre os diversos métodos apresentados.

No terceiro capítulo, Janaína Panizza escreve sobre Criatividade.  Começa combatendo a lenda da iluminação divina, das lendas que inventam e mitificam o “Eureka” ou a maçã de Newton. Depois, escreve sobre diferentes técnicas criativas, recorrendo a vários autores de diferentes disciplinas e proveniências teóricas.

Fecha a dissertação com as Considerações Finais, relacionando de forma mais sistemática a criatividade e o método, além de discorrer sobre o ensino do design e da comunicação visual nas escolas contemporâneas.

– Baixe o pdf de Metodologia e Processo Criativo em Projetos de Comunicação Visual

Design e Comunicação Visual, de Bruno Munari

design-e-comunicacao-visual-bruno-munariDesign e Comunicação Visual foi escrito a partir de um curso que Bruno Munari ministrou na Harvard University, em 1967. A primeira parte do livro chama-se Cartas de Harvard. A maioria dos vinte textos (que compõem as primeiras 80 páginas do livro) começa com a narração de algum acontecimento cotidiano, aparentemente trivial do dia do autor. Em seguida, Munari escreve sobre alguma de suas aulas ou técnicas empregadas e o leitor percebe que o início do capítulo não tinha nada de trivial. Tal estratégia liga, por exemplo, a pluralidade de vestimentas dos alunos dos campi de Harvard à individualidade da expressão de cada um deles nos exercícios propostos.

decomposicao-mensagem-visual-bruno-munariA segunda parte, que se chama Comunicação Visual tem quase trezentas páginas nesta edição que tenho em mãos. Ao definir mensagem visual, Munari a decompõe da seguinte forma (ver imagem abaixo). A Mensagem Visual é composta por Suporte e Informação. O Suporte, por sua vez, em Textura, Forma, Estrutura, Módulo e Movimento.

Talvez seja um problema na tradução, mas o uso das palavras “suporte” e “informação” confundem. Na verdade, Munari propõe esse modelo algo que poderia ser descrito como análogo a suporte/significante e informação/significado. Mas a palavra “suporte” pode dar a entender que se trata apenas do papel ou do material “bruto”. Não é o caso. O Suporte de Munari é textura, forma, estrutura, módulo e movimento. No design de uma revista seria todos os materiais significantes, do papel e da ilustração ao projeto gráfico, grelha, sequência das páginas e até mesmo do passar do tempo.

Estas 300 páginas da segunda parte são compostas prioritariamente por imagens a partir da página 100. Cada dimensão do Suporte é definida para em seguida ser destrinchada em questões secundárias e derivadas. Formas, por exemplo, é seguida de 22 capítulos, tratando de, por exemplo: simestria; formas interiores do cubo; formas nos líquidos; sequência de formas; etc. E cada capítulo é acompanhado de várias imagens (alguns trabalhos de alunos, inclusive).

Bruno Munari apresenta neste livro uma fervorosa defesa do estruturalismo. A corrente filosófica (que influenciou correntes de pensamento na semiótica, antropologia, comunicação etc) acredita que toda a experiência humana e, em alguns casos, todo o mundo físico é regido por estruturas. A bibliografia também não nega. Entre os cinco livros de semiótica está A Estrutura do Ausente, de Umberto Eco. Neste maravilhoso livro, a estrutura é provocativamente “ausente” no título porque, afinal, se a estrutura está em tudo não pode ser “presente”, tampouco. Munari fala de estruturas em rios, por exemplo, e descreve um exercício a partir disso.

O livro ainda traz, nas últimas páginas considerações breves sobre a cor e a apresentação do método projetual de Bruno Munari com diagrama e tudo.

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The Vignelli Canon – livro sobre design gráfico

the-vignelli-canonMassimo Vignelli acaba de lançar em pdf e gratuito o The Vignelli Canon (pdf). É um livro com os fundamentos do design, divido em duas partes. A primeira é sobre os valores “intangíveis”, enquanto a segunda traz considerações sobre as técnicas do design gráfico.

Vignelli é um dos grandes nomes do design gráfico desde a década de 1960. Atualmente é um grande detrator do “design pós-moderno”. No documentário Helvetica, por exemplo, declarou polemicamente que “nos anos 70, a geração jovem estava atrás de fontes psicodélicas, e qualquer coisa junkie que poderiam encontrar. Nos anos 80, com suas mentes completamente confusas por essa doença que foi chamada de Pós-Modernismo, as pessoas estavam desnorteadas como galinhas sem cabeça, usando todo tipo de fontes que poderiam dizer “não modernas”.

Neste livro continua com as palavras ácidas, como em:

The advent of the computer generated the phenomena called desktop publishing. This enabled anyone who could type the freedom of using any available typeface and do any kind of distortion. It was a disaster of mega proportions. A cultural pollution of incomparable dimension. As I said, at the time, if all people doing desktop publishing were doctors we would all be dead!

Na Parte 1 Vignelli escreve sobre is valores “intangíveis que acredita: semântica, sintaxe, pragmática, disciplina, propriedade, ambiguidade, unicidade, poder visual, elegância intelectual, atemporalidade, responsabilidade e equidade.

A segunda parte é sobre o tangível: tamanhos de papel; grelha, margem, colunas e módulos; carta corporativa; grelhas para livros; família de fontes, as básicas; alinhamento à esquerda, centro ou justificado; relação entre tamanhos de fontes; fios tipográficos; contratando tamanho de fontes; escala; textura; cor; layouts; sequência; acabamento; identidade e diversidade; espaço em branco; uma coleção de experiência; e conclusão.

Destaco o trecho sobre sequência. É uma dimensão do design de brochuras (revistas, livros, guias…) que é comumente ignorada e que eu penso ser de importância crucial para a maioria das publicações desse tipo. Segue um trecho e a imagem de uma dupla:

A publication, whether a magazine, a book, a brochure, or even a tabloid is a cinematic object where turning of the pages is an integral part of the reading experience. A publication is simultaneously the static experience of a spread and the cinematic experience of a sequence of pages.

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