Uso e Desenvolvimento de Aplicativos Sociais: Perspectiva da Teoria Ator-Rede

O artigo Uso e Desenvolvimento de Aplicativos Sociais: Perspectiva da Teoria Ator-Rede é fruto da aproximação de um interesse de pesquisa meu com o referencial teórico sobre a Teoria Ator-Rede, com o qual tive contato em disciplina  (no PPGCCC-UFBA) do André Lemos no ano passado. Foi recém-publicado na revista Razón y Palabra, n.76. Segue o link (PDF) e resumo:

Uso e Desenvolvimento de Aplicativos Sociais: Perspectiva da Teoria Ator-Rede
O presente artigo busca observar o desenvolvimento contínuo de aplicativos sociais no Facebook a partir da Teoria Ator-Rede. Entendendo estes softwares como estruturas automatizadas que possuem elementos e recursos característicos de softwares web 2.0, pretendeu-se observar o desenvolvimento como exemplo desta dinâmica sócio-técnica particular. A análise mostrou que diversos actantes humanos e não-humanos estão envolvidos na criação e desenvolvimento destes aplicativos, que não podem, portanto, serem visto como criações apenas de desenvolvedores.

Jogos e Aplicativos Sociais: padrões de consumo, interações, análise e desenvolvimento

Três apresentações recentes sobre o tema.

Os slides “Jogos Sociais: Padrões de Interação e Consumo”  foram utilizados na aula inaugural que o Thiago Falcão, doutorando do Póscom, deu na ULBRA:

“Análise e Desenvolvimento de Jogos Sociais” foi uma oficina que apresentamos no Intercom 2010.

“Gerenciamento de Impressões através de Aplicativos Sociais: uma proposta de análise” foi um artigo que apresentei no Intercom 2010, em co-autoria com José Carlos Ribeiro e Thiago Falcão.

Case do MiniBis no Colheita Feliz

A Ogilvy publicou esse vídeo-case em inglês. Incrivelmente maquiado, troca a estrutura tosca do jogo social por uma representação em flash, pintando de ouro tudo. Além disso, fala que esse é o aplicativos social mais famoso, algo muito questionável. Mas vale dar uma olhada na ação que, de fato, foi muito boa. Veja também o post que já publiquei aqui “Mini Bis, product placement e jogos sociais”.

Who said chocolate does not grow on trees? Mini Bis Chocolate Tree from Bis on Vimeo.

Mini Bis, product placement e aplicativos sociais

Na minha opinião, um dos principais objetivos a ser alcançado por empresas que investem em comunicação digital e mídias sociais é transformar suas marcas no próprio material significativo da interação entre as pessoas. Ou seja, que a marca não seja citada apenas na hora da compra, de forma operativa ou somente quando um incentivo palpável está em jogo. Mas sim que se torne parte das interações descompromissadas, do cotidiano das pessoas. A estratégia de product placement, desde os meios “analógicos”, busca algo parecido. Meu personagem preferido, aquele herói, aquele galã que conquista todas, o esportista que sempre vence ou a garota mais popular (estereótipos narrativos, não concordo com eles como ideais) utilizavam, na tela, com maior ou menor naturalidade um produto. Estratégia paga pelas empresas para que os espectadores vissem aquele produto como o escolhido pelos seus modelos de comportamento.

mini bis colheita feliz

Nos meios digitais e interativos, o product placement pode chegar a outro nível. Talvez até o nome “product placement” seja pouco para falar sobre as possibilidades. Falando especificamente de aplicativos sociais, nesta semana ganhou pauta em vários blogs a ação feita para a marca Mini-Bis no jogo social Colheita Feliz. O pitoresco de se plantar chocolate nesse jogo é verossímil: se “planatava” caviar em aquarioszinhos que ficavam sobre a terra já era possível, por que não isto? Os pezinhos de Mini BIS ficaram disponíveis aos 20 milhões de usuários do jogo no Orkut.

Outros exemplos famosos de product placemente em aplicativos sociais ocorreram no BuddyPoke, que segue sendo o aplicativo social mais utilizado no Orkut. Para o lançamento do filme Wolverine, duas ações especiais faziam referência ao personagem-título. E, para divulgar o chiclete Bubbaloo, uma ação de “estourar bola” também foi criada.

Xmen_buddy_poke_001

bubbaloo buddypoke

Existem, é claro, diversos aplicativos voltados a uma única marca. Porém, essas estratégias de product placement interativo podem ser mais interessantes porque oferecem um nova interação possível para que as pessoas se comuniquem. É importante sempre lembrar que os aplicativos sociais permitem, em sua essência, interações entre pessoas que já se conhecem. Por isso, cada poke, mensagem, comentário, jogada traz consigo um valor relacional interessante. Pode-se constuir associações afetivas com estes aplicativos, porque se integram ao cotidiano de conversação entre os usuários do site de rede social. Mais que um product placement no conteúdo, também é um posicionamento na forma como as pessoas trocam valores e sentimentos. É em busca disso que as marcas devem ir para ter êxito nas mídias soicias.

Dengue Ville – aplicativo social para o combate ao mosquito da dengue

Discutimos nessa semana no GITS-UFBA o meu projeto de mestrado. Uma das críticas à redação do projeto foi que a perspectiva era muito mercadológica, como se as possibilidades do formato só possibilissem usos para a comunicação comercial. Mas no Facebook, entre os aplicativos mais famosos, o Causes já é um exemplo de utilização do formato para mobilização social. Apesar das apropriações (interessantes apropriações) do aplicativo social para questões relacionadas à cultura pop, jogos e outros aplicativos, as causas mais populares se referem a insituições de amparo social.

No Orkut não havia encontrado nenhum aplicativo dessa temática de sucesso, apesar do “semelhante” Apóio essa Causa da Mentez.  Entretanto, fFinalmente conheci um aplicativo para Orkut desenvolvido para um governo estadual. O Dengue Ville foi produzido pela Lápis Raro + Dito Internet para o Governo de Minas Gerais. O título faz referência ao aplicativo social mais famoso do mundo, o Farmville, mas com um objetivo mais “nobre”: gerar consciência sobre o combate a dengue.

É possível jogar em uma interface que simula uma cidade, aonde o jogador deve procurar por focos de dengue. O aplicativo possui uma estrutura bem típica do formato. Pode-se convidar amigos, ver e participar do ranking geral, assim como ver o ranking na rede de conexões do usuário.  Cada ação realizada ou feito alcançado, é claro, pode ser publicado nas “Atualizações de Amigos”. No topo um banner com o alerta e telefone para contato (curiosamente, não traz linkagem para um site institucional). Algumas telas:

dengue ville casa

Dengue Ville - troca de água

O gerenciador da comunidade é um personagem chamado El Matador da Dengue mas que, infelizmente, não está participando ativamente do fórum.