Indo de vento em popa, nossas atividades planejadas neste semestre são inúmeras. Confira a lista abaixo:
Etnografia em Mídias Sociais: O curso desenvolvido em parceria com a Débora Zanini já teve edições em São Paulo (dezembro) e Brasília (feveireiro) e vai para as próximas edições em muito breve
São Paulo – 06 de março (esgotado!)
Rio de Janeiro – 04 de junho
Análise de Orçamento Público: o curso de Arthur Kronenberg oferece a base teórica necessária sobre Orçamento Público para se utilizar o sistema SIGA BRASIL a fim de acompanhar a execução orçamentária e financeira da Lei Orçamentária Anual.
Brasília – 5, 12 e 19 de março e 2 de abril
B.I. para Atendimento e Gerentes de Projetos: Mariana Oliveira ajudará profissionais das áreas de atendimento e gerência de projeto a entenderem as possibilidades dos insights online e sociais, assim como monetizá-los.
São Paulo – 02 de abril
Brasília – 09 de abril
Programação em R: a importante linguagem de programação dedicada a análise de dados será apresentada em curso intensivo de 36 horas de Guilherme Jardim Duarte (SP) e Carlos Cinelli (BSB).
São Paulo – 04 de abril a 02 de maio (seg, qua e sex)
Brasília – 04 de abril a 02 de maio (seg, qua e sex)
Monitoramento de Mídias Sociais: meu curso básico de monitoramento de mídias sociais é atualizado e evoluído a cada realização. Na edição de São Paulo, com um reforço: o Wesley Muniz comandará as atividades.
Brasília – 07 e 08 de maio
São Paulo – 14 e 21 de maio
Análise de Dados e B.I. para Planners: a planner e professora mestre Daniele Rodrigues convida 3 especialistas em social analytics para demonstrar aos alunos como aplicar as descobertas em planejamentos reais.
Rio de Janeiro: 25 de junho e 2 de julho
Análise de Redes para Mídias Sociais: Gephi ainda parece algo esotérico? Além desta importante ferramenta, Max Stabile e eu apresentamos os conceitos, técnicas e práticas envolvidas na análise de redes em Twitter, Facebook, Blogs e Instagram. Duas edições já aconteceram este ano, mas temos datas para as próximas.
São Paulo: 09 e 16 de julho
Rio de Janeiro: 23 e 30 de julho
Brasília: 06 e 13 de agosto
Pesquisa Qualitativa em Mídias Sociais: um dia inteiro dedicado a diversas palestras destrinchando cases de profissionais de ponta do mercado. Salve a data: 2 de julho em São Paulo. ;)
As mídias sociais trouxeram possibilidades e desafios muito relevantes para a pesquisa empírica em comunicação e demais ciências sociais aplicadas. Em alguns ambientes hoje fala-se muito com termos e jargões de mercado como social big data mas, apesar da grande abundância de dados produzida a cada segundo, existem muitas restrições à viabilidade destes dados. Especialmente nos dois âmbitos a seguir. O primeiro é o acesso em si a estes dados, uma vez que, além das questões de privacidade, algumas plataformas como Facebook promovem o gradual fechamento de seus fluxos de comunicação. O segundo é o ferramental metodológico e instrumental para acessar, manipular e transformar estes dados em informações, conceitos, teorias e aplicações levando em conta as affordances destes ambientes.
Levando isto em conta, quero indicar aqui cinco livros recentes sobre métodos digitais que podem ser o pontapé inicial da bibliografia do pesquisador interessado nestas trajetórias.
Etnografia é o método de pesquisa qualitativa mais falado em agências de publicidade. Mas será que sempre do melhor jeito? Quais os limites e possibilidades da etnografia? A Débora Zanini, socióloga e supervisora de monitoramento de Data Intelligenve na Ogilvy, falará sobre este tema no workshop do Social Analytics Summit próximo dia 25. Para aquecer os motores, um papo rápido com a Débora:
Tarcízio: Netnografia e termos similares são usados a torto e a direito em agências e setores de marketing para falar de todo tipo de pesquisas qualitativas online. Afinal, qual a diferença entre etnografia e monitoramento de mídias sociais?
Débora: O que eu percebo muito no mercado digital é que existe muita confusão sobre o que é a Etnografia e o Monitoramento de mídias sociais. Tanto Etnografia quanto Monitoramento são conceitos/metodologias anteriores ao boom digital e, se resgatarmos as explicações delas sem pensar muito se o ambiente aplicado é On ou Off fica mais de entender.
O monitoramento nada mais é do que monitorar o que é falado sobre marcas e assuntos. Etnografia nada mais é do que estudar a cultura (comportamentos, costumes e crenças) de grupos sociais.
Quando aplicamos estes conceitos a o universo digital, percebemos, então, que: Monitoramento de Mídias Sociais é monitorar o que os/as usuários/as falam sobre determinados assuntos, marcas, entre outros, através dos seus ‘perfis sociais.’ E, portanto, Etnografia Digital, Netnografia, ou qualquer outro nome que usem, é entender a cultura de determinados grupos dentro do ambiente digital (ou deveria ser isso).
As mídias sociais geram uma infinidade de dados não-estruturados que podem ser estruturados, estudados e trabalhados de várias maneiras: Monitoramento e Etnografia são apenas algumas das possibilidades – maravilhosas, na verdade. O que acontece é que por falta de conhecimento, muitas pessoas acabam usando estas terminologias para descrever qualquer pesquisa feita com dados provenientes do ambiente online, porém, isto é equivocado. Cada metodologia tem sua forma de ser feita, seus princípios: analisar dados de forma qualitativa e dizer que isso é Etnografia é errado.
T: O que o inscrito pode esperar aprender durante seu módulo no workshop?
D: Trabalharemos o que é a Etnografia, conceitualmente falando, e as suas possibilidades para o mercado digital. Além de vermos os princípios de se fazer uma pesquisa etnográfica de verdade (aquela que a Antropologia desenvolveu), vamos ver algumas técnicas etnográficas de coleta de dados nos ambientes online e algumas formas de analisar o que se coletou.
T: Padrões de ética, anonimidade dos dados e afins pouco foram discutidos no lado publicitário do mercado de monitoramento de mídias sociais. Recentemente plataformas começam a anonimizar mais e mais os dados coletáveis a partir de APIs e buscas. Se a etnografia tem como um pilar o entendimento de pessoas reais, isto traz mais entraves para estudos do tipo?
D: Esta questão é uma problemática da nossa contemporaneidade que considero essencial ser debatida. Ao mesmo tempo em que vivemos a sociedade do espetáculo, na contramão, surge o debate sobre a segurança dos dados e o respeito à privacidade. Para mim, este tema é tão fascinante que tenho me dedicado a estudar mais nestes últimos tempos as questões que todo este debate.
Em relação a disponibilidade de dados para trabalhar, é óbvio que as restrições de coleta de dados nas APIs das mídias sociais impactam o processo que viemos trabalhando até hoje. Porém, por outro lado, também nos obrigam a inovar (e o que é um mercado e profissionais que não inovam?).
No caso específico da pesquisa etnográfica aplicada nas redes sociais, nos obriga a pesquisar e desenvolver mais formas de coletas de dados que saiam do campo da utilização de ferramentas de coleta. Existem várias técnicas da ciências sociais, por exemplo, que podem ser aplicadas ao ambiente digital que são alternativas para se encontrar populações escondidas. Uma delas é o Time-Space Sampling, em que eu mapeio determinados lugares possíveis em que minha população-alvo pode se encontrar para conversar (seja um fórum, um grupo no Facebook, entre outros) e me insiro neste ambiente.
O segredo é ser curioso: sempre criamos alternativas para sanar nossas curiosidades.
No último mês foi lançado o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados, que busca ser um centro de formação de pesquisadores nas áreas de pesquisa, comunicação digital, análise de dados, política e relações governamentais.
Nas palavras de Max Stabile, idealizador do IBPAD: “Nossa missão é conquistar mentes e corações sobre essas duas áreas. Temos como valores três pilares: a autonomia, queremos formar alunos e mentes que sigam seus caminhos de forma autônoma, mais do que isso, queremos ser iniciadores e o primeiro passo de quem nunca teve contato com pesquisa e análise de dados; visão científica, pois acreditamos e entendemos como a academia é fundamental para endossar e colaborar no desenvolvimento das metodologias de trabalho e ensino do Instituto; e, por último, excelência técnica, nosso time de profissionais é especializado, com excelente formação acadêmica e com vasta experiência em suas áreas de atuação.”
Em breve serão lançados cursos sobre Análise de Redes para Mídias Sociais; Análise de Dados e BI para Planners; Etnografia em Mídias Sociais; Dados para Relações Governamentais; Programação em R; Machine Learning e outros temas no universo do instituto.
Acesse o site e o blog do IBPAD para conhecer mais sobre a proposta.
Desk Research é um termo, em pesquisa de mercado tradicional, que era bastante auto-explicativo em décadas anteriores. A “pesquisa de mesa” era feita por pesquisadores antes de colocar equipes na rua ou nos telefones para falar com respondentes, no caso de pesquisas quantitativas, ou de selecionar participantes e agendas grupos focais no caso de pesquisas qualitativas. Geralmente foi traduzida por “pesquisa secundária” pois se refere ao levantamento de dados, informações e estudos já publicados ou referentes ao contratante e seu segmento.
Em grande parte do mercado de monitoramento de mídias sociais, entretanto, o termo é quase desconhecido. Isto é resultante tanto da origem muitas vezes dissociada do mundo da pesquisa de mercado quanto da pouca preocupação metodológica nos estudos. Usei o termo em inglês para o título deste texto justamente pelo curioso fato de que o analista de monitoramento de mídias sociais já faz o núcleo do seu trabalho, ironicamente, sentadinho em uma mesa. Então segue uma lista de táticas de desk research que casam bem com as práticas de monitoramento de mídias sociais:
Pesquisas e Relatórios já comprados/realizados pela empresa. Quais as expectativas de seu cliente? A discrepância entre expectativa e entrega é um dos grandes entraves no relacionamento entre empresa e pesquisadores. Ao solicitar e avaliar os relatórios e produtos de informação já recebidos, o benefício de diminuir esta discrepância já é um primeiro valor a ser retirado desta estratégia.
Porém, mais do que isso, em empresas de porte mais avançado, o cruzamento de dados e análises provenientes de diversas modalidades de coleta de dados e pesquisas (surveys, grupos focais, pesquisa de mídia etc) permite gerar ainda mais informação. Cada fornecedor não deve estar isolado em seus silos, mas aproveitar o que os outros olhares sobre a inteligência da empresa podem trazer. Assim, a primeira tarefa de desk research durante a fase de planejamento e implementação de projetos de monitoramento de mídias sociais é levantar quais outros produtos de informação o cliente possui ou já possuiu.
Associações Setoriais – praticamente qualquer setor industrial, de comércio ou serviços possui associações e similares em defesa de seus mercados. FIESP, FIEMG, Abrabe (bebidas), Abrati (transporte), Abrasce (shoppings), Sindiomas (escolas de idiomas), Abimci (madeira processada), Alshop (lojistas de shoppings) são alguns exemplos de associações setoriais que procuram organizar conhecimentos sobre seus mercados. Boa parte de associações como estas publicam de forma aberta pesquisas e levantamentos que podem servir de referências de dados ou conceitos para o analista de monitoramento na melhoria de suas análises e conclusões.
A tela ao lado, de pesquisa da ANTP, por exemplo, compara a avaliação do serviço de transporte público na área metropolitana de São Paulo. São dados de interesses para estudos e pesquisas de monitoramento de mídias sociais direcionados a linhas de ônibus, empresas de táxi, gestão municipal etc.
Dados de Institutos de Pesquisa sobre Internet. Alguns institutos de pesquisa ou outras iniciativas como CGI.br, Comscore Ibope e outros são importantes fontes sobre o comportamento dos indivíduos online. Dados sobre plataformas preferidas, intensidade de uso, distribuição geográfica e motivações de uso são levantadas por organizações como estas e podem ser utilizadas como dados contextualizadores.
Relatórios de Monitoramento para Divulgação. Um mapeamento realizado por Nathan Gilliatt lista mais de 720 ferramentas de social analytics. Estas empresas, assim como agências, consultorias e até profissionais, frequentemente publicam relatórios sobre de benchmarking ou sobre determinados acontecimentos e segmentos de mercado, com o intuito de divulgar suas funcionalidades e serviços. Tais relatórios e documentos podem ser mapeados pelo analista, que assim entenderá diversos olhares e interpretações possíveis sobre dados da área de interesse do seu contratante.
Pesquisa Acadêmica. Aqui está uma das pérolas mais úteis, porém muito ignoradas. Anualmente, dezenas de milhares de pesquisadores recebem títulos de mestrado ou doutorado no Brasil, em número crescente. Todos eles publicam teses e dissertações com os resultados de suas pesquisas. Boa parte deles são de áreas que podem envolver direta ou indiretamente comportamento social, como Comunicação, Ciência Política, Linguística, Computação Social e Psicologia. As descobertas, sistematizações, conceitos e teorias de algum estudioso acadêmico poderão servir a seu projeto de pesquisa e monitoramento de mídias sociais.
Buscadores especializados como Google Acadêmico e Periódicos Capes permitem encontrar não só teses e dissertações, mas também as numerosas revistas acadêmicas. O Brasil é especialmente reconhecido, quando comparado às potências em produção científica, como um país com alta taxa de compartilhamento de dados científicos. Em outra postagem indiquei lista de blogs acadêmicos que poderá ser útil como primeiro contato.
Observe, por exemplo, alguns trabalhos publicados no Intercom 2014. Há trabalhos sobre haters políticos e ódio no facebook, literatura digital, e-commerce, cinema, blogs de moda e outros. Tais artigos, baseadas em diferentes referenciais teóricos, podem ser utilizadas como ponto de partida para a criação de categorias de análise para segmentos relacionados. Algums exemplos: os tipos de comentários mapeados em artigo sobre o Filmow podem ser ponto de partida para categorias e tags usadas em relatórios que trarão como output um guia de respostas a uma distribuidora de cinema como a Paris Filmes; o artigo que tratas percepções sobre o Guaraná Jesus e territorialidade é um bom documento de apoio na análise do branding desde a compra pela Coca Cola; e as quantificações realizadas em trabalho sobre haters políticos podem ser marco comparativo em monitoramentos políticos para os partidos estudados.
Documentários – entre o informacional e o artístico, documentários são um modo divertido de imergir ainda mais no universo temático da pesquisa. Trazem a vantagem de serem, via de regra, trabalhos autorais que muitas vezes irão de encontro às narrativas e interpretações de associações setoriais. Por exemplo, o documentário Into Eternity destrincha a construção do Onkalo, o primeiro depósito “permanente” de lixo nuclear. Ao longo das entrevistas em seus 75 minutos, toca em questões sociais e filosóficas em torno da iniciativa. Para estudos envolvendo a questão energética, é uma grande fonte de inspiração.
Assim como temas distantes da realidade cotidiana como o armazenamento de lixo nuclear, outros ambientes sociais estranhos ao pesquisador podem ser melhor entendidos através de documentários. No caso acima, as entrevistas realizadas por Eduardo Coutinho em Últimas Conversas, editado e lançado postumamente, permite aos interessados compreender melhor as aflições, sonhos, visões de mundo e comportamento de adolescentes.