The Vignelli Canon – livro sobre design gráfico

the-vignelli-canonMassimo Vignelli acaba de lançar em pdf e gratuito o The Vignelli Canon (pdf). É um livro com os fundamentos do design, divido em duas partes. A primeira é sobre os valores “intangíveis”, enquanto a segunda traz considerações sobre as técnicas do design gráfico.

Vignelli é um dos grandes nomes do design gráfico desde a década de 1960. Atualmente é um grande detrator do “design pós-moderno”. No documentário Helvetica, por exemplo, declarou polemicamente que “nos anos 70, a geração jovem estava atrás de fontes psicodélicas, e qualquer coisa junkie que poderiam encontrar. Nos anos 80, com suas mentes completamente confusas por essa doença que foi chamada de Pós-Modernismo, as pessoas estavam desnorteadas como galinhas sem cabeça, usando todo tipo de fontes que poderiam dizer “não modernas”.

Neste livro continua com as palavras ácidas, como em:

The advent of the computer generated the phenomena called desktop publishing. This enabled anyone who could type the freedom of using any available typeface and do any kind of distortion. It was a disaster of mega proportions. A cultural pollution of incomparable dimension. As I said, at the time, if all people doing desktop publishing were doctors we would all be dead!

Na Parte 1 Vignelli escreve sobre is valores “intangíveis que acredita: semântica, sintaxe, pragmática, disciplina, propriedade, ambiguidade, unicidade, poder visual, elegância intelectual, atemporalidade, responsabilidade e equidade.

A segunda parte é sobre o tangível: tamanhos de papel; grelha, margem, colunas e módulos; carta corporativa; grelhas para livros; família de fontes, as básicas; alinhamento à esquerda, centro ou justificado; relação entre tamanhos de fontes; fios tipográficos; contratando tamanho de fontes; escala; textura; cor; layouts; sequência; acabamento; identidade e diversidade; espaço em branco; uma coleção de experiência; e conclusão.

Destaco o trecho sobre sequência. É uma dimensão do design de brochuras (revistas, livros, guias…) que é comumente ignorada e que eu penso ser de importância crucial para a maioria das publicações desse tipo. Segue um trecho e a imagem de uma dupla:

A publication, whether a magazine, a book, a brochure, or even a tabloid is a cinematic object where turning of the pages is an integral part of the reading experience. A publication is simultaneously the static experience of a spread and the cinematic experience of a sequence of pages.

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+ Resenhas de mais livros

Teoria da Cultura de Massa

teoria-da-cultura-de-massa-luiz-costa-limaTeoria da Cultura de Massa, com introdução, comentários e seleção de Luiz Costa Lima reúne doze dos textos mais clássicos da área das teorias que observam a cultura de massa, como sociologia, comunicação, semiótica e arte.

Com direito a capa colada com durex, a imagem ao lado é o meu exemplar escaneado: primeira edição, de 1969 pela Editôra (com circunflexo e tudo) Saga. Já são seis edições, desde então, agora na editora Paz e Terra.

O nome deste blog é levemente inspirado no título de Visão, Som e Fúria de Marshall McLuhan. O teórico canadense, autor de Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem, foi um dos pesquisadores mais “pop” dos anos 60 e 70, ao ponto de fazer participação no filme de Woody Allen chamado Annie Hall (me recuso a reproduzir a “tradução” do título em português).

McLuhan dicuste os meios de comunicação dando alguma ênfase na forma específica de cada um deles. Portanto, discute a página impressa a partir dos livros da época de Gutemberg, que “liquidou” com a cultura manuscrita  e que criou uma cultura abstrata. Discute a invenção da fotografia e do jornal como uma mudança para o visual. E a televisão, por sua vez, como a retomada de uma cultura da visão e do som. A partir deste paradigama, junto a outros “avanços” tecnológicos da comunicação e dos transportes, criou o conceito de “aldeia global”.

Este texto de McLuhan foi originalmente publicado em 1954. O autor faleceu antes do advento da internet comercial. Hoje em dia suas teorias ainda são discutidas em relação aos novos meios, como computador, dispositivos móveis etc.  Praticamente todos os textos deste livro ainda são “atuais” na discussão da comunicação e cultura “de massa”. Recomendo especialmente também os textos de Jean Baudrillard e Roland Barthes.

Os doze textos são:
Doutrinas sobre a Comunicação de Massas – Abraham A. Moles
Comunicação de Massa, Gosto Popular e A Organização da Ação Social – Paul F. Lazarsfeld, Robert K. Merton
O Turno da Noite – David Riesman
Visão, Som e Fúria – Marshall McLuhan
A Indústria Cultural, O Iluminismo como Mistificação de Massa – Max Horkheimer, Theodor W. Adorno
A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica – Walter Benjamin
A Arte na Sociedade Unidimensional – Herbert Marcuse
Sociologia da Vanguarda – Edoardo Sanguineti
Significação da Publicidade – Jean Baudrillard
A Semiologia: Ciência Crítica e/ou Crítica da Ciência – Julia Kristeva
A Mensagem Fotográfica – Roland Barthes
Estilo e Meio no Filme – Erwin Panofsky

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Bauhaus, de Magdalena Droste

bauhausNo epílogo de Bauhaus, Magdalena Droste reitera no leitor a impressão de um trabalho bem feito. Com o subtítulo “Lenda da Bauhaus”, o epílogo formula, com todas as palavras, o que já estava por baixo das palavras em cada uma das noventa e quatro páginas anteriores do livro. O “Estilo Bauhaus” e a lenda sobre seu sistema de ensino são em parte construção do trabalho de relações públicas que Walter Gropius manteve, mesmo depois do fechamento da escola.

Porém, essa constatação não significa que a Bauhaus deixa de  ser um marco fundamental na história do design.  Neste livro da Taschen, são mais de trinta pequenos capítulos sobre a história da escola da sua fundação em 1919 ao fechamento em 1933.

O texto crítico de Droste aborda, é claro, os diretores Walter Gropius, Hannes Meyer e Mies van der Rohe, de seus diferentes sistemas de ensino, das proposições políticas de cada fase, das brigas de poder e dos mestres que passaram pela escola como Wassily Kandisnky, Paul Klee, László Moholy-Nagy entre outros. Mas não se resume a isso.

Como já disse, o texto sobre todos esses tópicos indispensáveis é crítico e bem escrito. Mas algumas questões, que poderiam ser facilmente deixadas de lado por outro historiador, marcam presença. É o caso do capítulo “Mulheres, Homens, Casais”, no qual critica os critérios de seleção que favoreciam homens, e escreve sobre o papel desempenhado por Ise Gropius, Lilly Reich e outras mulheres na Bauhaus.

Há duas edições deste livro. A que resenhei e que tem a capa que serve de imagem do post, é  a versão menor e mais barata. Mas também há uma versão maior, daquelas de “pôr na mesinha de centro”.

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– Vejam os preços de ambas as versões de Bauhaus
– Artigo do Wikipédia sobre a Bauhaus

Ponto Linha Plano, de Wassily Kandinsky

ponto-linha-plano-wassily-kandinskyOra traduzido por “Ponto, Linha, Plano“, ora como “Ponto e Linha Sobre Plano“, o livro de Wassily Kandinsky originalmente se chama Punkt und Linie zu Fläche no original em alemão. O artista e teórico foi um dentre o primeiro grupo de “mestres” da Bauhaus. Ensinou nesta universidade de 1922 até seu fechamento em 1933, pelo regime nazista.

Ponto, Linha, Plano foi lançado pela primeira vez em 1926, em Munique. Fazia parte da coleção Bauhaus Bucher, dirigida pelo então diretor da instituição, Walter Gropius e por Lászlo Moholy-Nagy. Junto a Do Espiritual na Arte e Curso da Bauhaus foram a tríade das obras teóricas de Kandinsky.

Esta edição brasileira, da coleção arte&comunicação” da edições 70 foi lançada em… 1970. Além dos prefácios e da introdução, os capítulos são justamente estes três elementos fundamentais: ponto, linha e plano original. O apêndice traz 25 aplicações dos conceitos abordados no livro.

O excerto abaixo da apresentação por Philippe Sers, descreve bem a proposta de Kandisnky:

O estudo, para Kandinsky, deve começar pelos elementos mais simples que são também os elementos necessários sem os quais nenhuma pintura é possível. […] Ponto-Linha-Plano é dedicado à análise de dois elementos fundamentais da forma: o ponto, elemento a partir do qual decorrem todas as outras formas, e a linha. O método aqui proposto consiste no estudo desses dois elementos primeiro em abstrato, sem suporte material, depois em relação com uma superfície material, ou seja, com o plano.”

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Projeto Gráfico – teoria e prática da diagramação, de Antonio Celso Collaro

projeto-grafico-teoria-e-pratica-da-diagramacaoQuem estiver à procura de um livro que pense a diagramação de forma teórica, não deve utilizar este livro, apesar do título. Lançado em 1987 por Antonio Celso Collaro traz muitas considerações práticas, sobre como “direcionar a leitura” ou “conseguir a atenção”, mas de forma funcionalista apenas. Não se pergunta como, nem se debruça sobre a razão da utilização daquelas determinadas técnicas. Na segunda página do primeiro capítulo, o autor define estilo e exemplifica com estilos na arquitetura (!?), mas o máximo que consegue falar sobre cada um deles é em que séculos estiveram dominantes.

O livro é dividido da seguinte forma:

Cap. I – Princípios de Diagramação
Cap. II – Tipologia
Cap. III – Tipometria
Cap. IV – Sistemas de Composição Tipográfica
Cap. V – Obtenção de Textos para Reprodução Gráfica
Cap. VI – Cálculo de Texto
Cap. VII – Diagramação de Livros
Cap. VIII – House Organs
Cap. IX – Moderno Desenho dos Tablóides
Cap. X – O Jornal
Cap. XI – Os Sistemas de Impressão
Cap. XII – O Suporte e sua Importância na Reprodução de Impressos

O capítulo mais interessante é o oitavo, sobre house organs. Mas isso talvez porque não tenho experiência com o formato. No final das contas, é um livro que tenta abarcar assuntos demais em 100 páginas, e acaba por não se aprofundar o suficiente em nenhum deles. Pode ser tomado por um livro básico, mas não vai além disso. A edição de 2000 é atualizada com “os mais recentes recursos da informática”.

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