Hoje o papo é com Wesley Muniz. Com experiência em agências como Coworkers, ID/TBWA, We Are Social e Flagcx, Wesley levou os aprendizados para dentro da organização. Hoje é Gerente de BI e Social Insights no Bradesco e contará no Social Analytics Summit sobre esta transição, em debate com o Gabriel Ishida (Pernod Ricard).
Tarcízio: Você começou a trabalhar com mídias sociais em um momento em que o “analista” era o faz tudo ainda. Como você vê a crescente especialização em áreas e etapas específicas?
Wesley: A especialização nas áreas permite um melhor amadurecimento entre os profissionais de BI e social analytics, principalmente porque eles possuem um foco de atuação e podem pesquisar e se atualizar com maior facilidade, já que tem definido o seu papel tanto na organização quanto como perfil profissional. Não é um profissional que faz “aquilo que dá no momento que se pedem”. O único perigo é construir um muro entre a sua área e as outras. Eu defendo que apesar de ter que ser um especialista no que faz, o profissional de analytics precisa conhecer todas as outras áreas que apoia. Como passei por praticamente todas as áreas e conheço os fluxos, o trabalho fica mais orgânico, alinhado e fluído. É importante conhecer mais do que o campo de atuação.
T: É possível gerar bons insights usando as mídias sociais para um público formado por clientes de um banco? Quais as diferenças para outros segmentos que você conhece bem como bebidas?
W: Sim, muitos. Pelas mídias sociais não apenas conhecemos melhor suas necessidades, anseios e problemas em relação às instituições bancárias (nossa e dos concorrentes), como é possível analisar grupos de redes de usuários e definir o que os interessa fora do campo “cliente x banco”. Dessa forma conseguimos descobrir qual tipo de conteúdo ele consome para poder transpor os seus interesses dentro dos nossos conteúdos e como abordá-los para se interessar tanto pela nossa cesta de serviços, como para conhecer melhor o banco. A maior diferença para outros segmentos é que os usuários de banco são mais obstinados à reclamação, então nosso trabalho é mais de proximidade e relacionamento do que de awareness e venda de um “estilo de vida”, como acontece no setor de bebidas. Além disso, é muito difícil definir qual o estilo de vida de um segmento que não possui um target tão bem definido, como é o de bebidas, então nós optamos por acreditar que trabalhamos com humanos, e nossa comunicação é dedicada a eles.
T: Que dicas e recomendações você daria aos leitores interessados em avançar seus conhecimentos em monitoramento, business intelligence e pesquisa em mídias sociais?
W: É muito importante não se interessar apenas por artigos diretamente ligados à área. Muito do que se aplica no monitoramento, BI e pesquisa é adquirido em outras áreas como antropologia, psicologia e comportamento do consumidor. Precisamos aprender a ser neutros em relação à nossa opinião e entender a opinião dos outros sem o juízo de valor. É essencial entender as pessoas, pois os números sozinhos não significam nada se não compreendemos o que há por trás deles. É interessante estudar um pouco de UX e sobre a “jornada do consumidor”, que vem sendo cada vez mais relevante para análises de grupos nas redes sociais.
Além das leituras, sair para conversar com outros profissionais e discutir bastante sobre a área é o que vai nos ajudar a conhecer novos caminhos de atualização.
—
Leia mais entrevistas com palestrantes do evento aqui no blog e no da Mariana Oliveira, além de conhecer mais sobre a grade em mediaeducation.com.br/socialanalytics/