12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010 – parte 4

Finalizando a série de posts com “12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010“, três livros especificamente sobre propaganda. Alguém disse em algum post perdido por aí que “mídias sociais são o oposto da propaganda”. Bobagem. Confundir propaganda com comunicação midiática de massa (que também não é o oposto de mídias sociais) é compreensível, mas não deixa de ser incorreto. Aquela comparação pressupõe uma definição limitada de propaganda, com a qual não concordo.

De uma forma ou de outra, muitos dos leitores desse blog e profissionais de mídias sociais em geral são publicitários ou estudantes de publicidade e propaganda. Para estes, que devem conhecer os livros abaixo, e, principalmente, para quem não é proveniente da área específica de propaganda (e aqui me incluo), sugiro os três livros abaixo para fechar a série de posts com 12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010.

E, para ser uma leitura ainda mais enriquecedora pelo contraste, três livros que não falam de internet. O primeiro foi escrito por um autor que nem chegou a conhecer a web. O segundo de dois autores que tratam de propaganda com exemplos de impressos. E o último de um autor brasileiro, mais atual, mas que escreveu o livro em uma época na qual a internet era inexpressiva.

a ciencia da propaganda - claude hopkinsA Ciência da Propaganda. Como já escrevi em outro post, o livro de Claude Hopkins não é científico nem acadêmico. Mas o uso da palavra “ciência” em 1923 foi uma tentativa de mostrar que era um trabalho sistemático de reunião de “leis da propaganda”.

Obviamente, muitas das coisas não se aplicam mais hoje em dia. Entretanto, são relatos, considerações e recomendações de um dos maiores publicitários da história, que trabalhou em uma era da propaganda bem particular, com estratégia como envio de amostras e cupons como foco. Se hoje continua a se discutir ROI e métricas, é um bom aprendizado ver como cada centavo de reembolso postal era decisivo.

a linguagem da propaganda - vestergaard schroderA Linguagem da Propaganda, de Torben Vestergaard e Kim Schroder. Em seis capítulos os autores destrincham a relação entre propaganda e sociedade, introduzem conceitos básicos de teoria da comunicação, elementos de um anúncio, estratégias de comunicação de gênero e classe, publicidade como espelho psicológico e a ideologia da propaganda.

O livro, de 1985, tambem é repleto de análises interessantíssimas, mostrando a riqueza sutil de anúncios impressos.

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planejamento de propaganda roberto correaPlanejamento de Propaganda. Do brasileiro Roberto Corrêa, o livro de 1986 já ganhou sua décima edição em 2008. O autor começa, no primeiro capítulo, a falar do papel da propaganda no mix de marketing de uma empresa. A partir daí fala de comunicação, de seu uso estratégico e vai para os pontos-chave para o planejamento: briefing, posicionamento, verba etc.

É um livro no qual o autor tentou ser bastante exaustivo. Durante a leitura, o exercício de conversão das técnicas para estratégias digitais é enriquecedor.

Então, é isso. Foram 12 livros para você, profissional ou futuro profissional de mídias sociais ler em 2010. Ler um desses livros a cada mês vai ajudar em muito no seu desenvolvimento, não tenha dúvida. Confira também os outros posts:

12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010 – parte 1
12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010 – parte 2
12 livros para o profissional de mídias sociais ler em 2010 – parte 3

Informação Linguagem Comunicação, de Décio Pignatari

informacao-linguagem-comunicacao-dacio-pignatariMais conhecido por sua atuação como poeta concretista, Décio Pignatari também é professor e pesquisador em Comunicação, Linguística e Semiótica. Em 1968 lançou o livro Informação, Linguagem, Comunicação.

Pignatari toma a Comunicação como uma parte da Teoria da Informação: “alguns teóricos e estudiosos chegam mesmo a distinguir entre informação e comunicação, o quenos parece um eco de uma outra distinção bastante arraigada e corrente, mas dificilmente sustentável, qual seja, a distinção entre forma e fundo, entre forma e conteúdo.”

O livro é dividido em seis capítulos. No final do livro, alguns pequenos ensaios que tratam de kitsch, arte gráfica, habitação etc.

1. Introdução à Teoria da Informação
2. Semiótica ou Teoria dos Signos
3. Estatística e Informação
4. A Teoria da Informação
5. Pesquisas e Aplicações
6. Comunicação e Cultura de Massas

Depois de tratar do básico da semiótica no segundo capítulo, aplica seus conceitos de forma interessante na análise de alguns anúncios publicitários.

A utilização, por Edgar Alan Poe, da tábia de frequência das letras na língua inglesa na construção de um mistéria em O Escaravelho de Ouro é o pontapé inicial do terceiro capítulo, no qual escreve sobre código, linguagem e metalinguagem.

Em seguida, aplica a teoria da informação à análise de um anúncio publicitário (fico devendo a imagem para breve, ok?):

“Natureza ambígua da informação: o apêndice nasal emoldutado por óculos e bigode se caracteriza por maior taxa de informação, ao mesmo tempo em que introduz um “ruído” no sistema altamente uniforme e redundante. Também ilustração do alargamento do repertório: no processo, o signo novo ganha significado crítico, tendendo para a metalinguagem. A ampliação do repertório está dialeticamente relacionada com o aumento de capacidade de metalinguagem.”

No capítulo sobre “cultura de massas” volta a mostrar uma posição elitista incômoda. Parece concordar com a chamada “cultura de elite” que deve ser “levada às massas”. Mas, apesar destas particularidades, o livro de Pignatari é uma boa introdução à semiótica e à teoria da informação e exibe um raciocínio argumentativo e matemático bem inspirador.

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