Mídia B #3

madia-bA Mídia B é uma revista produzida por alunos de comunicação da Faculdade Social da Bahia. É um projeto integrado entre as várias disciplinas de jornalismo.

Esse número, o terceiro, foi produzido em 2006. Este projeto gráfico-editorial é bem interessante. Foi uma edição temática, chamada “Sinais da Educação”. A revista foi publicada dividida em duas: de um lado, reportagens sobre acontecimentos e aspectos positivos do sistema educacional atual. Do outro, aspectos negativos. Duas capas, uma de cada lado. Sinal verde ou vermelho. O projeto gráfico é de Iansã Negrão, designer baiana responsável por vários projetos de peso, como o atual do Jornal A Tarde. A fotografia é mediana, e disposta bem quadradinha. Por outro lado, os elementos organizadores das páginas são caracteres tipográficos utilizados de forma criativa.

Jornalismo de Revista, de Marília Scalzo

Uma revista tem três características definidoras. A primeira é a especialização. Cada uma possui um tipo público bem definido e deve ser feita visando falar com essas pessoas, trazer projeto editorial e gráfico condizente com suas expectativas e repertório.

A segunda é o próprio formato físico. Maior apuro gráfico, papel e impressão melhores, portanto maior cuidado com a imagem. O design de revistas é algo mais refinado que o de outros produtos comunicacionais impressos. A terceira, finalmente, é a periodicidade. As revistas jornalísticas semanais, por exemplo, se diferenciam dos jornais impressos por aprofundar mais o assunto e por dar mais espaço para o estilo individual do escritor etc.

É a jornalista Marília Scalzo quem cita essas três características, altamente correlacionadas, em um capítulo breve e suculento de seu livro Jornalismo de Revista. Em nove capítulos, o livro trata de aspectos econômicos do mercado de revistas, história e evolução das revistas no Brasil, características do bom jornalista de revista, o que faz uma boa revista, e questões éticas.

Marília Scalzo dirige o famoso e concorrido Curso Abril de Jornalismo. Já trabalhou na Folha de São Paulo e nas revistas Playboy, Capricho, Veja SãoPaulo, Casa Claudia e A&D, além de ter criado o projeto editorial de Claudia Cozinha. O livro faz parte da coleção Comunicação, da Editora Contexto. Assim como os outros livros lançados (Jornalismo Digital, Assessoria de Imprensa, Jornalismo Cultural etc), foca-se em questões práticas da profissão, não tem peso teórico. Porém, são leituras muito interessantes, mesmo os trechos mais próximos ao relato.

Outro capítulo que destaco no livro é o VII: “O que é uma boa revista”. Além de falar da importância da pauta e do texto propriamente dito, a autora fala de quatro aspectos de maior relevância para os leitores aqui do blog. Capa, fotografia, infografia e design, com o bom subtítulo que, talvez justamente pela sua obviedade didática, é chamativo: “design de revista não é arte”.

+ Compre o livro aqui

Revista Lupa #3

Apesar da revista ser impressa em preto-e-branco, a matéria “Histórias do Oriente” (p.5-7), sobre migração oriental em Salvador, dispõe o texto das duas primeiras páginas de forma que lembrem a bandeira japonesa. Outro recurso mais interessante ainda (p.7) é, não sei se propositalmente, o seguinte. Textos dispostos em colunas separadas, com um ideograma e ilustração de dragão entre elas. A disposição dos elementos, acrescida da dinâmica da ilustração e do ideograma, remonta à escrita japonesa vertical. Estratégias interessantes, mas perdem um pouco da força ao serem usadas em conjunto, em tão poucas páginas.

“Ser ou não ser, eis a pressão” traz um ensaio de estúdio. A matéria trata de universitários que trocam de curso. Acertadamente o mesmo modelo aparece com figurinos “característicos” de diversas profissões diferentes. O miolo traz a seção Impressões, com ensaio fotográfico e texto de Thiago Martins. Além das deslumbrantes fotos de Monjolo, cidade interiorana de Minas Gerais, a composição das fotografias e o tipo utilizado fazem dessa dupla a mais interessante da revista.

A matéria sobre revistas baianas, a que mais me chamou atenção, traz um erro crasso. Abaixo de fotografia do número 2 da Lupa, traz a seguinte legenda: “Primeira revista da Faculdade de Comunicação da UFBA”. A Fraude (não citada), ainda em atividade e de vento em popa, é dois anos mais velha que a Lupa.

Ainda traz matérias sobre telejornalismo “popular” na Bahia, preconceito sexual nas escolas de ensino fundamental e médio, coletivo GIA, tatuagens. A seção ‘Cubo Mágico’, sempre criativa, traz textos em torno do tema “O Quarto”, inclusive um sobre o Armário, de autoria de Cadu Oliveira, blogueiro amigo. Fechando a revista, depois da tirinha Rabuga (bem-intencionada e com erro de ortografia), uma ilustração do sempre ótimo Daniel Bueno.

Em breve, postagem sobre o número 4. E, ainda neste semestre, cobertura do lançamento do quinto número.

+ Mais
Blog da revista
– Download em pdf
Portfólio e blog da diretora de arte, Alice Vargas

Revista Fraude #4

E a revista Fraude chega, em 2006, ao seu quarto número. Desta vez, além de escrever, comecei minha experiência em design de revistas. Além da evolução na tiragem (1000 exemplares), a equipe se mantêm completa desde 2005 e é um exercício interessante comparar este número com o terceiro.

A melhor matéria, mais jornalística, trata da polêmica sobre o conceito de cinema independente na Bahia. O meu texto trata das adaptações, para outras mídias, dos contos de Lovecraft, agora em domínio público. Além destes, destaco o guia sobre onde comprar quadrinhos em Salvador: livrarias, sebos, lojas…

Nesta edição começam a ser usadas vinhetas mais explícitas para cada editoria. Os pontos altos do design são, na minha opinião: a dupla 32-33, da matéria ‘Terra dos Sonhos’; a primeira página (apesar de tematicamente equivocada) da matéria sobre cinema independente (p.22); e, por fim, a melhor: a dupla 10-11 com ótimas colagens.

Na capa, o conceito de “fraude”, já utilizado naturalmente nos outros anos, é mais “escancarado”. Livremente baseado no encarte do primeiro CD do Cansei de Ser Sexy, é a capa melhor produzida (digo mais produzida, e não mais bonita: ainda prefiro a da número dois) até agora.

+ Baixe a revista no nosso Hd Virtual
+ Blog do PetCom
+ Blog da revista
+ Leia o primeiro número
+ Leia o segundo número
+ Leia o terceiro número

Revista Fraude #1

Fazer revista não é fácil. Criar uma revista, então, é um feito memorável. No início de 2004, os bolsistas do PetCom criaram a revista Fraude. O nome é explicado no editorial: “antes que nos denunciem, a gente estampa na capa. É Fraude mesmo. Aliás, o que não é fraude nesse mundo? É cópia arrotando originalidade. Um monte de gente fazendo o que já foi feito e dizendo que foi o primeiro a fazer“.

A publicação propôs-se ser, além de exercício para sua equipe, ser um espaço alternativo para tratar de cultura. Cultura soteropolitana (ainda incipiente nesse primeiro número) ou mundial (como os MMORPGs).

“O bofe é uma fraude”, escrita pelo professor faconiano Maurício Tavares critica a “cultura do bofe”, prática preconceituosa de valoração do homossexual ativo (que não se dizia homossexual) em relação ao passivo. “A Vida em Jogo” fala dos jogos online de RPG que unem milhares e milhares de jogadores pelo mundo. A matéria de capa, chamada “Caçadores da pauta perdida”, ao traçar um paralelo de TinTim a Tim Lopes, fala dos mitos, problemas e recompensas da prática jornalística. Em “Heróis de Sangue Azul” fala de migrações intermídia, focando na caixa de biscoi… ops, heróis sortidos, de “A Liga Extraordinária”.

A revista ainda traz reportagem sobre auto-publicação de literatura, MPB e séries televisivas. E a sementinha em cima do mousse é uma entrevista com Fábio Massari.

Visualmente, a revista é bem inventiva. Um recurso que eu acho ideal para o jornalismo cultural é a não retangularidade das fotografias. O jornalismo cultural geralmente não está atrelado a questões extremamente factuais e, por isso, os designer devem prezar pela beleza e irreverência das páginas, algo impossível de se fazer com uma revista entupida de quadrados e retângulos.

Algumas páginas merecem destaque. A do editorial com contraste máximo e uma ilustração que liga o índice ao expediente de uma forma sutil, por exemplo. As três páginas da matéria “Literatura de esgoto” utilizam uma sequencialidade vertical, algo incomum. Por outro lado, a matéria sobre MPB é confusa. A inserção de uma publicidade na terceira página quebra a unidade ao ponto de parecer que toda a página é publicidade.

A capa é ótima. Inaugurou a tendência de ter sempre capas referenciais a algum meio ou produto comunicacional. Dessa vez a capa simula um jornal belga – ou francês – que traz manchete e imagem da criação de Hergé.

Em breve postarei os outros quatro números da revista. A partir do terceiro comentarei aspectos produtivos, no papel de redator (#3), designer (#4) e diretor de arte (#5).

+ Baixem a revista no nosso Hd Virtual
+ Página do PetCom
+ Blog da revista