Medindo a influência nas mídias sociais [10]: entrevista com Mariana Oliveira

A série de entrevistas “Medindo a influência nas mídias sociais” está trazendo sempre duas perguntas comuns a todos entrevistados: (a) o que é influência nas mídias sociais?; (b) conseguiremos algum escore padrão de medição dessa influência? As entrevistas passadas dessa série podem ser vistas através da tag entrevistas – influencia.

A décima entrevista foi realizada com Mariana Oliveira, Analista de Pesquisa e Métricas em Mídias Sociais na Talk Estratégias Digitais. Participou da campanha presidencial online de 2010, nas estratégias de Monitoramento e Métricas do candidato José Serra. Estuda as interseções entre comunicação e internet, em especial as redes, política e comportamento e bloga no marianarrpp.com, além do Dossiê Alex Primo, no Blog Mídias Sociais e no Blog da Talk.

O que define a influência nas mídias sociais, para você? Qual a importância de medi-la?
Pra mim, é impossível separar influência de outras duas palavras: contexto e público. Influente para que público? Em que situação? Uma pessoa considerada influente no Twitter pode estar associada a um grupo (blogueiras de moda, por exemplo) e não exercer nenhuma influência em outros grupos. Então creio que só podemos identificar os “influentes” nas mídias sociais depois de delimitarmos qual público desejamos atingir. Partindo desse mapeamento, a influência é a capacidade de propagar uma mensagem para um grupo específico, seja para esclarecer ou engajar, abrigando variáveis como confiança e credibilidade. É uma forma de poder/autoridade em alguma área, fruto do reconhecimento público, e que pode ser determinante em diversas situações, como processos de decisão de compra, por exemplo.

Como é o trabalho de análise e monitoramento das mídias sociais em eleições? Quais as diferenças?
Nas eleições de 2010, o trabalho de análise e monitoramento de mídias sociais serviu como uma espécie de “bússola” para as estratégias digitais das campanhas, buscando oportunidades de interação e orientando ações de engajamento (call-to-actions). Para efeito de comparação, a equipe de monitoramento analisa os índices dos três principais candidatos, identificando os atores em destaque de cada situação e analisando de que maneira se davam as relações entre eles. Além da análise de sentimento, outros dados são considerados ara análise: principais assuntos de interesse dos públicos envolvidos (detratores, ativadores, questionadores, etc), influenciadores em determinados grupos e, principalmente, os eleitores “em dúvida”, que estavam em busca de informações que definiriam seu voto.
Além de nortear a estratégia principal, o monitoramento permite estar atento às estratégias alheias, sendo fundamental na gestão de crises em campanhas políticas. Por exemplo: se havia suspeita de um “twittaço” marcado para o dia X, era possível preparar as bases de ativadores para reagir.

As eleições de 2012 estão chegando e imagino que a necessidade de segmentar a análise dos perfis vai ser ainda mais importante. O que você espera do mercado e das práticas de análise e métricas de mídias sociais para o próximo ano?
Eu espero que a área de monitoramento e métricas de mídias sociais contribuam, nas eleições de 2012, de maneira mais focada na prevenção do que na reação. Antever as crises, possibiltando o planejamento de diversos cenários e, assim, não ficar “correndo atrás da máquina” reagindo às campanhas dos adversários.
Uma das maiores dificuldades é o fluxo de informação: “encontrei uma informação valiosa num blog, para quem eu passo?”. O processo é tão cheio de empecilhos que até chegar a quem deveria, já se foi o momento. Assim, a melhoria nos processos e fluxos da informação ainda é uma das coisas que eu espero do mercado, para que estes dados provenientes das práticas de análise/métricas sejam apresentados e façam algum sentido, e não fiquem presos em algum relatório jamais lido.

Analistas de comunicação digital terão, algum dia, um escore básico e consensual no mercado para se basear? O Klout Score está tentando virar esse índice padrão, mas será que ele – ou qualquer outro – conseguirá?
Posso ser pessimista, mas creio que não. Acreditar em um escore consensual é ignorar duas etapas importantes:
– desconsiderar as transformações diárias que o mercado de comunicação digital sofre, como mudanças nas APIs ou nos mecanismos de busca, adoção de novas práticas em redes já estabelecidas (como o Facebook), surgimento de novos sites/redes de influência, etc.
– descontextualizar o cliente, ignorando algumas razões para aquele índice. Como exemplo, lembremos da Arezzo que, há pouco tempo, ganhou subitamente muitos fãs/seguidores por causa do ocorrido com a coleção de peles. Com certeza seu índice de influência cresceu (muitos seguidores, menções, RTs), mas esse escore é capaz de identificar o contexto desse crescimento?
Acredito que os índices como o Klout e PeerIndex possam ser um bom ponto de partida para a análise de influência, mas em seguida devem abrir um leque de possibilidades para transformar esse número em algo que tenha significado no contexto do cliente. Se meu cliente é um político e eu lhe digo que seu Klout é 55, isso não diz muita coisa se não for comparado a outros políticos, seguido de uma análise de conteúdo do perfil, ou ao menos acompanhado de uma minuciosa análise de sentimento. Já vi casos em que o índice do Klout é super alto e 98% das menções são negativas. Que tipo de influência é essa que estamos procurando, se desacompanhada de dados que possam ter significado?

Que avanços futuros você vislumbra para a mensuração e monitoramento das mídias sociais?
Mais do que o surgimento de novas ferramentas ou índices-padrão, eu espero que seja possível entender mais de comportamento humano, cruzar esses dados e estabelecer padrões que nos ajudem a compreender como isso se reflete nas mídias sociais.

Ebook “Mídias Sociais e Eleições 2010”

E o ebook “Mídias Sociais e Eleições 2010” foi lançado! Organizado pela PaperCliQ, Nina Santos e Ruan Brito, é uma publicação que reúne 23 artigos de pesquisadores e profissionais convidados e selecionados. Veja a lista de artigos e autores e o ebook em seguida. Para baixar, acesse o ebook no SlideShare.

Redes sociais e eleições em 2010 (Murilllo de Aragão)

De @Candidato para @Eleitor. Enter! (Leandro Mazzini)

Mídias Sociais e as Eleições Brasileiras de 2010 (Carlos Manhanelli)

A influência da campanha Obama nas eleições brasileiras de 2010 (Mariana Oliveira)

Comunidades do Orkut sobre Presidenciáveis nas Eleições Brasileiras de 2010 (Ruan Brito)

O papel da militância através das redes sociais durante as eleições (Gil Castillo)

Democracia, eleições e redes sociais online: uma possibilidade de pluralização do diálogo (Nina Santos)

Branded Content nas Eleições 2010 (Danila Dourado)

Interface entre Jogos Sociais e Política: Oportunidades e Estratégias de Diferenciação (Marcel Ayres e Renata Cerqueira)

Monitoramento de Conversações sobre Políticos: prática, limites e possibilidades (Tarcízio Silva)

Blog do Terra sobre Mídias Sociais e Eleições (Ana Brambilla)

A cobertura da primeira campanha on line na redação de A TARDE (Larissa Oliveira)

Controle e Espetáculo – Privacidade & Transparência na Política e Eleições (Martha Gabriel)

A interação e a mobilização nas redes sociais dos três princiais presidenciáveis (Ana Maria Bicca da Silva e Elaine Fronza)

Candidatos Virtuais: O oficial e o oficioso no ciberespaço (Natália de Oliveira Santos, Anna Paula Castro Alves, Carolina Tomaz Batista, Adriana Cristina Omena Dos Santos)

O papel do blogueiro e o engajamento espontâneo nas eleições (Sueli Dantas Bacelar)

O Twitter e as Campanhas Políticas: Uma Análise da Conversação dos Presidenciáveis (Gabriela da Fonseca)

O Uso do Twitter pelos Presidenciáveis (Andréia da Silva Martins)

Participação política na Era Digital: um estudo de caso das #Eleições2010 (Patrícia Gonçaves Rossini)

Midias sociais e a aproximação do eleitor com o candidato (Claudiana Santos Silva)

A campanha virtual pode ser igual para todos os candidatos? (Fernanda Fabian)

Política? “E eu com isso?” (Samantha Shiraisi)

A relação entre redes sociais na internet e o certame eleitoral no Brasil (Luiz Marcos Ferreira Júnior)

Webinar de lançamento do ebook “Mídias Sociais e Eleições 2010”

Com 23 artigos de articulistas convidados e selecionados, o ebook “Mídias Sociais e Eleições 2010” é a segunda publicação do tipo lançada pela PaperCliQ. Ano passado o ebook “#MídiasSociais: Perspectivas, Tendências e Reflexões” movimentou a web brasileira.

A nova publicação será foi lançada online dia 03 de maio, às 21 horas no Papos na Rede. Com a participação dos co-organizadores Nina Santos e Ruan Brito, a programação será foi a seguinte:
– Apresentação do ebook
– Apresentação do artigo “Democracia, eleições e redes sociais online: uma possibilidade de pluralização do diálogo
– Apresentação do artigo “Uma Análise das Comunidades do Orkut Voltadas para Presidenciáveis nas Eleições Brasileiras de 2010
– Divulgação do link para o público.

Veja o ebook em http://www.slideshare.net/tarushijio/ebook-midias-sociais-e-eleicoes-2010

Mídias Sociais e Eleições 2010: ebook será lançado em breve

O ebook Mídias Sociais e Eleições 2010, que organizamos junto com Nina Santos e Ruan Carlos Brito, está na fase final de produção e já tem capa! A publicação tem 23 artigos de convidados e selecionados como Martha Gabriel, Mariana Oliveira, Gil Castillo, Ana Brambilla, Marcel Ayres, Renata Cerqueira e Danila Dourado. Assim como no primeiro ebook que produzimos, meu artigo é sobre monitoramento de marcas e conversações. Falo um pouco sobre monitoramento, particularidades do monitoramento para fins de campanhas eleitorais, algumas aplicações e sobre a recepção do mercado. Em alguns dias o ebook será lançado. Fique ligado e não perca!