Você sabe o que são data brokers? Quem te classifica e define seus escores de crédito?

Você sabe o que é um data broker? É basicamente uma empresa que coleta, armazena, processa, “enriquece” (com mais variáveis e classificações) dados e os vende para diversos fins. No campo financeiro há empresas como Serasa, Experian e afins que desenvolvem produtos para apoiar empresas de marketing e do mercado financeiro. Um deles é o Serasa Score, que define oportunidades de vida para a população brasileira, com impactos mais intensos em populações já vulnerabilizadas.

Curiosamente, o tema é pouco discutido na literatura acadêmica, inclusive a brasileira. Pensando nisto, a pesquisadora Laudelina L. Pereira desenvolveu trabalho sobre o tema em sua especialização (que pude orientar) e segue expandindo o estudo sobre tecnologias similares. Um dos resultados decorrentes desta primeira fase do estudo foi o nosso artigo Classificação Geodemográfica e a Assimetria na Dataficação de Crédito.  Resumo:

O mercado de compra e venda de dados pessoais tem papel de destaque na economia informacional. Diante do alto volume de informações pessoais, ferramentas de segmentação despertam cada vez mais interesse das organizações, já que por meio de tecnologias de big data, constroem perfis apurados da população. Para compreender as características deste tipo de classificação, analisamos a ferramenta de classificação geodemográfica Mosaic em contraposição a uma de suas aplicações na ponta do consumidor: o Score Serasa. O Mosaic classifica a população brasileira com base no seu poder de consumo em 11 categorias e 40 segmentos. Este método de categorização considera aspectos financeiros, geográficos, demográficos, de consumo, comportamento e estilo de vida. Por sua vez, o Serasa Score é ferramenta compulsória para algumas classes de cidadãos, que precisam entrar no jogo da otimização contínua de seus índices. O estudo analisa a opacidade dos sistemas e assimetrias da classificação geodemográfica.

O artigo foi publicado em dossiê sobre sociologia digital da revista Inter-Legere, da UFRN. Acesse em: