O Design Brasileiro Antes do Design – Aspectos da História Gráfica, 1870-1960

o-design-brasileiro-antes-do-designMuitos consideram a criação da ESDI, em 1963, como o marco inicial do design brasileiro. Mas, apesar de que o termo “design” só foi utilizado no país a partir dessa época, algumas práticas anteriores evidenciam que a história gráfica do Brasil entre 1870 e 1960 apresentou inúmeras manifestações do que pode ser chamado hoje de design. É isso que Rafael Cardoso, organizador do livro O Design Brasileiro Antes do Design prova através dos ensaios selecionados.

O primeiro texto é A circulação de imagens no Brasil oitocentista: uma história com marca registrada, no qual Lívia Lazzaro Rezende escreve sobre desenho de marcas e embalagens no final do século XIX.

Em seguida, Do gráfico ao foto-gráfico: a presença da fotografia nos impressos, trata do início da utilização de fotografia em periódicos, revistas ilustradas e álbuns. Texto de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade.

A Maçã e a renovação do design editorial na década de 1920, no qual Aline Haluch escreve sobre esta e outras publicações lançadas no início do século, abre um miolo com cinco textos sobre design editorial.

O texto seguinte, de Julieta Costa Sobral, dedicado a J. Carlos, sobre o qual já escrevi neste blog. Do organizador Rafael Cardoso, O início do design de livros no Brasil. De Edna Lúcia Cunha Lina & Márcia Christina Ferreira, o texto Santa Rosa: um designer a serviço da literatura. Também em torno de um artista é o texto Ernst Zeuner e a Livraria Globo, sobre o artista alemão radicado no Brasil.

Em Os baralhos da Copag entre 1920 e 1960 Priscila Farias fala dessa indústria, que pede um design “invisível”:

“[…] o apego às tradições e o respeito a convenções estabelecidas historicamente são fundamentais para garantir a identidade e permanência dos jogos tradicionais. Some-se a isso a resistência de jogadores e fabricantes a aceitar novidades, justificada pelo fato de que certas mudanças poderiam incentivar ou favorecer a fraude, e o resultado é que podemos encontrar nas cartas de jogar, assim como na tipografia tradicional, registros visuais bastante precisos dos gostos e costumes de eras remotas.”

E, para fechar o livro, Capas de discos: os primeiros anos, de Egeu Laus. Neste blog já foi publicado um texto sobre César G. Villela.

O livro, publicado pela Cosac Naify, foi editado com várias sobrecapas diferentes. Por baixo destas, uma capa vermelha (acho que 75% dos livros sobre design tem capa vermelha) com fio tipográfico delimitando o espaço do título e nome do autor.

É um livro fascinante da primeira à última página. São 360 recheadas de ilustrações, com um projeto gráfico excelente. No ano seguinte a editora lançou O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60, organizado por Chico Homem de Melo, que será resenhado em breve. Por enquanto, leia o post sobre um dos ensaios.

Rafael Cardoso é um dos maiores historiadores do design, brasileiro ou não. Também é autor, entre outros livros, de Uma Introdução à História do Design.

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Mojo Books

Mojo Books é, definitivamente, uma das coisas mais legais que conheci nos últimos tempos. A “primeira editora 100% digital do Brasil” veio com uma idéia simples, mas muitos já devem ter pensado em algo semelhante. E, justamente por isso, é tão empolgante. Sabe aquele álbum maravilhoso que já te inspirou uma narrativa ficcional? A MojoBooks recebe seu texto, diagrama bonitinho no formato encarte e publica em pdf. Qualquer um pode baixar pra ler ou imprimir e colcoar na caixinha do CD, ao som do álbum ou música que inspirou. Tá explicadinho com mais minúcias, por Ana Camila, no blog da Lupa.
Um problema no momento é que, no caso dos álbuns, não se pode enviar texto sobre algum que já foi publicado. Dummy, de Portishead, já existe. Semi-chateado com isso, baixei o texto de Ludmila Azevedo. Coloquei as músicas no shuffle, começando por Wandering Star. A narradora cita os primeiros versos da música “Please could you stay awhile to share my grief | For it’s such a lovely day | To have to always feel this way | And the time that I will suffer less | Is when I never have to wake” e tive a sorte de, coincidentemente, ler esse trecho sincronizado com o áudio. O texto é muito bom, merece ser lido. Está esgotado no site, mas quem quiser, é só me pedir por email.

As releituras das capas também são um diferencial. No caso de Dummy a referência é mais clara, mas em outras capas a arte é mais livre como Die Mensch Maschine.

Prêmio TIM 2008 – Projeto Visual

Entre as categorias do renomado Prêmio TIM de Música, existe uma de Projeto Visual. Neste ano, foram três os concorrentes: ‘Toda Vez que Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar’, de Siba e a Fuloresta, projeto de Luciana Fachini e os Gêmeos; ‘Fome de Tudo’, de Nação Zumbi, projeto de Valentina Trajano e Jorge du Peixe; e o disco homônimo de Cantando e Reinando com os Arturos, projeto de Jalver Bethônico. A imagem ao lado é a capa do vencedor. Projeto à altura do grupo pernambucano, de música maravilhosa.

César G. Villela

Não se pretende que alguém “entenda” uma capa de LP mas sim que se sinta decisivamente atraído por ela. Assim, deve a capa provocar uma reação imediata, um impulso, um apelo. Seu pior fracasso é passar despercebida: ser um envoltótio comum, sem força de venda. A capa deve “soar” graficamente, numa mensagem convicente e fácil de ser gravada. Não devemos nos orientar pelo critério beleza: principalmente no nosso caso é por demais relativo (já dizia Voltaire: “a beleza para o sapo é a sapa”). Em ótica, no entanto, somos todos iguais. O truque visual – permitido pela razão gráfica – é a forma mais rápida, direta e rentável de comunicação entre a capa e o indivíduo. Chamo “razão gráfica” a solução simbólica visual de alguma coisa. Além do mais, esse tipo de capa nos permite, justamente por sua simplicidade, disfarçar a deficiência de impressão. Certas companhias primam pela capa confusa, cheia de detalhes, com dizeres ilegíveis e excesso de cores. É um despropósito. Ao contrário, ao decidir-nos por uma “simplicidade de bom gosto” estaremos muito mais perto de obter embalagens ideais para os produtos em questão…

A capa e o texto acima são de César G. Villela, capista da gravadora Elenco. Foi retirado do ensaio Capas de discos: Os primeiros anos, escrito por Egeu Laus na coletânea organizada por Rafael Cardoso chamada O Design Brasileiro Antes do Design. Por sua vez, o texto de Villela foi publicado originalmente em livro de sua autoria chamado A História Visual da Bossa Nova.
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Sleevage – capas e encartes de álbums

Faz tempo que procuro um banco de dados de capas e encartes de álbum. Algumas sempre me fascinaram, então pretendia escrever aqui e no Beware the Invasion sobre o assunto. Finalmente encontrei, por acaso, enquanto não estava procurando. Mas Sleevage não é apenas um banco de imagens. Cada postagem traz capas e encartes oficiais, edições limitadas, informações sobre o artista e links para vídeos no Youtube. Podemos encontrar facilmente o que pesquisamos pelas categorias Artista da Música, Artista da Capa, Estúdio de Design, Gravadora, Gênero e Década! A imagem ao lado é a capa do single Boy from School, da banda Hot Chip. Nesta página há mais de vinte imagens com capas do álbum e de vários singles da banda, que foram criados com um mesmo conceito.