O slideshow abaixo faz parte do curso “Monitoramento de Mídias Sociais: Inteligência de Mercado“, realizado entre 21 e 30 de julho na Cásper Líbero. A visualização pode ser realizada através do embed abaixo ou no SlideShare (será liberada para download em breve). Os estudantes receberão o arquivo através de e-mail.
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Material do Curso Monitoramento de Mídias Sociais – Cásper Líbero (07/2015) – parte 03
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Material do Curso Monitoramento de Mídias Sociais – Cásper Líbero (07/2015) – parte 02
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Material do Curso Monitoramento de Mídias Sociais – Cásper Líbero (07/2015) – parte 01
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O kitsch pop cult paraense e as personas na pesquisa em mídias sociais
As novas roupagens para referências musicais e culturais vistas como “bregas”, transmutadas em kitsch e cult, ganharam considerável e oportuno destaque nos últimos 10 anos no Brasil. Um exemplo desta safra é o cantor e compositor Felipe Cordeiro, de Belém do Pará, “Kitsch Pop Cult” (2012) e “Se Apaixone Pela Loucura do seu Amor” (2013). A estética hiperbólica, exagerada e passional do gênero direcionou a beleza da música e clipe “Legal e Ilegal”, lançada em 2012, uma verdadeira aula de construção de personas.
Dirigido por Brunno Regis e Carolina Matos, o clipe traduziu magistralmente a letra. Inspirada tematicamente por uma declaração do João Gordo e melodicamente por Karnak, “Legal e Ilegal” fala das drogas no mundo da música, fazendo pares entre substâncias e estilos/nichos.
Aguardente no bom samba canção
Uisquinho da bossa nova
Caspa do diabo no rock’n’roll
Erva do amor no reggae night.Cultura sintética no drum’n’bass
(rosinha, branquinha, pílula amarela)
Cuba libre na salsa peruana
Flocos de milho com cerveja no velho punk
Lança perfume no carnaval.A gengibirra no marabaixo
Muito tabaco no bolero (essa eu não tolero, essa eu não tolero)
Um vinhozinho ou chocolate quente (no tango é bom)
A tequila no merengue (é dessa que eu gosto, é dessa que eu gosto)
Grupos culturais, especialmente ligados a nichos musicais, compartilham de todo um arsenal de referências em comum, que vão muito além da música em si. Vestuário, léxico, gírias, locais, inclinações políticas, atitudes sociais são algumas das variáveis identitárias em jogo. O consumo de certas drogas também tem considerável correlação, seja pela ligação estreita com a filosofia do gênero, seja por efeitos propícios ao tipo de fruição ou uma combinação de vários fatores.
Para quem busca compreender o público nas mídias sociais, especialmente para construir personas, ter sempre em mente as referências, valores e atividades que definem o público quem ele é torna-se um aprendizado essencial. A construção identitária de um grupo vai muito além de sua atividade núcleo. E, mais ainda, vai além do que você está observando. Seu consumidor não é o que ele faz com sua marca ou produto. A rigor, nem deve ser visto apenas como consumidor, pois este termo pressupõe a relação pessoa-produto como prioritária, mas como indivíduo, com suas várias dimensões, atividades, interesses e opiniões.
O “estereótipo” e “clichê” possuem papéis tanto no caso da dinamicidade do clipe Legal e Ilegal quanto na simplicidade de um bom relatório de público e personas. Os pares droga-gênero no clipe não são determinantes ou presentes em todos os indivíduos que se identificam com as respectivas culturas. Mas estão presentes no imaginário e nas expectativas sobre cada um dos nichos e são frequentes (absoluta ou relativamente a outros). Com responsabilidade, é possível apelar para atalhos referenciais com alta carga semântica.
O apuro cenográfico, minimalista, faz lembrar da importância das referências visuais e artísticas na construção de um público. Quando falamos de mídias sociais, as minúcias nos perfis do público são grande fonte deste tipo de informação, especialmente em um momento de suma importância de Instagram e Snapchat. Além de poses e gestos, as fotografias e selfies são indicadores também do com o quê cada pessoa e grupo decide e se permite fotografar e enquadrar.
Em parte das viradas de câmera, o clipe faz a ponte entre gestos e olhares realizados entre os grupos representados. Implicitamente lembra que a definição de uma comunidade é composta também de sua alteridade: também sou aquilo que não sou. No contexto da representação online dos indivíduos através das mídias sociais, atitudes de conflito e agressividade muitas vezes são motivadas não só por ódio, mas por posicionamento. Representatividade, espelhamento ou rejeição ao outro constrói o eu.
O kitsch é a estética da descoberta do valor popular do colorido, do contraste, da mistura de elementos e aparente vulgarização de referências de todas as áreas, da política à religião, sem deixar de lado a arte clássica. Esse caldeirão de referências só é possível graças à observação de muitos fenômenos, traços, características e comportamentos. Junte esta postura de hiper-observação com o olhar crítico-metodológico e entenda melhor as pessoas!