10 definições de influência nas mídias sociais

Quem assina o blog pôde acompanhar em julho uma série de entrevistas sobre Influência nas Mídias Sociais. Para fazer a recompilação em uma única postagem, seguem as dez definições e links para as entrevistas completas:

Leandro Reinaux Almeida
Influência é o poder de convencimento/propagação de informação dentre um determinado grupo de pessoas. A importância de medir a influência é ter um feedback da participação em uma rede social, se a sua influência é baixa, provavelmente você participa pouco ou seu conteúdo não está adequado para o seu público. Além disso, influência pode ser importante para determinar o sucesso de uma campanha/participação de uma marca nas redes sociais ou as vezes para encontrar canais de distribuição de informação.

 

Eduardo Prange
Enxergo influência como algo que deve ser medido com muita cautela. Antes de se pensar na influência, acredito que precisamos saber informações estratégicas de onde as empresas estão inseridas. Mapear os perfis do seu público de interesse, concorrentes, mercado e uma definição clara dos objetivos estratégicos da empresa (onde se quer chegar) para que aí sim identifique-se o que precisa ser medido. No meu ponto de vista a influência passa a ser relevante a partir deste momento. Mapear quem são os principais defensores e agressores de sua empresa passa a ser algo estratégico no momento em que você tem clareza doque fazer com estas informações e efetivar ações para o aperfeiçoamento constante.

 

Patrícia Moura
Se a recomendação é a essência do marketing digital, a influência é o fator chave para mensurarmos esta essência. Podemos tomar como influência a autoridade que um usuário tem para falar sobre um produto ou serviço e, dessa forma, a capacidade de persuadir a sua rede de contatos a aderir ou não a estes produtos e serviços. Aí está o seu poder e relevância.

 

Paulo Milreu
Acho impossível definir a influência nas mídias sociais. Acho que podemos apenas estimá-la, nos baseando em alguns métodos e indicadores dessa influência, e a partir daí construindo uma “história” de resultados que comprovem essa dita influência. Um exemplo seria adotar o Klout, olhando seus 4 indicadores, para perfis que citam a marca (entendendo perfis como pessoas ou organizações com todas as suas redes sociais, e não contas em redes sociais separadamente) e criar assim uma análise histórica do relacionamento.

 

Sérgio Salustiano
Definiria como a capacidade de mobilização, interação, afiliação e até mesmo mudança de percepção de um produto, serviço ou campanha. Medir a influência e os laços que ela cria é gerar ferramentas e/ou inteligência capaz de munir os diversos setores (planejamento, criação, mídia, gerência, entre outros) de como trabalhar, atender e atingir o seu público-alvo.

 

Israel Degásperi
Eu defino influência pelo feedback que você tem nos canais. Não importa o número de seguidores ou de fãs, mas sim o número de respostas para uma determinada pergunta, número de interações ou o quanto o seu conteúdo foi replicado além do interesse dessas pessoas no seu negocio e tipo de conteúdo que você compartilha. Você sabendo isso, consegue sempre alinhar seu conteúdo pelos interesses dos seus stakeholders, por isso é tão importante medir esses parâmetros.

 

Nino Carvalho
Acho que se trata da capacidade de um ator social modificar o comportamento de outro ator como consequência das suas interações no ambiente digital. A importância de se conhecer e medir com precisão essa variável é que a organização poderá ter mais chances e mais controle na indução ou provocação de determinados comportamentos de seus públicos.

 

Rosário de Pompéia
A influência só pode ser medida a partir de um histórico da marca. A influência é medida a partir do cruzamento de dados quantitativos com qualitativos. O que fala da marca? Para quem fala? Como influencia e quem influencia. A importância de medir é conhecer o que faz uma pessoa se tornar fã da marca e potencializar os seus aspectos positivos. Da mesma forma, compreender e tentar ajustar as críticas. A importância não é apenas medir, mas extrair valor estratégico das informações coletadas para a gestão do negócio da marca. Nessas informações podem existir oportunidades, desafios, riscos para o negocio da empresa. Além de medir, é preciso qualificar essa informação e extrair dados relevantes e torná-los em conhecimento.

 

Érika Heidi Focke
Na minha opinião, a influência é a capacidade que alguém tem de direcionar, em algum nível, 2 coisas extremamente importantes: pensamentos e ações. Pensamentos e ações em mídias sociais geram repercussão, o que permite sua mensagem ser propagada para mais longe, e influenciar os pensamentos e ações de mais pessoas… é um efeito cascata, que pode servir para vários objetivos, sejam eles pessoais, publicitários ou de causas sociais, por exemplo. A forma com que um usuário de mídia social enxerga você e classifica as suas opiniões (em grau de relevância) diz muito a respeito da influência que você exerce sobre aquele usuário, e por isso é de extrema importância encontrar meios de medir essa influência. Sob uma visão publicitária, é importante conseguir identificar as pessoas com muita influência em uma rede, pois elas terão um alcance e retorno muito maior ao propagar uma mensagem.

 

Mariana Oliveira
Pra mim, é impossível separar influência de outras duas palavras: contexto e público. Influente para que público? Em que situação? Uma pessoa considerada influente no Twitter pode estar associada a um grupo (blogueiras de moda, por exemplo) e não exercer nenhuma influência em outros grupos. Então creio que só podemos identificar os “influentes” nas mídias sociais depois de delimitarmos qual público desejamos atingir. Partindo desse mapeamento, a influência é a capacidade de propagar uma mensagem para um grupo específico, seja para esclarecer ou engajar, abrigando variáveis como confiança e credibilidade. É uma forma de poder/autoridade em alguma área, fruto do reconhecimento público, e que pode ser determinante em diversas situações, como processos de decisão de compra, por exemplo.

Medindo a influência nas mídias sociais [10]: entrevista com Mariana Oliveira

A série de entrevistas “Medindo a influência nas mídias sociais” está trazendo sempre duas perguntas comuns a todos entrevistados: (a) o que é influência nas mídias sociais?; (b) conseguiremos algum escore padrão de medição dessa influência? As entrevistas passadas dessa série podem ser vistas através da tag entrevistas – influencia.

A décima entrevista foi realizada com Mariana Oliveira, Analista de Pesquisa e Métricas em Mídias Sociais na Talk Estratégias Digitais. Participou da campanha presidencial online de 2010, nas estratégias de Monitoramento e Métricas do candidato José Serra. Estuda as interseções entre comunicação e internet, em especial as redes, política e comportamento e bloga no marianarrpp.com, além do Dossiê Alex Primo, no Blog Mídias Sociais e no Blog da Talk.

O que define a influência nas mídias sociais, para você? Qual a importância de medi-la?
Pra mim, é impossível separar influência de outras duas palavras: contexto e público. Influente para que público? Em que situação? Uma pessoa considerada influente no Twitter pode estar associada a um grupo (blogueiras de moda, por exemplo) e não exercer nenhuma influência em outros grupos. Então creio que só podemos identificar os “influentes” nas mídias sociais depois de delimitarmos qual público desejamos atingir. Partindo desse mapeamento, a influência é a capacidade de propagar uma mensagem para um grupo específico, seja para esclarecer ou engajar, abrigando variáveis como confiança e credibilidade. É uma forma de poder/autoridade em alguma área, fruto do reconhecimento público, e que pode ser determinante em diversas situações, como processos de decisão de compra, por exemplo.

Como é o trabalho de análise e monitoramento das mídias sociais em eleições? Quais as diferenças?
Nas eleições de 2010, o trabalho de análise e monitoramento de mídias sociais serviu como uma espécie de “bússola” para as estratégias digitais das campanhas, buscando oportunidades de interação e orientando ações de engajamento (call-to-actions). Para efeito de comparação, a equipe de monitoramento analisa os índices dos três principais candidatos, identificando os atores em destaque de cada situação e analisando de que maneira se davam as relações entre eles. Além da análise de sentimento, outros dados são considerados ara análise: principais assuntos de interesse dos públicos envolvidos (detratores, ativadores, questionadores, etc), influenciadores em determinados grupos e, principalmente, os eleitores “em dúvida”, que estavam em busca de informações que definiriam seu voto.
Além de nortear a estratégia principal, o monitoramento permite estar atento às estratégias alheias, sendo fundamental na gestão de crises em campanhas políticas. Por exemplo: se havia suspeita de um “twittaço” marcado para o dia X, era possível preparar as bases de ativadores para reagir.

As eleições de 2012 estão chegando e imagino que a necessidade de segmentar a análise dos perfis vai ser ainda mais importante. O que você espera do mercado e das práticas de análise e métricas de mídias sociais para o próximo ano?
Eu espero que a área de monitoramento e métricas de mídias sociais contribuam, nas eleições de 2012, de maneira mais focada na prevenção do que na reação. Antever as crises, possibiltando o planejamento de diversos cenários e, assim, não ficar “correndo atrás da máquina” reagindo às campanhas dos adversários.
Uma das maiores dificuldades é o fluxo de informação: “encontrei uma informação valiosa num blog, para quem eu passo?”. O processo é tão cheio de empecilhos que até chegar a quem deveria, já se foi o momento. Assim, a melhoria nos processos e fluxos da informação ainda é uma das coisas que eu espero do mercado, para que estes dados provenientes das práticas de análise/métricas sejam apresentados e façam algum sentido, e não fiquem presos em algum relatório jamais lido.

Analistas de comunicação digital terão, algum dia, um escore básico e consensual no mercado para se basear? O Klout Score está tentando virar esse índice padrão, mas será que ele – ou qualquer outro – conseguirá?
Posso ser pessimista, mas creio que não. Acreditar em um escore consensual é ignorar duas etapas importantes:
– desconsiderar as transformações diárias que o mercado de comunicação digital sofre, como mudanças nas APIs ou nos mecanismos de busca, adoção de novas práticas em redes já estabelecidas (como o Facebook), surgimento de novos sites/redes de influência, etc.
– descontextualizar o cliente, ignorando algumas razões para aquele índice. Como exemplo, lembremos da Arezzo que, há pouco tempo, ganhou subitamente muitos fãs/seguidores por causa do ocorrido com a coleção de peles. Com certeza seu índice de influência cresceu (muitos seguidores, menções, RTs), mas esse escore é capaz de identificar o contexto desse crescimento?
Acredito que os índices como o Klout e PeerIndex possam ser um bom ponto de partida para a análise de influência, mas em seguida devem abrir um leque de possibilidades para transformar esse número em algo que tenha significado no contexto do cliente. Se meu cliente é um político e eu lhe digo que seu Klout é 55, isso não diz muita coisa se não for comparado a outros políticos, seguido de uma análise de conteúdo do perfil, ou ao menos acompanhado de uma minuciosa análise de sentimento. Já vi casos em que o índice do Klout é super alto e 98% das menções são negativas. Que tipo de influência é essa que estamos procurando, se desacompanhada de dados que possam ter significado?

Que avanços futuros você vislumbra para a mensuração e monitoramento das mídias sociais?
Mais do que o surgimento de novas ferramentas ou índices-padrão, eu espero que seja possível entender mais de comportamento humano, cruzar esses dados e estabelecer padrões que nos ajudem a compreender como isso se reflete nas mídias sociais.

Medindo a influência nas mídias sociais [9]: entrevista com Érika Heidi Focke

Chegando à nona entrevista da série, vamos conversar com Érika Heidi Focke, criadora do TweetAuditor. Érika é desenvolvedora web focada em PHP , aplicações relacionadas à sites de redes sociais e escreve no blog erikaheidi.com. Recentemente publicou um artigo sobre influência nas mídias sociais e o índice TA, veja aqui no próprio blog.

A série de entrevistas “Medindo a influência nas mídias sociais” está trazendo sempre duas perguntas comuns a todos entrevistados: (a) o que é influência nas mídias sociais?; (b) conseguiremos algum escore padrão de medição dessa influência? As entrevistas passadas dessa série podem ser vistas através da tag entrevistas – influencia.

Como surgiu a ideia de criar o TweetAuditor? Fale um pouco sobre os objetivos da ferramenta.
A idéia surgiu depois que experimentei uma aplicação para IPhone/Ipod chamada “TwitBrain”, que exibia basicamente follows e unfollows recebidos, mas só mostrava informações novas se você abrisse o app todos os dias. A partir desse comportamento eu pude perceber como ele fazia para obter essas informações, já que o Twitter não as fornece. Passei um bom tempo idealizando como eu faria para tornar o projeto viável, e um determinado dia resolvi que iria desenvolvê-lo nem que fosse para meu próprio uso, unicamente.

O primeiro objetivo do TweetAuditor era de fato exibir follows e unfollows, e eu coloquei como prioridade desenvolver o sistema de maneira que não fosse preciso o usuário acessar todos os dias para gerar os dados comparativos. Também resolvi armazenar alguns outros dados estatísticos que permitissem gerar gráficos e dar uma visão mais interessante sobre uma conta – aumento / diminuição de número de seguidores, e mentions/retweets recebidos.

A necessidade de ter uma maneira de interagir com o público, e incentivar os próprios usuários a divulgarem a ferramenta, me fez pensar em algo que permitisse “privilegiar” os usuários que mais interagem com você. Daí surgiu a funcionalidade “TOP seguidores”, que hoje é dividido em Top Mentioners / Top Retweeters ( o nome inicial não era lá muito correto, já que não-seguidores também poderiam aparecer na listagem). Essa funcionalidade fez bastante diferença, e ajudou bastante na divulgação.

Para você, o que define influência nas mídias sociais? Qual a importância de medi-la?
Na minha opinião, a influência é a capacidade que alguém tem de direcionar, em algum nível, 2 coisas extremamente importantes: pensamentos e ações. Pensamentos e ações em mídias sociais geram repercussão, o que permite sua mensagem ser propagada para mais longe, e influenciar os pensamentos e ações de mais pessoas… é um efeito cascata, que pode servir para vários objetivos, sejam eles pessoais, publicitários ou de causas sociais, por exemplo.

A forma com que um usuário de mídia social enxerga você e classifica as suas opiniões (em grau de relevância) diz muito a respeito da influência que você exerce sobre aquele usuário, e por isso é de extrema importância encontrar meios de medir essa influência. Sob uma visão publicitária, é importante conseguir identificar as pessoas com muita influência em uma rede, pois elas terão um alcance e retorno muito maior ao propagar uma mensagem.

Fale um pouco sobre o Índice TA. Como é calculado? Reúne quais métricas de Popularidade e Influência? E como pode ser utilizado por analistas de comunicação?
O Índice TA surgiu de um estudo que realizei para a produção de um artigo científico. De início, esse artigo tinha como objetivo estudar o poder de influência de usuários no Twitter, porém acabou virando o estudo de caso do desenvolvimento desse índice.

Segundo o estudo que realizei, o número de seguidores não tem a relevância que as pessoas costuma creditar; além de existirem as práticas “anti éticas” de aumento de seguidores (como usar ferramentas pagas ou que seguem milhares de pessoas que não tem nada a ver com a pessoa, só para que sigam de volta) e etc, existem outros fatores, do tipo: pessoas que seguem apenas “por educação”; usuários “fantasmas”; pessoas que acessam raramente e não vêem suas atualizações; pessoas que não são parte do seu segmento de atuação e não serão influenciadas pelo seu conteúdo, e por aí vai… O número de seguidores pode ser visto como o alcance que a sua mensagem PODE obter, e mesmo assim nada é garantido.
Por essa razão, as medidas mais importantes para a estimativa de influência no Twitter são o número de retweets (repercussão) e mentions (popularidade) recebidos.

Os retweets possuem um peso maior no cálculo do Índice TA, porque indicam o poder que o usuário possui de ter seu conteúdo repercutido – o que é essencial por fazer com que seu conteúdo chege mais longe e influencie mais pessoas. As mentions vêm em seguida como um indicativo de popularidade e interação, e por último o número de seguidores, com um peso bem menor, que chega a não fazer muita diferença para “usuários normais”. Essas três métricas são utilizadas no cálculo do Índice TA.

Em virtude das limitações impostas pelo Twitter, e também visando representar um dado bastante dinâmico, o índice é baseado em informações recentes, ou seja, é um indicativo do seu nível recente de influência no Twitter (últimos 3 a 4 dias). Por essa razão, ele pode variar bastante de um dia para o outro.

Na minha visão, a melhor maneira de utilizar esse índice hoje é monitorá-lo quando há alguma ação especial – postagem de um conteúdo específico, evento, promoção, algo que seja diferente do uso habitual, para verificar as alterações ocorridas no período. Traçando comparativos, é possível identificar o que confere mais popularidade, o que dá mais repercussão no conteúdo que você posta.

Atualmente, não é salvo um histórico dos índices no sistema. Essa funcionalidade já foi pedida por alguns usuários, e deve ser implementada em breve, para que seja possível observar a trajetória do índice com o passar dos dias.

O Índice TA possui formato semelhante ao Klout e PeerIndex, que começam a ser incorporados em outras ferramentas e estão sendo bastante discutidos. Na sua opinião, teremos em algum momento um índice de influência para mídias sociais que seja relativamente consenso no mercado?
Se o Google resolver entrar nesse mercado, quem sabe! Acho difícil existir um consenso, porque os aspectos analisados para dizer se um usuário é influente ou não, e em que nível, são todos muito subjetivos. Apesar dos números existirem (número de seguidores, número de amigos, etc), existem também muitos fatores que precisam ser levados em conta, afinal cada rede social tem suas particularidades e sua “mecânica” toda diferenciada. Aí entram também os aspectos do comportamento social, e tudo o mais.

Colocar isso tudo em um sistema acaba sendo uma tentativa de transformar informações não exatas e subjetivas em um dado exato, o que não é nada simples.

O que seria, hoje, uma ferramenta perfeita de mensuração abrangente de mídias sociais? O que falta no mercado?
É bastante difícil dizer o que seria uma ferramenta perfeita. Ao meu ver, alguma que agregasse as informações de cada rede social (não de forma unificada como o Klout), e as exibisse de uma maneira simples, ao mesmo tempo trabalhando com uma certa inteligência artificial capaz de nos alertar ou aconselhar quanto a repercussões da rede. Acredito que a maior dificuldade hoje em dia é o excesso – excesso de informação, de redes sociais, de conteúdo, de tudo. Filtrar é muito difícil, organizar tudo e acompanhar, mais ainda. Agregar numa só ferramenta essa vastidão toda, em uma interface que não nos deixasse loucos com tanta informação, pode ser um trabalho árduo e até inviável; mas seria bastante útil. Simplificar sem perder o que é mais importante.

Estudo de caso do Índice TA para medição de influência no Twitter

Artigo publicado por Érika Heidi Focke apresenta reflexões sobre influência e o índice TA, de sua ferramenta TweetAuditor. Nesta semana publicaremos entrevista com a desenvolvedora.

Medindo a influência nas mídias sociais [5]: entrevista com Sérgio Salustiano

A série de entrevistas “Medindo a Influência nas Mídias Sociais” continua. Ontem publiquei no LinkedIn uma lista de links sobre o tema e o retorno do pessoal foi bem positivo, a demanda realmente está forte. Para conferir as entrevistas passadas é só acessar os posts: Paulo MilreuPatrícia MouraEduardo PrangeLeandro Reinaux.

A conversa hoje é novamente do ponto de vista do usuário das ferramentas. Sérgio Salustiano atualmente é professor convidado da pós-graduação Igec/Facha em Métricas e coordenador do setor de Métricas da Agência Casa Digital. Segundo o próprio, é “mestrando quase jubilado em Estatística”, formado em Comunicação, especialista em Gestão de Comunicação Institucional e traz na bagagem 12 anos de experiência no setor em grandes projetos e agências como a Frog e Textual. Além disso, escreve ótimas reflexões sobre o mercado e métricas no seu blog www.skrol.com.

Como você definiria influência nas mídias sociais? Qual a importância de medi-la?

Definiria como a capacidade de mobilização, interação, afiliação e até mesmo mudança de percepção de um produto, serviço ou campanha. Medir a influência e os laços que ela cria é gerar ferramentas e/ou inteligência capaz de munir os diversos setores (planejamento, criação, mídia, gerência, entre outros) de como trabalhar, atender e atingir o seu público-alvo.

O que você acha dos métodos, métricas e modelos de negócio de softwares de mensuração da influência como Klout e PeerIndex? Escores do tipo podem apoiar decisões de comunicação?
Vejo que são ferramentas interessantes que demonstram como o mercado está preocupado com o impacto das mídias sociais nas estratégias de comunicação. Entretanto, elas seguem modelos que não são adaptáveis a realidade brasileira onde o Orkut e blogs podem gerar um considerável impacto em ações. As métricas utilizadas são um pouco confusas e os métodos de cruzamento de perfis é imediatista e ignora toda a base de relacionamento construída nas redes e potencial de influencia de uma pessoa ou marca. Com todos esses pontos negativos eu não utilizaria nenhuma desses softwares para apoiar uma decisão, como sempre faço recorreria ao conhecimento acumulado e ao meu banco de dados que mantenho atualizado com perfis relevantes de vários segmentos.

No que as ferramentas brasileiras de monitoramento e mensuração que você utiliza poderiam melhorar?
Principalmente em passar a utilizar o conhecimento de profissionais de métricas para o desenvolvimento ou melhoria dos seus softwares. Quando se pega o que é oferecido com as reais necessidades dos profissionais percebe-se que existe um grande abismo entre as empresas desenvolvedoras de software e os profissionais. Enquanto isso, as empresas estrangeiras fazem o caminho inverso e buscam ouvir e extrair, o conhecimento e aplicar em suas ferramentas as sugestões dos profissionais brasileiros.

Entre tantas mídias, práticas, serviços e ferramentas, qual seria o perfil ideal do profissional analista de monitoramento e métricas?
O perfil do profissional é de uma pessoa generalista, mas totalmente antenada com tudo que está acontecendo a sua volta. É aquele tipo de pessoa que você vê conversando sobre o impacto da taxa de juros e logo em seguida está falando sobre o último meme com a mesma naturalidade, pois ele sabe que mundo virtual e real se cruzam e ambos se influenciam. Para complementar tem que ser apaixonado por números, afinal mais de 50% do trabalho envolve cálculos.

Que avanços futuros você vislumbra para o mercado da mensuração e monitoramento das mídias sociais?
Eu vejo que o mercado de agências está amadurecendo de forma lenta para a necessidade de montar uma equipe de métricas dentro da sua estrutura, durante um bom tempo ainda vai permanecer a cultura que o analista de mídias sociais tem que planejar, criar, executar e monitorar. Enquanto isso, as empresas muitos mais antenadas e preocupadas com o investimento, impacto e retorno estão correndo por fora e montando equipes próprias para monitorar suas marcas e abastecer os gestores de inteligência para a tomada de decisões. Ao mesmo tempo vejo um crescimento exponencial de pessoas em busca de qualificação nessa área, que hoje é também durante um bom tempo vai ser a que oferece os melhores salários. Assim, durante os próximos dois anos não vejo grandes mudanças no mercado de agências,