Revista Fraude #2

Em um dos últimos posts, falei da revista Fraude #1. No mesmo ano de 2004, foi lançada outra edição da revista. Dessa vez as pautas se focaram mais na cidade de produção da publicação, Salvador.
Dessa vez o miolo da revista traz a temática “Os fins justificam os meios”? Uma matéria sobre programas jornalísticos populares(cos) da Bahia e outra sobre como a mídia deixou de ser uma crítica, ou vigilantes, para ser um poder em si mesmo.

O forte dessa edição são as matérias locais. Cinemas pornô, rock baiano, Museu do Objeto Imaginário e crise no Rio Vermelho (“bairro boêmio de Salvador) se unem à matéria sobre os jornais sensacionalistas, totalizando as 11 páginas locais da revista.

Ainda traz duas entrevistas. Uma bem curtinha, com a vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai e outra mais extensa, com Yacoff Sarkovas. O fundador da Articultura critica as leis de incentivo à cultura do Brasil, que viciam o empresariado com vantagens prejudiciais à autonomia da cultura.

A capa é, na minha opinião, a melhor dentre todas as revistas Fraude. Mantêm as referências múltiplas numa colagem criativa. A diagramação continua pesada, com muitas texturas de fundo em sua maioria desagradáveis. Os pontos altos é a dupla 12-13, da matéria sobre Hermes e Renato, que brinca com a orientação da página. A montagem na saideira da página 38 também é interessante.

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Boneca sai da Caixa

O projeto Boneca sai da Caixa do Laboratório de fotografia da Faculdade de Comunicação da UFBA apresenta de 03 a 30 de Abril, no Instituto Cervantes, na ladeira da Barra, uma exposição de fotografias feitas durante a Parada do Orgulho Gay, que aconteceu no dia 09 de Setembro de 2007 em Salvador. A exposição faz parte da mostra de cinema “Possíveis Sexualidades”, que inaugura dia 3 de abril, às 19 horas no Instituto Cervantes, e segue paralelamente no Circuito Saladearte e na sala de cinema Walter da Silveira até o dia 11 do mesmo mês.

Boneca sai da Caixa, sob a curadoria do fotógrafo e coordenador do Labfoto professor José Mamede, busca na sua execução fomentar na sociedade a discussão sobre a diversidade de gêneros e sexualidades e a variedade cultural baiana, através da apresentação de imagens produzidas durante a Parada Gay.

Um estúdio fotográfico montado na concentração da parada, no vão livre do Teatro Castro Alves, foi o palco para a captação das imagens com os diversos atores da festa, buscando a maior variedade possível de tipos presentes.

Revista Fraude #1

Fazer revista não é fácil. Criar uma revista, então, é um feito memorável. No início de 2004, os bolsistas do PetCom criaram a revista Fraude. O nome é explicado no editorial: “antes que nos denunciem, a gente estampa na capa. É Fraude mesmo. Aliás, o que não é fraude nesse mundo? É cópia arrotando originalidade. Um monte de gente fazendo o que já foi feito e dizendo que foi o primeiro a fazer“.

A publicação propôs-se ser, além de exercício para sua equipe, ser um espaço alternativo para tratar de cultura. Cultura soteropolitana (ainda incipiente nesse primeiro número) ou mundial (como os MMORPGs).

“O bofe é uma fraude”, escrita pelo professor faconiano Maurício Tavares critica a “cultura do bofe”, prática preconceituosa de valoração do homossexual ativo (que não se dizia homossexual) em relação ao passivo. “A Vida em Jogo” fala dos jogos online de RPG que unem milhares e milhares de jogadores pelo mundo. A matéria de capa, chamada “Caçadores da pauta perdida”, ao traçar um paralelo de TinTim a Tim Lopes, fala dos mitos, problemas e recompensas da prática jornalística. Em “Heróis de Sangue Azul” fala de migrações intermídia, focando na caixa de biscoi… ops, heróis sortidos, de “A Liga Extraordinária”.

A revista ainda traz reportagem sobre auto-publicação de literatura, MPB e séries televisivas. E a sementinha em cima do mousse é uma entrevista com Fábio Massari.

Visualmente, a revista é bem inventiva. Um recurso que eu acho ideal para o jornalismo cultural é a não retangularidade das fotografias. O jornalismo cultural geralmente não está atrelado a questões extremamente factuais e, por isso, os designer devem prezar pela beleza e irreverência das páginas, algo impossível de se fazer com uma revista entupida de quadrados e retângulos.

Algumas páginas merecem destaque. A do editorial com contraste máximo e uma ilustração que liga o índice ao expediente de uma forma sutil, por exemplo. As três páginas da matéria “Literatura de esgoto” utilizam uma sequencialidade vertical, algo incomum. Por outro lado, a matéria sobre MPB é confusa. A inserção de uma publicidade na terceira página quebra a unidade ao ponto de parecer que toda a página é publicidade.

A capa é ótima. Inaugurou a tendência de ter sempre capas referenciais a algum meio ou produto comunicacional. Dessa vez a capa simula um jornal belga – ou francês – que traz manchete e imagem da criação de Hergé.

Em breve postarei os outros quatro números da revista. A partir do terceiro comentarei aspectos produtivos, no papel de redator (#3), designer (#4) e diretor de arte (#5).

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