“Ser humano: que ficção é essa?” – Mesa-redonda em Curitiba, 21 de agosto

Com apoio do programa Rumos Itaú Cultural, o Projeto Enquanto Somos Humanos realiza a Mesa Redonda – Ser humano: que ficção é essa? – dia 21 de agosto, às 19h, em Curitiba, no Teatro José Maria Santos. A entrada é gratuita.

Se máquinas e robôs estão sendo programados a pensar e agir como humanos, como, ao longo da nossa história, aprendemos a ser humanos? Com o rápido avanço e inserção das tecnologias digitais em nossas vidas, a definição de humano poderá ser modificada? O que nos torna humanos? Que projeto de humanidade estamos construindo agora?

A mesa-redonda contará com a participação dos seguintes estudiosos/profissionais:

FLÁVIA BERNARDINI (RJ) – Flávia possui graduação em Ciência da Computação pela UNESP e mestrado e doutorado em Ciência da Computação pelo ICMC/USP. É professora associada do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem experiência na coordenação e execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento há mais de 10 anos utilizando Inteligência Artificial (IA). A temática de Cidades Inteligentes também tem sido um grande interesse de pesquisa. Também, coordena um projeto de ensino voltado para a educação básica, envolvendo programação, pensamento computacional e robótica educativa. Em sua fala, fará reflexões sobre o uso das tecnologias computacionais e da IA no processo diário de tomada de decisão, e os impactos sociais e educacionais no nosso cotidiano.

EDUARDO EKMAM SCHENBERG (SP). Neurocientista pioneiro no estudo de substâncias psicodélicas, trabalha com estados extraordinários de consciência em seus múltiplos aspectos, incluindo neuroimagem, xamanismo, respiração holotrópica e novos tratamentos psiquiátricos. Nesta mesa falará sobre a encruzilhada do homo sapiens neste começo de antropoceno e qual o papel dos estados não ordinários de consciência para a regeneração planetária.

RUDÁ IANDÉ (PR). estudioso do xamanismo ancestral e das multidimensões humanas, foi consultor criativo no filme Space in Between – Marina Abramovic in Brazil) – Rudá falará da rede de conhecimento contida no corpo humano e de como acessar tais informações através de experiências corporais e práticas xamânicas. Também falará sobre como os conhecimentos de povos ancestrais podem ser úteis nas sociedades contemporâneas.

TARCÍZIO SILVA (SP). Pesquisador de doutorado UFABC, Associado IBPAD – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados. O tema de sua fala será “Abrindo as Caixas Pretas: reações à desinteligência artificial”, refletindo como o technochauvinismo tem promovido uma ideia corporativa de pós-humano. Reações e contra-narrativas do campo da academia e do ativismo serão apresentadas para destacar a opacidade das caixas pretas tecnológicas.

Mediação: VERONICA CALAZANS (PR). Doutora em Filosofia (2014) pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo. Tem experiência nas áreas de Filosofia Moderna e História e Filosofia da Ciência e da Tecnologia, atuando principalmente nos seguintes temas: realismo matemático, matematização da natureza, cultura e tecnologia. É professora adjunta de Filosofia da Ciência e Tecnologia na UTFPR.

Dia: 21 de agosto
Horário: das 19h às 22h

ENTRADA GRATUITA
Teatro José Maria Santos.
Rua 13 de Maio, 655 – Curitiba

*Esta ação integra o Projeto Enquanto Somos Humanos, contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural. #rumos #itaucultural . Saiba mais em http://www.teatroguaira.pr.gov.br/2019/08/2662/Projeto-aborda-a-desumanizacao-do-corpo-e-a-influencia-da-tecnologia-na-maneira-de-as-pessoas-verem-o-mundo.html 

Arte e Ilusão – Um estudo da psicologia da representação pictórica, de Ernst Hans Gombrich

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O livro Arte e Ilusão, do historiador e teórico da arte Ernst Hans Gombrich tem o subtítulo Um estudo da psicologia da representação pictórica. É uma das grandes obras que se debruça sobre o estatuto da representação. Por que um desenho de uma pessoa é reconhecido como uma pessoa? Onde está esse semelhança? É “natural” que tanto quatro traços + um círculo quanto uma retrato de Dürer represente uma pessoa? o que é o estilo? Todas essas perguntas, outras questões e pontos de encontro em todas são respondidas por Gombrich.

O miolo do livro começou a tomar forma em 1956 no final dos anos 50 numa série de conferências sobre “The Visible World and the Language of Art”, e foi lançado alguns anos depois. A charge que abre a introdução é  ótima para ajudar a compreender o tipo de problema que Gombrich investiga. A surreal cena da aula com uma modelo posando com os membros e cabeça de lado é o pontapé inicial da discussão sobre os estilos de representação. Discute porque a arte egípcia representava os seres humanos daquele modo, o porquê da busca pelo “naturalismo” da representação das convenções da arte ocidental e o estabelecimento do impressionismo.

A estrutura do livro, além de prefácios, notas etc:

Introdução
A psicologia e o enigma do estilo
Primeira parte: Os limites da semelhança
I – Da luz à tinta
II – Verdade e estereótipo
Segunda parte: Função e forma
III – O poder de Pigmalião
IV – Reflexões sobre a revolução grega
V – Fórmula e experiência
Terceira parte: A participação do observador
VI – A imagem nas nuvens
VII – Condições de ilusão
VIII – Ambiguidades da terceira dimensão
Quarta parte: Invenção e descoberta
IX – A análise da visão na arte
X – O experimento da caricatura
XI – Da representação à expressão

O texto foi revisado várias vezes, pelas reedições por qual passou. O prefácio à sexta edição inglesa, de 2000, tem o subtítulo “Imagens e Sinais”. Nele, Gombrich reconhece a semiótica como ferramenta de análise aplicável ao escopo de problemas que observa, e chega a dizer que “todas as imagens são sinais, e a disciplina que deve estudá-las não é a psicologia da percepção – como eu acreditava -, mas a semiótica, a ciência dos sinais”.

Mas esse reconhecimento na verdade só engrandece o livro e o trabalho de Gombrich. Afinal, a primeira edição de Arte e Ilusão é da década de 50. Por um lado influenciou parte do trabalho de semioticistas que se dedicaram à imagem, por outro incorporou algumas de suas descobertas.

Apresento aqui um trecho do capítulo X. O experimento da caricatura:

O borrão de tinta é um evento aleatório; o modo como reagimos à ele é determinado pelo nosso passado. Ninguém poderia predizer onde se rasgaria o papel que produziu a máscara fantasmagórica de Picasso – o que importa é que ele a conservou. Deve ter sido igualmente difícil saber antecipadamente como a exata posição das sobrancelhas poderia afetar a expressão do hipopótamo de Thurber – o que importa é que ele soube ver isso e explorá-lo.”

Entre os outros livros de Gombrich dois também merecem destaque, apesar de não os ter lido inteiros. O primeiro é Meditações Sobre um Cavalinho de Pau. Este título, o mais legal de todos os títulos de livros do mundo, se refere ao ato pelo qual uma criança (ou adulto, sabe-se lá) transforma uma vassoura em um cavalo, numa brincadeira ou encenação. Esse processo guarda semelhanças com o processo pelo qual traços em um papel se transformam em “arte”.

O outro livro, um dos maiores sucessos mundiais da área, é o História da Arte. Utilizado em boa parte dos cursos da área de artes pelo mundo, a obra foi editada várias vezes em diversos formatos. Na introdução de Arte e Ilusão, o autor adverte que o livro pode ser consumido por qualquer pessoa, desde que com um conhecimento básico das principais fases dos estilos de representação, contidos em História da Arte.

+ Mais
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Vilém Flusser e a filosofia do design

Aproveitando a deixa da penúltima postagem, recomendo procurar pelo nome de Vilém Flusser. O filósofo tcheco, falecido em 1991 aos 71 anos, passou 20 anos no Brasil e parte de sua produção se dedica a relação entre os objetos e os seres humanos, com especial atenção a fotografia.

Em 2007 foi lançado, pela Cosac Naify, o livro O Mundo Codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. Segundo a resenha da editora: “Os textos trazem a marca da melhor produção do autor: são curtos, rápidos, claros, precisos, incisivos, mas, como afirma Rafael Cardoso, organizador da edição, ‘que ninguém se engane com a aparência amena dessa água, cuja superfície transparente esconde a profundidade vivente de um oceano!’ Essencial à formação de qualquer designer, o livro é referência obrigatória para se entender melhor a encruzilhada entre a materialidade temporal e a imaterialidade eternizada à qual nossa cultura parece estar chegando.

No site do Grupo de Estudos em Cultura, Comunicação e Mídia, o texto “A forma das coisas. Uma Filosofia do Design” está disponível em pdf.

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