Layout: o design da página impressa, de Allen Hurlburt

Layout: o design da página impressa é um daqueles bons livros introdutórios ao design gráfico. Simples, direto e recheado de ilustrações. As 160 páginas do livro são divididas em quatro seções: Estilo, Forma, Conteúdo e Resposta.

Estilo é a parte mais histórica do livro. Traz capítulos sobre estilos, escolas e designers, como De Stijl, El Lisstsky e, claro, Bauhaus. O livro é de 1977, então não há nada sobre o design contemporâneo ou pós-moderno, ou como queiram chamar.

Em seguida, Forma traz capítulos sobre os elementos do design gráfico. Forma, Simestria e Assimatria, Equilíbrio, Contraste, Sinais e Símbolos, Módulos e outros.

Conteúdo é a seção sobre aspectos produtivos. Tipografia, Fotografia, Ilustração, Humor etc. Resposta, por fim, traz alguns poucos capítulos sobre a recepção. Psicologia da Gestalt, Ilusão e Paradoxos Visuais.

O autor, Allen Hurlburt, foi um renomado diretor de arte. Ganhou vários prêmios e tem algumas publicações específicas sobre design editorial. Uma delas, Publication Design, será resenhada em breve aqui no blog.

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Grid Systems in Graphic Design, de Josef Müller-Brockmann

Just as in nature systems of order govern the growth and structure of animate and inanimate matter, so human activity itself has, since the earliest times, been distinguished by the quest for order. Even the most ancient peoples created ornaments with mathematical forms of great beauty. The desire to bring order to the bewildering confusion of appearences reflects a depp human need. Do mesmo jeito que os sistemas naturais de ordem governam o crescimento e a estrutura de matéria animada e inanimada, a atividade humana tem sido, desde tempos primordiais, caracterizada pela busca de ordem. Mesmo os povos ancestrais criaram ornamentos com formas matemáticas de grande beleza. O desejo de trazer ordem à confusão selvagem das aparências reflete uma profunda necessidade humana.
O livro Grid Systems in Graphic Design prega o uso da grelha como princípio básico do projeto de design. Na página 10 do livro, Muller-Brockmann declara “o uso do sistema de grelha implica a intenção de sistematizar, de buscar a clareza, a intenção de penetrar ao essencial, de concentrar, a intenção de cultivar objetividade ao invés de subjetividade, a intenção de racionalizar os processos criativos e técnicos de produção, a intenção de integrar elementos de cor, forma e material, a intenção de alcançar donínio arquitetural sobre
a superfície e o espaço […]”

Grid Systems in Graphic Design foi lançado em 1961. É um grande exemplar do que é chamado de design moderno, pregando a racionalidade nos projetos, a importância da matemática e das relações espaciais entre os elementos de um produto. Foi lançado em português em 1982, esgotado e nunca mais reeditado.

Josef Müller-Brockmann (1914-60) foi um design gráfico e professor suíço. Estudou arquitetura, design e história da arte na Universidade de Zurich. Também é autor de The Graphic Artist and his Design Problems. O cartaz ao lado é um de seus clássicos.

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Helvetica

Helvetica (Gary Hustwit, UK, 2007) é um documentário do ano do cinquentenário da fonte criada por Max Miedinger. Em seus 80 minutos de duração, alterna entrevistas com designers e sequências de impressos, sinalização e todo tipo de comunicação visual em que aparece. A história da Helvetica é explicada. O filho de Edward Hoffman (o dono da tipografia Haas Type Foundry, que encargou Miedinger do trabalho) fala do processo de produção, e mostra desenhos originais.

Talvez a parte mais suculenta do documentário sejam os depoimentos (repletos de alfinetadas) de defensores do design moderno de um lado, e do design pós-moderno, de outro.

Massimo Vignelli está presente no filme e, num inspirado momento compara o papel do design com o do médico. Mas é particularmente interessante uma crítica aos “pós-modernos”: Nos anos 70, a geração jovem estava atrás de fontes psicodélicas, e qualquer coisa junkie que poderiam encontrar. Nos anos 80, com suas mentes completamente confusas por essa doença que foi chamada de Pós-Modernismo, as pessoas estavam desnorteadas como galinhas sem cabeça, usando todo tipo de fontes que poderiam dizer “não modernas”.

O papa do design pós-moderno, David Carson, fala de seu processo de criação e dá um testemunho sobre a polêmica matéria que desenhou na lendária Ray Gun: Se é chato e não vale a pena ler, porque não pôr o texto em Zapf Dingbats? É uma fonte.

Mas a maioria dos depoimentos, entretanto, fala da ubiquidade inescapável da fonte suíça. Michael C. Place traz um causo descontraído: Fiz convites de casamentos, e nunca farei de novo. É o tipo de trabalho mais estressante que já tive, lidar com sogras é horrível. Mas eu fiz o nosso, e pus um pequeno crédito agradecendo Max Miedinger pela Helvetica.

A ideologia do design também é posta na mesa. Do lado dos ”contraventores”, Paula Scher fala sobre sua época de estudante: Eu era moralmente contra a Helvetica, porque eu a via em grandes corporações patrocinadoras da Guerra do Vietnã.

Mas estes excertos aí acima são apenas fragmentos coletados por alguém que acabou de assistir o vídeo. Confiram com os próprios olhos, o documentário é uma verdadeira aula de história, contada de forma divertida (se bem que essa tarefa não é das mais difíceis em se tratando de design).

Get Out The Vote

Desde 2000 a AIGA (American Institute of Graphic Arts) promove uma campanha de criação entre designers estadunideneses com o objetivo de convencer os compatriotas a votarem. Como vocês devem saber, lá o voto não é obrigatório, e a quantidade de votantes é bem baixa. Então a associação abre o concurso que escolhe alguns modelos (vinte e três em 2000, por exemplo), busca apoio para impressão e distribui os cartazes pelo país. Em 2000 foram 25000, e em 2004 o número dobrou. No meio de fevereiro estarão abertas as inscrições 2008. O cartaz ao lado é de James David Nesbitt, de Seattle, para 2004.

Vejam os cartazes:
2004
2000

J. Carlos, Para Todos e o Pierrô

O fato de pensar as quatro capas simultaneamente permitiu ainda que J. Carlos soltasse sua imaginação para além das combinações cromáticas, criando no carnaval de 1927 quatro capas que juntas contam uma história. Na primeira, sob os auspícios da lua, Colombina se deixa seduzir por Arlequim, enquanto Pierrô assiste a tudo, desolado. Na segunda, o dia está raiando, Pierrô olha perplexo para Arlequim morto à sua frente. Podemos perceber que, ao lado de sua mão direita aberta, a fumaça ainda sai do revolver caído no chão. Terceira capa: terça-feira gorda, sol a pino, emoldurando a cabeça de Arlequim carregada numa bandeja, como um são joão batista, pela amante Colombina, que dança alegremente nos ombros de seu Pierrô. Quarta-feira de cinzas, quarta capa. Nela, um diabo gigantesco varre, entre serpentinas e confetes, os tolos Pierrô e Arlequim. A Colombina pela qual se disputaram a esta altura já está em casa, sonhando com os anjos. Ao lado, sem nenhum medo de ser varrida por aquele diabo que conhece bem, uma cabrocha faceira assiste à cena com ar de desdém.”

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O texto e as capas acima foram retirados do ensaio “J. Carlos, designer“, de Julieta Costa Sobral. Faz parte do livro “O Design Brasileiro Antes do Design“, organizado por Rafael Cardoso e editado pela Cosac Naify. O livro é composto de nove ensaios sobre aspectos da história gráfica brasileira entre 1870-1960, comprovando que houve considerável produção que poderia ser chamada de design antes da década de 60.

Mais:
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+ Leia a dissertação de Julieta Costa Sobral chamada Para Todos: J. Carlos Designer aqui
+ Dissertação J.Carlos: A Poética do Traço, de Nathália Chehab aqui
+ J. Carlos como cartunista aqui