Um dos tipos mais prejudiciais de profissionais de comunicação é aquele que eu chamo de “assassino oba oba”: aquele que é o primeiro a declarar a morte de alguma mídia (só pra SEO e ganhar RT) e fala coisas do tipo “mídia X é a nova febre”, como se a disseminação da inovação fosse algo patológico. Pra fomentar a resistência a esse tipo de profissionais recomendo duas publicações recentes:
Cinco mitos sobre o sucesso do Orkut nas táticas de mídias sociais Quantas vezes por ano você ouve ou lê que o Orkut morreu? Não dá para contar nos dedos, não é mesmo? Então, este post foi feito para você que acredita que ele vai morrer em breve e, para você, que acredita no sucesso dele como a rede social on-line de maior sucesso no Brasil [leia mais no blog da Patrícia Moura].
“Quantified Self” é um projeto empreendido por Gary Wolf e Kevin Kelly. O subtítulo da página do projeto é explicador: “self knowledge through numbers” (auto-conhecimento através de números). O projeto reúne diversas práticas de algo que – no contexto comunicativo das mídias sociais, chamei, a grosso modo, de mensuração reflexiva. Agora, mergulhando mais nas discussões sobre lifelogging e self-tracking interacional, posso acessar no site do Quantified Self lista de links sobre self-tracking em energia, fitness, comida, metas, saúde/medicina, aprendizado, estilo de vida, dinheiro, localização, humor, produtividade, sono e outros…
O vídeo abaixo mostra uma pequena palestra TED Talk de Gary Wolf sobre o conceito. Wolf fala sobre a difusão de dispositivos móveis, melhoria no armazenamento de dados, processamento e sensores biométricos que permitem o atual estado de práticas de self-tracking.
Gary Wolf diz empolgado à platéia: estes dispositivos são atribuídos a melhorarem a segurança biométrica, pesquisa em saúde pública, novos métodos de pesquisa de marketing ou outros, mas a principal aplicação seria para o auto-conhecimento. Sem dúvida, a empolgação de Wolf é compreensível. Essa convergência de comportamentos, dispositivos e interesses abre milhares de possibilidades (e perigos?) em cada uma de suas aplicações. No que tange à memória digital, já falei aqui sobre o contraste das posições de Viktor Mayer-Schonberger e Jim Gemmel e Gordon Bell. O Quantified Self é um projeto muito interessante de ser observado ao representar o paroxismo de algumas atividades que realizamos no cotidiano – e que pode mesmo ganhar mais centralidade. Para os entusiastas, já existe uma enorme comunidade de “self-quantifiers”, que marcam encontros através do Meetup e acontecerá a primeira Quantified Self Conference este ano.