Nos próximos dias 27 e 28, acontecerá em São Paulo workshop e palestras do Social Analytics Summit, principal evento de monitoramento, mensuração e pesquisa em mídias sociais no Brasil. Tenho o prazer realizar a curadoria junto a Mariana Oliveira e estamos entrevistando alguns dos palestrantes.
Neste post a conversa é com Julie Teixeira, Coordenadora de Business Intelligence na Trip Editora. Formada em Relações Públicas, tem experiência em agências como Ogilvy & Mather e Remix Social Ideias, além de outros projetos culturais/editoriais como Inmovimento Filmes, Grupo RBS e Revista Noize. Nos últimos anos tem estudado e aplicado técnicas de visualização de dados à inteligência em mídias sociais. Será responsável pelo módulo sobre o tema no workshop do evento.
Tarcízio: Qual impacto a visualização de dados traz para entregas de informação que, ao contrário de uma página de jornal ou revista, não será vista por milhares de pessoas? Vale a pena o apuro estético e conceitual para meia dúzia de “leitores”?
Julie: O objetivo do dataviz ~spoiler alert~ é comunicar um dado da melhor maneira possível: fácil e rápida de ser absorvida. Então, ao contrário do que muitos pensam, dataviz não é sobre apelo estético, isso é só uma consequência de um trabalho bem feito.
A entrega desse material (relatórios e análises de dados) tem como objetivo ajudar na tomada de decisão. As pessoas responsáveis costumam ter rotinas atarefadas e caóticas e não podem perder tempo tentando decifrar um relatório bagunçado.
Então o trabalho de dataviz é fundamental para que as poucas pessoas que vejam esse material absorvam rapidamente o conteúdo que foi proposto, sem nenhum grau de imprecisão ou dúvida.
Se as pessoas que usam as análises da minha equipe para decidir a estratégia do próximo semestre não entendem direito o que quis ser comunicado, o trabalho está incompleto (pra não dizer completamente inútil).
Então a resposta curta é: sim, é imprescindível.
E SE EU PUDER FAZER UM ADENDO AQUI:
Migos dos infográficos, não joguem um monte de informação em cima do diretor de arte e vão embora. O diretor de arte muitas vezes não tem conhecimento sobre dados – e na maioria dos contextos nem é obrigado a ter – aí terminamos com aqueles infográficos lindos, cheios de ícones completamente fora de proporção, com informações sem referência e incomparáveis entre si (quando deveriam ser).
Pra maioria das pessoas, dados são um mistério e o nosso trabalho é facilitar o entendimento e não o contrário.
T: Quais as diferenças e particularidades de trabalhar com dados em uma editora, em comparação à agências?
J: Do que eu observei, entre os veículos mais tradicionais, existe um apego muito grande ao papel ainda. Mas ao mesmo tempo, existe grande preocupação com o digital, estamos numa fase de transição cultural.
Tive surpresas muito positivas em editoria, estou tendo a sorte de trabalhar com pessoas que gostam do que fazem e existe um senso de propriedade e responsabilidade com o produto final que poucas vezes eu encontrei na publicidade.
Apesar de ter encontrado menos profissionais com background em métricas, as pessoas tem muito interesse no que eu tenho a dizer, elas querem usar as informações para melhorar o trabalho delas, descobrindo novas abordagens, novos caminhos.
Eu também estou aprendendo muito sobre equilíbrio por aqui, muitas empresas que ficaram obcecadas com “data driven decisions” acabaram mudando seus valores e tiveram resultados ruins. Acho que “data oriented” é mais saudável.
Pronto, podem me crucificar. beijos.
T: O que os inscritos do workshop (que já esgotou as vagas!) podem esperar aprender sobre visualização durante seu módulo?
J: Como contar uma história usando os números. Todo número tem uma história e toda história tem a maneira certa de ser contada. Vou usar exemplos comuns na vida de um analista de social/web analytics e mostrar como coisas simples podem melhorar muito o resultado final. Meu objetivo é que as pessoas saiam com ideias pra aplicar imediatamente em seu dia a dia e que elas saibam como aplicar essas ideias.
Bônus: dúvidas sobre o assunto podem ser enviadas por inbox antes do evento. Prometo responder pontualmente ou abordar no workshop dentro do limite do meu conhecimento.
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As inscrições para o combo com o workshop já estão esgostadas, mas que tal conferir a programação do dia de palestras? Acesse em mediaeducation.com.br/socialanalytics
“Como contar uma história usando os números. Todo número tem uma história e toda história tem a maneira certa de ser contada.”
Uau! Isso, pra mim, é business intelligence :)
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