Helvetica (Gary Hustwit, UK, 2007) é um documentário do ano do cinquentenário da fonte criada por Max Miedinger. Em seus 80 minutos de duração, alterna entrevistas com designers e sequências de impressos, sinalização e todo tipo de comunicação visual em que aparece. A história da Helvetica é explicada. O filho de Edward Hoffman (o dono da tipografia Haas Type Foundry, que encargou Miedinger do trabalho) fala do processo de produção, e mostra desenhos originais.
Talvez a parte mais suculenta do documentário sejam os depoimentos (repletos de alfinetadas) de defensores do design moderno de um lado, e do design pós-moderno, de outro.
Massimo Vignelli está presente no filme e, num inspirado momento compara o papel do design com o do médico. Mas é particularmente interessante uma crítica aos “pós-modernos”: Nos anos 70, a geração jovem estava atrás de fontes psicodélicas, e qualquer coisa junkie que poderiam encontrar. Nos anos 80, com suas mentes completamente confusas por essa doença que foi chamada de Pós-Modernismo, as pessoas estavam desnorteadas como galinhas sem cabeça, usando todo tipo de fontes que poderiam dizer “não modernas”.
O papa do design pós-moderno, David Carson, fala de seu processo de criação e dá um testemunho sobre a polêmica matéria que desenhou na lendária Ray Gun: Se é chato e não vale a pena ler, porque não pôr o texto em Zapf Dingbats? É uma fonte.
Mas a maioria dos depoimentos, entretanto, fala da ubiquidade inescapável da fonte suíça. Michael C. Place traz um causo descontraído: Fiz convites de casamentos, e nunca farei de novo. É o tipo de trabalho mais estressante que já tive, lidar com sogras é horrível. Mas eu fiz o nosso, e pus um pequeno crédito agradecendo Max Miedinger pela Helvetica.
A ideologia do design também é posta na mesa. Do lado dos ”contraventores”, Paula Scher fala sobre sua época de estudante: Eu era moralmente contra a Helvetica, porque eu a via em grandes corporações patrocinadoras da Guerra do Vietnã.
Mas estes excertos aí acima são apenas fragmentos coletados por alguém que acabou de assistir o vídeo. Confiram com os próprios olhos, o documentário é uma verdadeira aula de história, contada de forma divertida (se bem que essa tarefa não é das mais difíceis em se tratando de design).