A série de entrevistas “Medindo a Influência nas Mídias Sociais” continua. Ontem publiquei no LinkedIn uma lista de links sobre o tema e o retorno do pessoal foi bem positivo, a demanda realmente está forte. Para conferir as entrevistas passadas é só acessar os posts: Paulo Milreu, Patrícia Moura, Eduardo Prange e Leandro Reinaux.
A conversa hoje é novamente do ponto de vista do usuário das ferramentas. Sérgio Salustiano atualmente é professor convidado da pós-graduação Igec/Facha em Métricas e coordenador do setor de Métricas da Agência Casa Digital. Segundo o próprio, é “mestrando quase jubilado em Estatística”, formado em Comunicação, especialista em Gestão de Comunicação Institucional e traz na bagagem 12 anos de experiência no setor em grandes projetos e agências como a Frog e Textual. Além disso, escreve ótimas reflexões sobre o mercado e métricas no seu blog www.skrol.com.
Como você definiria influência nas mídias sociais? Qual a importância de medi-la?
Definiria como a capacidade de mobilização, interação, afiliação e até mesmo mudança de percepção de um produto, serviço ou campanha. Medir a influência e os laços que ela cria é gerar ferramentas e/ou inteligência capaz de munir os diversos setores (planejamento, criação, mídia, gerência, entre outros) de como trabalhar, atender e atingir o seu público-alvo.
O que você acha dos métodos, métricas e modelos de negócio de softwares de mensuração da influência como Klout e PeerIndex? Escores do tipo podem apoiar decisões de comunicação?
Vejo que são ferramentas interessantes que demonstram como o mercado está preocupado com o impacto das mídias sociais nas estratégias de comunicação. Entretanto, elas seguem modelos que não são adaptáveis a realidade brasileira onde o Orkut e blogs podem gerar um considerável impacto em ações. As métricas utilizadas são um pouco confusas e os métodos de cruzamento de perfis é imediatista e ignora toda a base de relacionamento construída nas redes e potencial de influencia de uma pessoa ou marca. Com todos esses pontos negativos eu não utilizaria nenhuma desses softwares para apoiar uma decisão, como sempre faço recorreria ao conhecimento acumulado e ao meu banco de dados que mantenho atualizado com perfis relevantes de vários segmentos.
No que as ferramentas brasileiras de monitoramento e mensuração que você utiliza poderiam melhorar?
Principalmente em passar a utilizar o conhecimento de profissionais de métricas para o desenvolvimento ou melhoria dos seus softwares. Quando se pega o que é oferecido com as reais necessidades dos profissionais percebe-se que existe um grande abismo entre as empresas desenvolvedoras de software e os profissionais. Enquanto isso, as empresas estrangeiras fazem o caminho inverso e buscam ouvir e extrair, o conhecimento e aplicar em suas ferramentas as sugestões dos profissionais brasileiros.
Entre tantas mídias, práticas, serviços e ferramentas, qual seria o perfil ideal do profissional analista de monitoramento e métricas?
O perfil do profissional é de uma pessoa generalista, mas totalmente antenada com tudo que está acontecendo a sua volta. É aquele tipo de pessoa que você vê conversando sobre o impacto da taxa de juros e logo em seguida está falando sobre o último meme com a mesma naturalidade, pois ele sabe que mundo virtual e real se cruzam e ambos se influenciam. Para complementar tem que ser apaixonado por números, afinal mais de 50% do trabalho envolve cálculos.
Que avanços futuros você vislumbra para o mercado da mensuração e monitoramento das mídias sociais?
Eu vejo que o mercado de agências está amadurecendo de forma lenta para a necessidade de montar uma equipe de métricas dentro da sua estrutura, durante um bom tempo ainda vai permanecer a cultura que o analista de mídias sociais tem que planejar, criar, executar e monitorar. Enquanto isso, as empresas muitos mais antenadas e preocupadas com o investimento, impacto e retorno estão correndo por fora e montando equipes próprias para monitorar suas marcas e abastecer os gestores de inteligência para a tomada de decisões. Ao mesmo tempo vejo um crescimento exponencial de pessoas em busca de qualificação nessa área, que hoje é também durante um bom tempo vai ser a que oferece os melhores salários. Assim, durante os próximos dois anos não vejo grandes mudanças no mercado de agências,