Onde estão as mulheres nos eventos de comunicação digital e mídias sociais?

priscila marcenes, anna muniz e andrea hiranakaNa plateia. Segundo levantamento em realização com eventos (de mercado) de comunicação digital, mídias sociais e temas similares em 2014, apenas 19,35% das vozes no palco representaram mulheres.

Os dados são mais assustadores quando comparamos com a fatia das mulheres no mercado. Em alguns segmentos, como em mídias sociais, os dados da pesquisa do trampos mostram que representam 56,5% da força de trabalho, dado semelhante ao de minha pesquisa com profissionais de social analytics.

A tabela abaixo mostra a discrepância de representatividade. Em vermelho estão os eventos com menos de 30% de mulheres no palco. Em laranja, os relativamente equilibrados, com 30 a 70% de mulheres. E em verde os com mais de 70% de mulheres. Enquanto o vermelho domina, vocês não poderão conferir qual tonalidade de verde selecionei: mais de 80% dos eventos estão totalmente dominados por palestrantes homens, mas NENHUM teve mais de 70% de mulheres.

E quais são os motivos disto? Machismo e desigualdade nas relações de trabalho estão claros, mas aqui vai além disto ainda. São dados mais graves ainda quando falamos de um setor da comunicação relativamente novo, no qual diversos players importantes surgiram apenas nos últimos anos e poderíamos esperar que este tipo de desigualdade fosse menor. Ou seja: além da média salarial menor, as mulheres têm muito menos poder de voz. Podem até trabalhar, mas devem ganhar menos e ainda ficar caladas?

Como combater isto? Do meu ponto de vista, enquanto eventual curador de eventos, é abrir a caixa-preta e estar consciente desta discrepância, para combatê-la. Enquanto frequentador de eventos, não ir a eventos misóginos. Não será que o boicote por espectadores conscientes pode ajudar a mudar esta situação? Todos podemos acabar com o silêncio sobre o tema e outras distorções correlatas. E as profissionais da área podem realizar ações variadas para tentar combater tantas forças e pressões que tentam reafirmar estes privilégios de forma explícita ou disfaçada.

Qual a sua opinião sobre estes dados? Se puder colaborar com outros eventos para aumentarmos o mapeamento, só deixar links nos comentários.