Lançado em 2016, o livro “Africa’s Media Image in the 21st Century: From the ‘Heart of Darkness’ to ‘Africa Rising’“ (organizado por Melanie Bunce, Suzanne Franks, Chris Paterson) reúne capítulos que documentam e discutem a transformação das representações imagéticas da África fora e dentro do continente. Com foco nos países da África Sub-Saariana, os capítulos se debruçam sobre as diversas concepções de imagem, com temas como cobertura de temas pela imprensa internacional, particulares de veículos afro-diaspóricos, a saliência de histórias “humanitárias” em detrimento de outras narrativas e diversos outros temas.
O capítulo Instagram as potential platform for alternative Visual Culture in South Africa, de Danielle Becker, vai tratar da desigualdade que persiste no acesso a educação e divulgação artísticas na África do Sul como um fator agravante e mantenedor de imagens”Afro-pessimistas” produzidas por olhares dissociados da experiência e histórias particulares dos países africanos.
Becker analisa, então, como os instagrammers sul-africanos se apropriam do Instagram como um ambiente para criar audiências e contornar as barreiras institucionalizadas a suas produções. Quanto ao potencial democratizador das mídias sociais, acredita que
to “democratise” and create agency is something typically attributed to social media and particularly, as a form of photography or image making, to Instagram (Champion, 2012: 83). The potentially “democratic” nature of social media and of human experience in general is something that, according to Sontag, lies at the heart of photography itself: “to democratise all experiences by translating them into images” (Sontag 1977: 176) (BECKER, p.105).
A autora usou o próprio Instagram para selecionar entrevistados e solicitou também a publicação de fotografias com a hashtag #africasmediaimage. Selecionei algumas das publicações realizadas:
A utilização da plataforma pelo coletivo I See A Different You, de Soweto, é mencionada pela autora como uma atividade com ligações diretas a conceitos explorados pela curadoria em espaços tradicionais de arte. No vídeo abaixo podemos desfrutar de uma matéria sobre o trio:
Os coletivos e eventos criados para reunir instagrammers do país foram observados também pela pesquisadora, tais como Instagram_SA, IgerSouthAfrica. Finaliza o artigo concluindo que a plataforma, entre outras, tem sido utilizada para combater visões imagens hegemônicas do Norte global:
“Despite the still limited access to smartphone technology and affordable internet, the use of Instagram as a device for the dissemination of images has the potential to broaden access to Visual Culture in South Africa as it positioned outside of dominant discourses that privilege media from the global North.”