Sadayuki Mikami

sadayuki-mikamiA fotografia ao lado foi vencedora do World Press Photo em 1978. De Sadayuki Mikami, foi tirada em 26 de março de 1978, durante protestos contra construção do Aeroporto Narita, em Tokyo.Esta fotografia pode ser considerada pictórica*, na conceituação de Heinrich Wolfflin. Quando uma foto é tirada em movimento, ou de algo em movimento, a depender da velocidade de obturação, é criado um efeito de “borrão” característico de algumas fotografias que representam certos tipos de ações, como confrontos e guerra.

Particularmente em dois pontos o caráter de pictórico fica mais evidente. Há objetos, talvez projéteis, na parte superior, à esquerda, que de tão difusos sequer podem ser reconhecidos. E a figura que está pegando fogo é outra, na qual não existem limites reconhecíveis entre a figura, o fogo, a fumaça e o fundo.

E também não é uma forma fechada. Wolfflin define forma fechada como aquela em que cada objeto relevante à cena é apresentado nitidamente, sendo que os limites do quadro só recortem objetos secundários. Esta fotografia é um recorte fracionado da ação, que se prolonga além de seus limites laterais. A massa de manifestantes é recortada bruscamente pelo limite esquerdo, enquanto que o olhar e o vetor do movimento (uma vez que é fuga) faz referência a algo que provavelmente estaria localizado à direita do grupo.

Em relação à unidade, pode-se dizer que é um exemplar de fotografia nos quais os elementos relevantes estão dispostos em unidade múltipla. Aqui, o efeito também parece ser resultado do tipo de ação representada. Uma massa em fuga se avoluma em uma seção da fotografia, tornando indistinguíveis as formas em separado que executam uma mesma ação relacionada.

* O texto sobre esta fotografia foi desenvolvido origialmente para um exercício de análise durante a disciplina Teorias da Imagem (clique para fichamento do livro), ministrada pelo professor dr. Benjamim Picado. A disciplina consistiu em leitura de “Conceitos Fundamentais da História da Arte”, de Heinrich Wolfflin e posterior aplicação de seus pares conceituais sobre história da arte para a análise da fotografia. O professor Picado é o pesquisador-chefe do GRAFO, grupo de pesquisa em análise da fotografia, da Facom-UFBa.

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Marcas e Web 2.0

Uma marca bem-sucedida é geralmente aquela de fácil aplicação e memorização. Ou seja, além de representar a empresa ou produto, deve poder ser transposta para documentos em preto-e-branco, displays, placas e material digital.

Portanto, tirando a bizarrice da Rede Globo e coisas afins de Hans Donner, uma ou duas cores são o ideal. Excesso de cores, uso de degradês ou “sutilezas” exageradas eram evitados a todo custo. À medida que a tecnologia evolui, alguns desses cânones vêm sendo quebrados.

Um exercício de “remodelagem para web 2.0” de marcas famosas de grandes empresas foi realizado no fórum Yay Hooray, trazendo inclusive o efeito de reflexo tão difundido hoje em dia. Os resultados podem ser conferidos aqui.

Alguns exemplos:

Greenpeace

Bom, discussões sobre o Greenpeace são sempre calourosas. Alguns criticam o tipo de afiliação à organização. Contribuições mensais que pessoas de todo o mundo enviam, débito em conta, para manter a consciência limpa para comer em fast-food, ir de carro em cada visita à padaria no quarteirão vizinho e, no meio tempo, ignorar o mendigo na esquina.

Mas não resta dúvida que as campanhas criadas são maravilhosas. Geralmente seguem a estratégia de usar uma imagem de alto impacto e/ou criatividade, com uma pequena legenda no canto.

Legenda: “Recicle papel. Salve árvores”

Essa campanha vem com a legenda: “Não é somente a árvore que é cortada”.

Na legenda: “Inverno. Você sentirá falta quando acabar”

Helvetica NOW Poster Contest

Em 1957 o suíço Max Miedinger criou a fonte Helvetica. Criada para concorrer no mercado suíço (que na época tornou-se referência mundial em design) com a fonte Akzidenz Grotezk, tornou-se, desde então, a fonte sem serifa mais usada e plagiadano mundo.
Cinquenta anos depois, o banco de fontes Linotype lançou o concurso Helvetica NOW Poster Contest. A proposta é a criação de um cartaz comemorando o cinquentenário da Helvetica. Centenas de cartazes foram submetidos, a votação já foi finalizada e os vencedores serão anunciados em janeiro.
Aqui eu mostro os meus cinco preferidos, e o porquê.

Helvetic-tac
de Janka Kovach

Vários dos concorrentes utilizaram a referência ou às cores da bandeira suíça ou aos famosos relógios. Este daqui faz do próprio cartaz o relógio, com bom equilíbrio (a tríade perfeita) entre preto, branco e vermelho.

clarity
de Jonathan Carl Scheele

Leitura fácil e rápida, visibilidade perfeita, clareza. Assim é a Helvetica. Dezenas e dezenas de fontes em volta, com ou sem serifa, de tamanhos variados, mas o destaque é da pequenina palavra ‘communicate’.

Discrete Power
de Steven Whitfield

Boas idéias e poder discreto. A direção do olhar de quem vê o cartaz é levado, do canto superior direito, traçando a linha do cabo Helvetica até a luminosidade da lâmpada, brilhante como a fonte.

Helvetica knife design
de Rafael Chimicatti

Outra idéia meio óbvia e bastante recorrentes: canivete suíço. Gosto deste cartaz em particular por que não faz o canivete como um objeto tridimensional. O que basta aqui é a forma básica em elipse, assim dá ênfase à Helvetica, e não ao virtuosismo do designer. Em cima o nome do concurso, embaixo as “ferramentas” são frases sobre Helvetica e sobre design, mostrando a textura do texto que utiliza a fonte.

Arial
de Joana Sobral, Ana Simões, Jorge Amador

Cartaz mais simples de todos. Fast design, quase um MacDonald. Mas brilhante a idéia. A fonte Arial, assim como dezenas de outras são baseadas (ou cópias em alguns casos) da formosa Helvetica. Corpo enorme, contraste gigantesco, quase que engana. A palavra ‘Arial’ fica mais bonita em Helvetica.

"Hamlet", de Beggarstaffs

Pra estrear o marcador “cartaz” com grande estilo. Acho que esse é o cartaz mais bonito que já vi na vida. Simples e genial. Feito no finalzinho do século XIX, por William Nicholson e James Pryde, que trabalhavam juntos com o nome de Beggarstaffs. Eles utilizavam geralmente a técnica de silhueta, como neste cartaz aqui, por ser simples e barata a técnica de reprodução. Três cores para o Hamlet segurando a caveira de Yorick. Cena clássica e bem representada.