Continuando com o percurso sobre A História da Arte, chegamos aos capítulos 6 a 10.
6. Uma Bifurcação de Caminhos – Roma e Império Bizantino, séculos V a XIII
Quando a Igreja passou da posição de perseguida à autoridade no Império de Constantino, o modo de tomar a arte religiosa cristã mudou. As primeiras igrejas foram construídas em grandes salões compridos e estreitos chamados de ‘basilicas’.
As igrejas e santuários cristãos não podiam, por restrições da religião, apresentar estátuas e imagens para serem louvadas. Entretanto, no sexto século, o Papepa Gregório empreendeu mudanças neste aspecto, lembrando que a maioria dos cristãos não poderia ler ou escrever. Então, para ‘ensiná-los” sobre a religião, as imagens poderiam ser utilizadas didaticamente.
Gombrich explica que isto foi de imensa importância para a história da arte, porque permitiu que a produção de pinturas avançasse através dos temas religiosos, que se provaram ser centrais durante séculos neste tipo de arte.
O capítulo é fechado com a imagem do mosaico da catedral de Moreale, produzida em torno de 1190 na Sicília, que comprime uma narrativa que, segundo o autor “parecem ser símbolos perfeitos da verdade divina”.
7. Olhando para o oriente – Islã, China, séculox II a XII
Outra vez a religião cumpre o papel principal nos caminhos que a arte toma. A arte islâmica também condenava, de forma mais rígida no início, a representação de seres humanos. Devido a essa restrição, os artistas islâmicos se dedicaram a padrões e formas. Gombrich mostra a Corte de Lions, em Alhambra, na Espanha, como um grande exemplo dessa arte. Também cita, é claro, os tapetes persas que se transformaram em produto de luxo no ocidente até hoje.
Em relação à arte chinesa, Gombrich chama a atenção que davam à sinuosidade das formas, também na escultura. A influência do budismo na arte chinesa toma destaque. A arte religiosa da China, segundo Gombrich, se dedicava mais a ser um apoio às práticas de meditação do que a doutrinar sobre as lendas e mestres, como foi o caso da arte ocidental.
Essa particularidade se refletiu, além dos motivos utilizados, no próprio modo de ensino da arte. Os artistas chineses dessa época aprendiam primeiro a pintar cada tipo de objeto e elemento da natureza a partir das obras dos mestres para, só depois, contemplar a natureza diretamente e criar suas próprias obras a partir daí. Mas nestas pinturas não se buscava a referência exata a paisagens naturais, mas sim motivos simples da natureza executados com maestria.
8. Arte Ocidental na Caldeira – Europa, séculos VI a XI
Depois da queda do império romano, a “Idade das Trevas” se refere ao período, aproximadamente, dos anos 500 a 1000 no qual os povos da Europa viveram em migrações e guerras sem “conhecimento” a guiá-los.
A arte européia desse período também se caracterizou pelo conflito. Neste caso, ao invés de uma arte uniforme, esta se caracterizou por grande número de estilos diferentes. Os chamados povos bárbaros do norte da Europa certamente não tomavam a arte como os romanos, mas isso não significou que produziam uma arte inferior. Gombrich escreve sobre a habilidade destes em trabalhar o metal e madeira. Os vikings, por exemplo, produziam esculturas imbricadas de monstros e pássaros com fins mágicos.
Ao contrário da arte contemporânea, a arte deste período não valorizava a originalidade, e sim a precisão em produzir obras sob determinado estilo. Gombrich atenta para este fato e dá como exemplo a igreja construída sob ordens de Carlos Magno em Aachen por votla do ano 803, feita pra ser uma cópia de outra igreja construída 300 anos antes em Ravenna.
“Os ergípcios pintaram o que eles sabiam existir, os Gregos os que eles viam; na Idade Média, o artista aprendeu a expressar o que sentia“. Nesta frase , Gombrich resume o que acredita que foi a maior constribuição deste período. Se, por um lado, a arte é aparentemente menos desenvolvida – infantil, alguns diriam, os elementos das composições buscaram uma expressividade maior, como a representação de Adão e Eva em bronze nas portas da Catedral de Hildesheim.
9. A Igreja Militante – século XII
Ernst Hans Gombrich começa este capítulo escrevendo sbore a importância da igreja como construção física nas cidades européias do século XII. Na maioria dos casos, era a única construção de pedra. A única construção que poderia ser vista a distância. Para os camponeses e guerreiros recém-convertidos, a grandiosidade das igrejas deveria condizer com a ideia de que seriam basilares da luta contra as trevas, até o fim dos tempos. Parte da técnica desenvolviada na arte romana, entretanto, foi perdida durante a “idade das trevas”. Este período foi, então, campo de diversas experimentações. Um método que Gombrich destaca é o uso de grandes arcos para dar a impressão de gradiosidade, mas com o intervalo entre estes preenchidos de material mais leve.
Neste capítulo é mostrado o Castiçal de Gloucester. O objeto de bronze representa dezenas de criaturas entre demônios, homens e anjos. Entre a base do castiçal e o topo, simbolicamente e, de fato, mais iluminado (pela luz da vela), as ameaçadas das trevas do inferno são representadas através das criaturas e das inscrições. É um ótimo exemplo de como a função e forma foram trabalhados para enfatizar um ao outro.
Ainda neste capítulo, Gombrich continua a escrever sobre os pontos fortes de uma arte que estava buscando modos de expressar sentimentos como o sobrenatural, mas sem objetivar representações supostamente naturais. A imagem produzida para um calendário conta a história dos martírios de santos ocorridos no mês de outubro em uma intricada obra que usa de elementos geométricos para evidenciar relações e narrar ações.
10. A Igreja Triunfante – século XIII
Durante a primeira metade deste capítulo, Gombrich se debruça sobre arquitetura. Especialmente as transformações técnicas e estéticas que começavam a formar a arquitetura Gótica. Nesta parte, quem não é suficientemente versado em arquitetura, como eu, relembra que o texto deste livro é primoroso e consegue explicar elementos artísticos até a quem não está habituado com os termos.
Algumas páginas são dedicadas a Giotto di Bondone, pintor florentino que viveu, aproximadamente, de 1267 a 1337. Segundo Gombrich, Giotto inaugurou uma nova fase na história da arte, na qual esta passa a ser a “história dos grandes artistas”. No caso de Giotto, por exemplo, a maestria como no uso da ilusão de profundidade na representação Fides (parte do afresco ao lado) e no desenvolvimento de uma gestualidade mais expressiva o fizeram adquirir fama e notoriedade ainda em seu tempo.
+ Leia a primeira parte da resenha de A História da Arte
+ Leia a segunda parte da resenha de A História da Arte
– Acesse o The Gombrich Archive [inglês]
– Artigo sobre Gombrich na Wikipédia
– Artigo sobre Gombrich na Wikipedia [inglês]
– Veja preços de A História da Arte
– Veja preços de Story of Art
– Veja preços de Story of Art – Pocket Edition
Em breve, os próximos capítulos.