Revistas, revistas, revistas!

Se há uma característica da internet que me deixa empolgado, é a possibilidade de trocar produtos culturais, de variados tipos, com pessoas de todo o mundo. E se há um produto cultural que acho mais completo, desafiador e interessante que todos os demais, esse produto é a revista.

Então quem conhece já deve ter adivinhado: estou aqui para falar da pdf-mags.com . A página é um local de divulgação e disponibilização de revistas em formato .pdf, gratuitas para download. Boa parte das postagens vindouras serão críticas de revistas encontradas lá, principalmente as que possuirem alguma semelhança com minha menina dos olhos.

Atualmente estou baixando e lendo a Inversus, revista portuguesa de jornalismo cultural, literatura, fotografia e ilustração. Em breve uma postagem dedicada a ela.

Jamie Reid, Sex Pistols e expressão punk

A identidade cultural de um grupo qualquer é sempre uma negociação com as outras identidades possíveis. Negociação tanto no sentido de partilha de alguns elementos em comum quanto no sentido de posicionamento contrário. Para definir qualquer coisa, e não só uma identidade, é preciso dizer o que não se é. A alteridade do posicionamento de um sujeito em relação ao outro é mais evidente em alguns grupos, como os punks.

Os adeptos do movimento punk quiseram se diferenciar do restante de uma sociedade que eles abominavam, daí a necessidade de desmerecer os símbolos dos poderes institucionalizados – caso do repúdio do Sex Pistols à rainha da Inglaterra. A cultura punk pretende-se iconoclasta de todos os valores clássicos. A música – sob a forma do punk rock – é reconhecidamente o principal pilar do movimento e sua subcultura, com letras de caráter contestador.

A enunciação oficial histórica é combatida por intervenções urbanas que contestam a autoridade. O movimento punk foi especialmente prolífico nesse sentido. A capa do single ao lado, por exemplo, usa como base uma imagem oficial largamente difundida da rainha da Inglaterra. Essa imagem foi utilizada em diversos fanzines e grafites, com dizeres ofensivos sobrepostos à imagem.

O álbum “Never Mind the Bollocks”, da banda inglês Sex Pistols é um exemplo característico da quebra de regras formas de composição. Também elaborada pelo designer Jamie Reid, ignora propositalmente conceitos básicos de design, como visibilidade, simplicidade e padronização. O título do álbum é fragmentado em duas famílias diferentes de tipos, causando uma certa estranheza na primeira leitura. O nome “Sex Pistols” é escrito com letras irregulares em espaço negativo numa faixa lilás sobre um fundo amarelo. O uso de letras diferentes em uma mesma palavra foi utilizado pela cultura punk para se referir à cartas anônimas (de seqüestro ou atentado, por exemplo).

Outros trabalhos de Jamie Reid:


Leia mais:
+ HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade.

+ LOPES, M.B.P. As fontes no rock: uma análise dos elementos tipográficos em capas de discos.
+ mais sobre Jamie Reid no site mital-U

Marcas e Web 2.0

Uma marca bem-sucedida é geralmente aquela de fácil aplicação e memorização. Ou seja, além de representar a empresa ou produto, deve poder ser transposta para documentos em preto-e-branco, displays, placas e material digital.

Portanto, tirando a bizarrice da Rede Globo e coisas afins de Hans Donner, uma ou duas cores são o ideal. Excesso de cores, uso de degradês ou “sutilezas” exageradas eram evitados a todo custo. À medida que a tecnologia evolui, alguns desses cânones vêm sendo quebrados.

Um exercício de “remodelagem para web 2.0” de marcas famosas de grandes empresas foi realizado no fórum Yay Hooray, trazendo inclusive o efeito de reflexo tão difundido hoje em dia. Os resultados podem ser conferidos aqui.

Alguns exemplos:

Greenpeace

Bom, discussões sobre o Greenpeace são sempre calourosas. Alguns criticam o tipo de afiliação à organização. Contribuições mensais que pessoas de todo o mundo enviam, débito em conta, para manter a consciência limpa para comer em fast-food, ir de carro em cada visita à padaria no quarteirão vizinho e, no meio tempo, ignorar o mendigo na esquina.

Mas não resta dúvida que as campanhas criadas são maravilhosas. Geralmente seguem a estratégia de usar uma imagem de alto impacto e/ou criatividade, com uma pequena legenda no canto.

Legenda: “Recicle papel. Salve árvores”

Essa campanha vem com a legenda: “Não é somente a árvore que é cortada”.

Na legenda: “Inverno. Você sentirá falta quando acabar”