Revistas em Mutação – Mutation Magazines

A palavra ‘magazine‘ vem da palavra árabe ‘mahzan‘, que significa loja ou depósito. Como a própria origem da palavra sugere, revistas armazenam uma coleção de elementos unidos e arranjados de uma certa maneira no espaço. A origem etimológica da palavra pode nos levar à falsa idéia que revistas só podem existir em sua forma física. E a forma física das revistas que nós tendemos a associar com capa, capa interna, logotipo, índice, artigos, fotografias, ilustrações, infográficos e publicidade. Mas essa idéia de revista é presa às características da mídia impressa, aonde foram feitas seus primeiros exemplares. Entretanto, é necessário enxergar além desta, ou qualquer outra conformação que a mídia revista pode ser expressa, para identificar e entender seus componentes reais. A identificação adequada desses componentes podem ajudar a estabelecer o que é realmente a mídia revista, e o por esses meios, abrir diferentes possibilidades nos modos de desenvolver e atualizar revistas em meios diferentes.

No artigo “Mutation Magazines – the Media out of Medium“, José Faria Neto discute o conceito de revista a partir de sete produtos: “combate”, “Mediamatic”, “Visionaire”, “Statements”, “Fantástico”, “Artífice” e “Protótipo Design”. Este último é um projeto em que o próprio esteve envolvido. A imagem mostra uma tabela que o autor utiliza para comparar as várias revistas. A coluna da esquerda mostra as partes de uma revista: forma, abertura, mensagem escrita, mensagem estética, aglutinador compositivo e união técnica.Recomendo também a visita ao site do Is Not Magazine, uma revista em formato de cartaz. Sempre torci o nariz para ela (que previu isso desde o nome), mas olharei com mais atenção a partir do que Faria Neto diz.

Revista Muito: 20 números {parte dois: capas}

As capas da revista Muito foram muito irregulares. Sobre o primeiro número eu comentei em outra postagem sobre como traz a estilista Márcia Ganem, algo meio despropositado. Ela só aparece na revista na matéria sobre o bairro “Santo Antônio Além do Carmo”, falando sobre a compra de imóveis no local em valorização. Entre os pontos mais altos e mais baixos estão as seguintes.
No terceiro número a entrevista com Christian Cravo veio a calhar para a equipe da Muito. O auto retrato do fotógrafo encaixou-se muito bem à estrutura de informação da capa.

O quarto número da Muito foi um dos melhores até agora, qualidade que também se percebeu na capa. Sem a falta de tato do primeiro número ou a obviedade do retrato da zero e da dois, a reportagem sobre a bicicleta como alternativa de transporte não trouxe, surpreendentemente, o retrato de um cicilista vestido e paramentado a caráter. A dupla de abertura da reportagem e os infográficos utilizados também são exemplares, mas isso é tema de outra postagem.

Duas semanas depois, a pior capa. No domingo 11 de maio, dia das mães a revista Muito ficou de corpo, capa e alma um encarte publicitário. Familiazinha sorridente, rica, loura, feliz e abastada como o suposto público da revista.

Se esta não tivesse sido a única Muito dentre as vinte primeiras que não comprei no mesmo dia, teria ido reticente para a banca de revistas. O que poderia esperar quatro dias antes do dia dos namorados? Um casalzinho de classe alta feliz, louro. Ela de vestidinho, cabelo liso – ou chapado, e ele de camisa pólo. Surpreendendo as “expectativas”, a décima Muito foi a primeira a não ter um elemento humano direto (se contarmos o pé da bicicleta da quatro). Docinho aparentemente em formato de coração sobre uma embalagem (?) com as letras da palavra sad – tristeza em inglês.

A capa do oitavo número foi a primeira, e uma das poucas até agora, a se utilizar de arte gráfica. Gosto particulamente desta porque a arte da capa se desdobra na diagramação da matéria, que também utiliza do padrão de cores e das formas. A matéria “A saga de um cafona” pode ser conferida no Issuu.

O “peculiar” cantor e compositor de bossa nova, João Gilberto, foi o centro da capa #15, a mais elegante. Em preto-e-branco, a expressão -olhos semi-cerrados e o sorriso despreocupado – associada a iluminação dão uma sensação de proximidade tão presente.

Dessa vez, o miolo da revista é sobre “paternidade”, devido aos dias dos pais. Primeira capa totalmente ilustração (a capa do oitavo número é edição sobre fotografia), a reportagem do miolo também traz o mesmo tipo de arte.

Crítica de revista em vídeo – Boicovideo

O blog Boicozine acaba de lançar um projeto que eu já tinha – não pus em prática ainda por causa da voz fraca e câmera ruim… São pequenos vídeos em que o locutor Michael Bojkowski apresenta, folheia e critica revistas variadas. O Boicozine é mantido pela Press Publish. Abaixo os dois vídeos que abriram o projeto.


Boicozine #1: Distill Magazine Review from Michael Bojkowski on Vimeo.


Boicozine #2: L’œil / Design / The Architectural Review from Michael Bojkowski on Vimeo.

Design Gráfico Cambiante – Dois Artigos de Rudinei Kopp

A estética cambiante que o design gráfico nos oferece atualmente pode não ser uma prática ou estratégia hegemônica. Não foi adotada por um grande número de designers ou empresas e tampouco sabemos se um dia isso acontecerá. O fenômeno é visível e vem crescendo como possibilidade no design gráfico atual. Os elementos que deram condições para o seu surgimento se confundem com a Pós-Modernidade e uma das faces desse tempo é o próprio design gráfico cambiante.

O logotipo da MTV é um dos exemplos mais famosos desse tipo de design observado por Rudinei Kopp. O pesquisador e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul possui dois artigos disponíveis na internet sobre o assunto.

Design gráfico cambiante: a instabilidade como regra (baixar pdf)
A capa efêmera: raízes e causas da instabilidade como estratégia no design editorial (baixar pdf)

O excerto acima foi retirado do segundo. Ambos tratam de algumas manifestações do design contemporâneo, ou Pós-moderno, como confronto aos ideais modernos de controle e redundância. Apesar de deixar de lado algumas questões importantes como quais seriam (por exemplo: M não serifado, relação de tamanho e localização entre o M, o T e o V etc) os elementos que possibilitam o reconhecimento do logotipo como tal, os exemplos de Kopp são muito interessantes.

Além da MTV, Kopp mostra as capas das revistas Ray Gun (a lendária revista de David Carson), Matiz, Big e Sexta Feira. Fazendo o resgate histórico, apresenta a série de logotipos abaixo, do Jornal Literatur in Koln, de 1974.

Em uma postagem a ser publicada em breve, resenharei com mais cuidado o livro Design Gráfico Cambiante.