J. Carlos, Para Todos e o Pierrô

O fato de pensar as quatro capas simultaneamente permitiu ainda que J. Carlos soltasse sua imaginação para além das combinações cromáticas, criando no carnaval de 1927 quatro capas que juntas contam uma história. Na primeira, sob os auspícios da lua, Colombina se deixa seduzir por Arlequim, enquanto Pierrô assiste a tudo, desolado. Na segunda, o dia está raiando, Pierrô olha perplexo para Arlequim morto à sua frente. Podemos perceber que, ao lado de sua mão direita aberta, a fumaça ainda sai do revolver caído no chão. Terceira capa: terça-feira gorda, sol a pino, emoldurando a cabeça de Arlequim carregada numa bandeja, como um são joão batista, pela amante Colombina, que dança alegremente nos ombros de seu Pierrô. Quarta-feira de cinzas, quarta capa. Nela, um diabo gigantesco varre, entre serpentinas e confetes, os tolos Pierrô e Arlequim. A Colombina pela qual se disputaram a esta altura já está em casa, sonhando com os anjos. Ao lado, sem nenhum medo de ser varrida por aquele diabo que conhece bem, uma cabrocha faceira assiste à cena com ar de desdém.”

para-todos-capa-1

para-todos-capa-2

para-todos-capa-3

para-todos-capa-4

O texto e as capas acima foram retirados do ensaio “J. Carlos, designer“, de Julieta Costa Sobral. Faz parte do livro “O Design Brasileiro Antes do Design“, organizado por Rafael Cardoso e editado pela Cosac Naify. O livro é composto de nove ensaios sobre aspectos da história gráfica brasileira entre 1870-1960, comprovando que houve considerável produção que poderia ser chamada de design antes da década de 60.

Mais:
+ Compre o livro aqui
+ Leia a dissertação de Julieta Costa Sobral chamada Para Todos: J. Carlos Designer aqui
+ Dissertação J.Carlos: A Poética do Traço, de Nathália Chehab aqui
+ J. Carlos como cartunista aqui