Watchmen – sobre capas e cartazes

Antes de qualquer coisa, um aviso. Este post contém vários spoilers. Não continue a ler se não é uma pessoa abençoada que já leu os doze volumes de Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons. Exageros à parte, esse post é para quem leu os quadrinhos e/ou já assistiu o filme.

Não me atreverei a fazer uma crítica no pouco tempo que tenho aqui: como já escrevi em outro post, Watchmen merece um texto crítico, analítico e denso que ainda não desenvolvi. É das capas que quero tratar aqui. Abaixo, as originais da série.

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As doze capas trouxeram uma estrutura fixa. Na parte esquerda da capa, uma faixa com o logotipo da DC Comics, o título, número, preço e um relógio com uma contagem regressiva para a meia-noite. Na contra-capa, “sangue” escorre do topo da página e vai preenchendo aos poucos, número a número, todo o espaço.

São enquadramentos de detalhe todas as imagens de capa.  Cada uma delas se refere ao conteúdo interno, é claro, mas de uma forma que a capa só é “decodificada” depois da leitura. A areia violeta onde a fotografia do quarto número repousa ganha outro peso quando a leitura é completada. A capa do décimo primeiro é quase incompreensível – até determinada página. O último número traz o relógio para a imagem principal, fechando o recurso sequencial de forma dramática. A tensão criada por onze números e por onze meses será resolida com um desfecho sangrento?

A não ser que o roteirista enlouqueceu e planeja suicídio através da unusual técnica “linchamento por nerds” (e isso não aconteceu segundo o Érico Borgo), Watchmen não é um “filme de super-heróis” no sentido Quarteto Fantástico ou Homem-Aranha da coisa. A maioria dos cartazes de cinema, entretanto, passam essa impressão. Sobretudo o deprimente cartaz que foi escolhido pela distribuição brasileira. (cartazes retirados do Cinema em Cena)

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Watchmen é um filme sobre a “eterna luta do bem contra o mal”? Não. Passa muito longe dessa dicotomia boba vista em Super Homem. Watchmen é um filme de ação? Não. Por isso, acho que esses cartazes são decepcionantes. Observem a disposição e gestualidade dos seis personagens amontoados, as aeronaves ao fundo e o enfoque nas armas. O que esse cartaz comunica, além de que é um filme de super heróis cheio de efeitos especiais?

Como fã dos quadrinhos originais, os cartazes mais ricos são os da série de cartazes da qual extraí os seguintes:

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No final dos volumes de Watchmen, os quadrinhos deram lugar ao texto. Eram “material de apoio” a narrativa. Excertos de livros, jornais e documentos do mundo ficcional de Watchmen  incluiam tramas secundárias, informações adicionais e muita verossimilhança. Essa série de cartazes exibem imagens dos personagens principais em uma estrutura semelhante a da capa dos quadrinhos, acompanhado de uma citação. As imagens não são apenas ostentórias como a do cartaz acima. Trazem um instantâneo da narrativa para o cartaz, o suficiente para despertar a curiosidade. Quem é esse herói que vê um painel de TVs acompanhado de um animal estranho? O que é aquele ser de azul que flutua meditando?

A imagem abaixo faz parte de um conjunto que também se foca apenas em um personagem em cada cartaz. Apesar de preferir os cartazes acima, também são bons. Cada um traz uma citação também, importante em se tratando de Watchmen, que se apoiou também em material em prosa como escrevi acima. O fundo de cada cartaz traz elementos associando Vietnã ao Comediante, a Cidade ao Rorschach, as Revoltas Populares ao Coruja e o Progressismo Tecno-biológico a Ozymandias.

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Enfim, daqui a algumas horas saberei se minhas reclamações sobre o cartaz oficial brasileiro realmente têm validade na prática. Abaixo, o ótimo segundo trailer do filme.

– Veja preços dos quadrinhos Watchmen

Eliseu Visconti – Caixa Cultural de Salvador

eliseu-visconti-bibliotheca-nacional-do-rio-de-janeiroDe nascença, Eliseu Visconti é italiano. Nasceu em Giffoni Valle Piana em 1866. Muito cedo, entretanto, veio para o Brasil com os pais. Depois de estudar  no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, conseguiu uma bolsa e foi estudar na França, passando pela École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts e pela École Guérin. Lá foi aluno de Eugène Grasset e conheceu a Art Nouveau. De volta ao Brasil, foi um dos introdutores deste estilo em ilustração, decoração, design gráfico e pintura.

Sua obra mais conhecida é a decoração do Theatro Municial do Rio de Janeiro. Até 8 de março a reprodução destes paineis mais trabalhos de Eliseu Visconti em pinturas, cartazes, ex-libris, selos, capas de revista, cartões, cerâmica e decoração estarão expostos na Caixa Cultural de Salvador , na exposição Eliseu Visconti – Arte e Design. A curadoria é de Rafael Cardoso, historiador do desgin brasileiro e organizador do livro O Design Brasileiro Antes do Design.

A exposição já passou pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, em 2008. Neste ano, depois de Salvador, tomará lugar em Brasília.

A entrada é franca. O espaço está aberto de terça a domingo, das 9h às 18h e fica na Carlos Gomes, n°57.

+ Página sobre Eliseu Visconti
+ Veja preços de O Design Brasileiro Antes do Design

Dica de Blog: Noite Estrelada/Okida Design

O blog Noite Estrelada, de endereço www.okidadesign.blogspot.com é mantido pela designer e professora de planejamento visual Márcia Okida. As atualizações são raras, mas o conteúdo é de primeiríssima qualidade. São análises extensas e inteligentes de cartazes cinematográficos. Quem escolhe os cartazes analisados são os leitores do blog, por meio de enquete.

A imagem acima é a divisão em quadrantes feita para analisar o cartaz de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Depois de explicar que filme e o cartaz são baseados na obra de Juarez Machado, analisa as cores, composição geométrica, gestualidade, pose, textura… Também já analisou os cartazes de Clube da Luta, Corra Lola Corra, Edward Mãos de Tesoura, Brilho Eterno de Uma Mentes Sem Lembranças, entre outros.

Márcia é multiblogueira e também mantêm os blogs: Vontade de Ver, de uma asssociação da qual ela faz parte que une cinema e educação; Não por Acaso, sobre projeto da biblioteca da UNISANTA, onde ensina; Mil Tsurus Pela Paz, de título auto-explicativo; e Cinesurpresa, blog de um cineclube.

Por fim, pra dar mais visibilidade merecida a quem publica bom conteúdo na internet, confiram os artigos no designGráfico: O design gráfico como elemento de linguagem editorial e Roxo com bolinhas amarelas.