Não se pretende que alguém “entenda” uma capa de LP mas sim que se sinta decisivamente atraído por ela. Assim, deve a capa provocar uma reação imediata, um impulso, um apelo. Seu pior fracasso é passar despercebida: ser um envoltótio comum, sem força de venda. A capa deve “soar” graficamente, numa mensagem convicente e fácil de ser gravada. Não devemos nos orientar pelo critério beleza: principalmente no nosso caso é por demais relativo (já dizia Voltaire: “a beleza para o sapo é a sapa”). Em ótica, no entanto, somos todos iguais. O truque visual – permitido pela razão gráfica – é a forma mais rápida, direta e rentável de comunicação entre a capa e o indivíduo. Chamo “razão gráfica” a solução simbólica visual de alguma coisa. Além do mais, esse tipo de capa nos permite, justamente por sua simplicidade, disfarçar a deficiência de impressão. Certas companhias primam pela capa confusa, cheia de detalhes, com dizeres ilegíveis e excesso de cores. É um despropósito. Ao contrário, ao decidir-nos por uma “simplicidade de bom gosto” estaremos muito mais perto de obter embalagens ideais para os produtos em questão…
A capa e o texto acima são de César G. Villela, capista da gravadora Elenco. Foi retirado do ensaio Capas de discos: Os primeiros anos, escrito por Egeu Laus na coletânea organizada por Rafael Cardoso chamada O Design Brasileiro Antes do Design. Por sua vez, o texto de Villela foi publicado originalmente em livro de sua autoria chamado A História Visual da Bossa Nova.
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