Faces do Design 2 – Ensaios sobre arte, cultura visual, design gráfico e novas mídias

facesdodesign2Faces do Design 2 – Ensaios sobre arte, cultura visual, design gráfico e novas mídias não menciona na orelha, e na introdução da organizadora Mônica Moura cita apenas indiretamente, mas os 14 ensaios que compõem o livro são frutos da pesquisa na Universidade Anhembi Morumbi. Quando acabei de ler o livro, interessei-me bastante por esta escola.

O longo título faz juz à multiplicidade de assuntos abordados. Editado pela Edições Rosari sob a Coleção TextosDesign, aborda design gráfico, design de jogos, design de moda, fotografia, dança, arquitetura, branding, comunicação e antropologia.

Não segui a ordem especihelenita-queiroz-grave-minhoficada pelo sumário, e iniciei a leitura pelo ensaio da organizadora, com o envolvente título “Transgressão e impertinência no design”. A autora abre o ensaio com uma análise do caso do prédio ao lado, construído em Madre de Deus, Bahia. A “transgressão na vida cotidiana” é exemplificada pelo esforço de Dona Helenita em levar à cabo seu projeto/sonho de ter uma casa que tivesse frente para duas ruas. Ainda que o terreno apenas tivesse 1m de largura. Transgressão e impertinência também existentes no design, como mostra em seguida.

“Design de jogos: é brincadeira?”, de Delmar Galisi Domingues investiga a produção de jogos eletrônicos a partir do papel do designer de jogos. Para isso, escreve como esse profissional está envolvido em várias etapas na concretização de um game, do som, à programação, assim como a sua especificidade, que é “projetar o game, determinar sua aparência e jogabilidade”. Ao usar a metáfora do “diretor de cinema”, polemiza invertendo a associação: não seria na verdade este que deveria se chamar de designer?

Gisela Belluzo de Campos traz o ensaio “Arte, design e linguagem visual”. Apesar do título um tanto abrangente, o que a doutora em Comunicação e Semiótica faz é analisar as mudanças sofridas pelo design gráfico desde seu estabelecimento, sua fase modernista e na fase atual chamada “pós-moderna”. Identifica, inclusive, algumas características que desenvolve no texto, como: desfoque nas imagens; tipografias de baixa legibilidade; uso de cores industriais; mudanças de gostos. Desenvolve cada um desses fatores, depois de lembrar que: “cada criação e cada produção ocorre por uma necessidade do criador, do seu tempo, do seu público, do seu momento histórico e do lugar, e que o modo de admirar e fruir estas produões muda com a época.”

Os outros onze ensaios publicados são:

– A funcionalidade no design contemporâneo, de Adriana Kei
– O designer na construção de marcas: criando experiências e emoções, de Adriana Valese
– O caderno de ntoas como ferramenta do designer, de Claudia Marinho
– O design em formação, de Cláudio Ferlauto
– O olhar antropológico do designer, de Irene G. Rodrigues
– Design e fotografia caminham juntos, de Jofre Silva
– A gênese da moda, de Kathia Castilho
One more time. O improviso jazzístico e o design, de Marcos Mello
– Artesanato: patrimônio cultural, de Nelson Somma Junior
– Design de interfaces coevolutivas para a criação artística em dança, de Rachel Zuanon
– Por baixo dos panos: design de moda além da face, Rita Morais de Andrade 

Os programas de mestrado em design e comunicação da Anhembi Morumbi oferecem as dissertações para download em pdf e merecem a visita:  Mestrado Design e Mestrado em Comunicação.

Antes de finalizar, uma puxadinha do assunto para meu outro grande interesse: mídias sociais. A Edições Rosari é uma das editoras brasileiras de design que criou Twitter, assim como a 2AB e a Cosac Naify. É só clicar nos links da última frase pra ficar por dentro de notícias e promoções.

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Revista Lupa #5

A revista Lupa lança seu quinto número, produzido pela turma da disciplina Temas Especiais em Comunicação 2008.1. A demora foi fruto de problemas burocráticos típicos brasileiros. Mas não é isso que importa aqui, e sim a qualidade da publicação.

Pois bem. Logo na capa, a melhor até agora, em minha opinião. É uma montagem sobre foto de Jacques Wagner, atual governador da Bahia, bem jovem. No “embalo” dos 40 anos completados desde 1968, a matéria “Nada Será como Antes”, escrita por Edna Matos e Samuel Barros discute o engajamento  político da juventude e conseguiu fotos de arquivo de políticos baianos, quando jobens. Interessante e curiosíssima a pa´gina com imagens de Olívia Santana, Lídice da Mata, Geddel Vieira Lima e outros.

Um pouco depois, uma dupla sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano inspirou o infográfico mais elaborado já produzido na Lupa. Usando a estrutura do Banco Imobiliário, faz um bom panorama de problemas, soluções e interesses literalmente em jogo nessa questão.

Mais à frente, esta Lupa continua mais “séria” do que seus outros números e descobriu como escolas militares “ensinam” a história do “Dia da Revolução Democrática de 1964”.

O ensaio fotográfico da seção Impressões, por Caio Sá Telles e Mariele Góes, traz um tema que gosto: “anjos caídos”. Ainda há textos sobre arte cemiterial, rpg, convergência e mais.

Conceitos Fundamentais da História da Arte, de Heinrich Wölfflin

Escrito em 1915, Conceitos Fundamentais da História da Arte apresenta transformações estilísticas nas “belas-artes” entre os séculos XV e XVII a partir de cinco pares conceituais: linear e pictórico; plano e profundidade; forma fechada e forma aberta; pluralidade e unidade; clareza e obscuridade.

Heinrich Wolfflin trata, além da pintura e do desenho, da escultura e da arquitetura também. O livro é recheado de exemplos, com algum destaque para Dürer, Rembrandt e Rubens, o que faz do texto essencial para quem possui interesse nestes artistas.

Em cada capítulo, as transformações são observadas tanto de um ponto de vista histórico quanto do ponto de vista nacional.  E, para uma maior validade, os exemplos utilizados sempre são contrapostos a outros, de mesmo motivo e tema.

O linear é aquele tipo de arte em que os limites formas são delineadas claramente, com linhas bem definidas. A arte pictórica, por sua vez, permite que os efeitos da luz sejam mais evidentes. É a oposição das referências táteis às referências visuais. Abaixo um desenho de Holbein, do século XVI e um de Gabriel Metsu, do século XVII. Clique para expandir.

Em Plano e Profundidade, Heinrich Wolfflin deixa claro que as mudanças não se deram apenas em termos de evolução da expressão da profundidade espacial, mas que principalmente  na relação dos elementos entre os vários planos.  Os exemplos abaixo são de Quentin Masyss, 1507 e Peter Paul Rubens, de 1614.

Em Forma Fechada e Forma Aberta, o autor contrapõe as obras que se fecham em si mesmas, como se fossem uma realidade única, às obras que deixam claro que representam um recorte de um espaço maior. A primeira imagem abaixo é a Santa Ceia de Leonardo da Vinci. Observem a relação das horizontais e verticais com os limites do quadro e com os próprios elementos representados. A segunda imagem é a Ceia em Emaús, de Rembrandt. Observem como o foco da composição não está no centro, a disposição dos elementos e a própria referência ao espaço externo, com a inclusão de “meia porta” no canto direito.

Pluralidade e Unidade tem o subtítulo “unidade múltipla e unidade individual”.  Abaixo, a Ascenção de Maria de Titian e a de Bolswert ilustram as diferenças. De um “sistema articulado de formas” para um “fluxo contínuo”.

Em Clareza e Obscuridade, por fim, também tem um subtítulo abrandando os termos em “clareza absoluta e clareza relativa”. O excerto desta resenha se refere a este capítulo:

“[…] o Barroco evista sistematicamente suscitar a impressão de que o quadro tenha sido composto para ser visto e de que possa ser totalmente apreendido pela visão. Dizemos que o Barroco evita tal impressão pois, na realidade, ao conceber a obra, o artista naturalmente leva em conta o espectador e suas exigências visuais. A verdadeira obscuridade é antiartística. Mas existe, paradoxalmente, uma clareza do obscuro. A arte continua a ser arte mesmo quando renuncia ao ideal da perfeita clareza objetiva.”

As duas imagens abaixo são, respectivamente de Durer (1504) e de Rembrandt (1638).

Obviamente, essas afirmações que utilizei aqui nesta resenha passam bem longe da complexidade das proposições de Wolfflin. Somente uma leitura minuciosa do livro pode resultar na verdeira compreensão do valor desse texto. Esses conceitos não se aplicam somente às “belas-artes”, entretanto. Já postei aqui, há mais de um ano, um exercício que fiz durante uma disciplina na faculdade. Ao final da disciplina “Teorias da Imagem”, aplicamos os conceitos de Wolfflin à análise de fotografias, como esta de Sadayuki Mikami.

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PingMag: criação e inspiração japonesas

O Japão é um país muito, mas muito idiossincrático. O que não falta na mídia ocidental são produtos que observam a cultura japonesa. E o que também sobra são análises rasteiras, que falam de “quadrinhos de olhos grandes e leitura inversa”, “sabedoria nipônica” ou “a honra do harakiri”.

A PingMag é uma revista online em formato de blog que trata de design, moda, arquitetura, fotografia, artes visuais, música, tecnologia e o que há de mais interessante no Japão.

Um dos últimos textos é sobre a Nakagin Capsule Tower. O bom texto explica a crise que a fascinante torre (que eu não conhecia, apesar de ser dos anos 60) está passando, fala sobre o modelo Metabolista na arquitetura e traz imagens impressionantes.

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Alguns meses atrás outro artigo que me chamou atenção foi sobre o artista Haruo Suekichi. Há mais de treze anos o japonês cria relógios em estilo Steampunk. E por falar nisso, recentemente o site brasileiro Steampunk completou um ano.

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Design e Comunicação Visual na Bahia: Técnicas de Sinalização, de Sônia Castro

Lançado em 2004, Design e Comunicação Visual na Bahia: Técnicas de Sinalização foi escrito por Sônia Castro, uma das responsáveis pela implantação do primeiro curso de design na Bahia. Na primeira folheda atenta, contudo, a edição da EDUFBA decepciona: impressão ruim e tipografia confusa. A seção de abertura do livro é o basicão de qualquer livro de história do design. Antecedentes, Arts & Crafts, Art Nouveau, União Soviética, Bauhaus etc…

A segunda parte é bem interessante. Mais histórica, digamos assim, fala da indústria gráfica da Bahia nos tempos da colônia, passa pela ditadura militar e chega à década de 90 e novas tecnologias. Chega a listar nomes e pequeno histórico (e alguns trabalhos, às vezes) de dezenas e dezenas de designers baianos. A terceira parte, por fim, trata de sinalização. Para tanto, começa com identidade corporativa, símbolos, história da escrita para chegar a sinalização contemporânea propriamente dita, incluindo especificações técnicas.

É um livro um tanto quanto desarmônico, mas tem seus méritos no segundo e terceiro capítulos, a depender do leitor. Tive sorte porque design na Bahia me interessa, além de nunca ter lido nada específico sobre sinalização. Relativamente barato, vale a pena. Está a venda na Livraria Cultura.