Na plateia. Segundo levantamento em realização com eventos (de mercado) de comunicação digital, mídias sociais e temas similares em 2014, apenas 19,35% das vozes no palco representaram mulheres.
Os dados são mais assustadores quando comparamos com a fatia das mulheres no mercado. Em alguns segmentos, como em mídias sociais, os dados da pesquisa do trampos mostram que representam 56,5% da força de trabalho, dado semelhante ao de minha pesquisa com profissionais de social analytics.
A tabela abaixo mostra a discrepância de representatividade. Em vermelho estão os eventos com menos de 30% de mulheres no palco. Em laranja, os relativamente equilibrados, com 30 a 70% de mulheres. E em verde os com mais de 70% de mulheres. Enquanto o vermelho domina, vocês não poderão conferir qual tonalidade de verde selecionei: mais de 80% dos eventos estão totalmente dominados por palestrantes homens, mas NENHUM teve mais de 70% de mulheres.
E quais são os motivos disto? Machismo e desigualdade nas relações de trabalho estão claros, mas aqui vai além disto ainda. São dados mais graves ainda quando falamos de um setor da comunicação relativamente novo, no qual diversos players importantes surgiram apenas nos últimos anos e poderíamos esperar que este tipo de desigualdade fosse menor. Ou seja: além da média salarial menor, as mulheres têm muito menos poder de voz. Podem até trabalhar, mas devem ganhar menos e ainda ficar caladas?
Como combater isto? Do meu ponto de vista, enquanto eventual curador de eventos, é abrir a caixa-preta e estar consciente desta discrepância, para combatê-la. Enquanto frequentador de eventos, não ir a eventos misóginos. Não será que o boicote por espectadores conscientes pode ajudar a mudar esta situação? Todos podemos acabar com o silêncio sobre o tema e outras distorções correlatas. E as profissionais da área podem realizar ações variadas para tentar combater tantas forças e pressões que tentam reafirmar estes privilégios de forma explícita ou disfaçada.
Qual a sua opinião sobre estes dados? Se puder colaborar com outros eventos para aumentarmos o mapeamento, só deixar links nos comentários.
Um dos problemas que percebo em eventos é a falta de persistência da organização em buscar estas profissionais/estudantes, como também o empenho em divulgar em grupos específicos ou mesmo entrar em contato com as instituições de ensino (ao invés de colar apenas cartazes).
Colaborei na segunda edição do Rails Girls, que apesar de ser direcionado a pessoas que se identifiquem como mulher, homens não são proibidos de participar (desde que acompanhados por mulheres). A verdade é que estes eventos voltados a um grupo/gênero, principalmente na área de TI, incentivam e mostram que há um público feminino interessado em participar. Sem estas iniciativas como o Code Girl que ocorreu neste fim de semana em Natal com um número recorde de participantes, não haveria sequer uma discussão sobre o porquê das alunas/profissionais em TI não participarem dos eventos.
Há também outra questão importante. Em uma pesquisa que estava fazendo para o prêmio do CNPq sobre igualdade e gênero, percebi que muitas mulheres na área de TI/Design não participam como palestrantes ou atuam mais em produção científica por conta da síndrome do impostor. Eu sou uma destas mulheres.
As iniciativas estão aumentando e vejo cada vez mais pessoas engajadas e direcionadas a mudar este cenário em conjunto.
Oi!
Eu promovi o Social Media Day Porto Alegre esse ano e todas as palestrantes eram mulheres.
Inclusive esse era o “mote” do evento.
Trabalho há quase 3 anos com eventos e iniciatuvas que valorizam a atuação profissional feminina :)
Adorei teu post e sempre chamo a atenção para esse problema mos eventos.
Ah! O evento durou 4h e tivemos 250 pessoas. Além disso o financiamento foi via crowdfunding – que é o meio de financiamento com menor gender gap!
Parabéns pelo post e pelo trabalho!
Deb, você poderia compartilhar o link da agenda do evento pra que eu possa adicionar também?
Parabéns pela iniciativa!
abraços,
Tarcízio, estarei palestrando em um evento em Belém onde serei o único homem no corpo de facilitadores. Serão 4 palestrantesm, sendo 3 mulheres.
Seré a segunda Edição do Facebook Marketing.
http://yesbil.com/facebookmarketing/
A participação de mulheres em eventos de TI ainda é muito baixa. Com o objetivo de mudar este cenário a galera do grupo WordPress Woman criou uma pesquisa, destinada a mulheres, que será usada para aplicarmos medidas que estimulem a maior participação de mulheres nos meetups, WordCamps e outros eventos da comunidade WordPress.
Se bem que os resultados podem ser utilizados por organizadores de eventos de qualquer outra comunidade de tecnologia.
Segue o link da pesquisa e quem puder ajuda a divulgar para que tenhamos um bom alcance e resultado.
https://docs.google.com/forms/d/1JCaBli0rUme5igLMtcVHwV7iuucoamPxHPmskxptYQk/viewform
Pingback: Comentários sobre a pesquisa “Profissional de Métricas, Monitoramento e Social Analytics no Brasil” | Tarcízio Silva
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Pingback: Mulheres da comunicação e das relações públicas – Gabriela Moura
oi! eu adoraria conversar mais com você sobre isso, pois estou começando uma campanha para tentar mudar esse triste cenário! se quiser falar, meu email está aqui: mariana@altoseventos.com.br.
beijos e parabéns pelo post.
Pingback: Convide uma mulher para palestrar – Plano Feminino
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mais um pra sua lista. https://www.sympla.com.br/peleja-digital—conectando-ideias-pessoas-e-empresas-na-area-digital__138992/
12 palestrantes e 0 mulheres…
Acho muito justo e legítimo falarmos desse assunto sem o menor pudor e sem medo de retaliações por parte de reações de ofensa gratuita ou de ignorância por parte daquelas pessoas que ficaram presas no tempo pensando que colocar a mulher em segundo plano é algo normal (não é mesmo), porém, como jornalista, defendo a ideia de se pensar mil e duzentas vezes antes de se usar e publicar num artigo que trata de terceiros e eventos conhecidos, palavras como machismo e misoginia.
Um evento com o quadro completo por homens pode ser misógino e machista sim, embora também possa ser apenas um evento composto por apenas homens.
Um evento formado apenas por mulheres pode ser simplesmente feminista ao invés de femista.
Vamos tomar certos cuidados com a linguagem e os termos utilizados nas construções de textos.
Na escrita, uma vírgula fora do lugar já causa estragos, quem dirá uma palavra fora do lugar…
Há de se pensar que a crítica deve sempre existir, mas cuidado: existe uma linha muito tênue entre a crítica e a ofensa gratuita.
Henrique, como comunicador e pesquisador, não posso deixar de perceber que você usou 50 palavras para falar do problema apontado pela postagem e 128 para se defender e criticar a crítica.
O machismo estrutural é sim causador destas discrepâncias como o que aconteceu nos eventos citados e devemos mais nos preocupar com melhorar esta situação para o futuro do que nos ofendermos com a apresentação dos fatos.