Banco Imobiliário Sustentável e outras falácias [supostamente] verdes

Os encartes especiais do Dia das Crianças desse ano me apresentaram o Banco Imobiliário Sustentável! Todo feito em papel reciclável, o produto, produzido em parceria da Estrela com a Braskem tem, ao invés de Leblon ou XXX, reservas naturais como Pantanal, Chapada dos Veadeiros etc. Ao invés de companhias de transporte, companhias de reciclagem ou reflorestamento.

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Mesmo se esse joguinho pode ser educativo, é incrível como a falácia da sustentabilidade tem se disseminado por todos os cantos. Falácia sim, porque o discurso e os símbolos da sustentabilidade são utilizados na publicidade e nas embalagens, mas a produção e o modelo de lucro continua o mesmo.

Como a publicidade do tênis Rainha, comentado por Claudia Chow, mantenedora do blog Ecodesenvolvimento (leiam o que tá escrito na página esquerda).

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Outro exemplo, sobre o qual não pesquisei nada mais substancial, mas o “rebranding” do PFL em Democratas usa uma arvorezinha meiga com sobreposição de tons verdes e azuis. Tão lindo, né? Super juvenil e renovado, a marca e ACM, o Neto (como diria Hilton)…

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Ainda do blog Ecodesenvolvimento recomendo a leitura do comentário sobre o manifesto de Thomas Friedman.

[post originalmente escrito em outubro de 2008 para o falecido blog 300edois]

PingMag: criação e inspiração japonesas

O Japão é um país muito, mas muito idiossincrático. O que não falta na mídia ocidental são produtos que observam a cultura japonesa. E o que também sobra são análises rasteiras, que falam de “quadrinhos de olhos grandes e leitura inversa”, “sabedoria nipônica” ou “a honra do harakiri”.

A PingMag é uma revista online em formato de blog que trata de design, moda, arquitetura, fotografia, artes visuais, música, tecnologia e o que há de mais interessante no Japão.

Um dos últimos textos é sobre a Nakagin Capsule Tower. O bom texto explica a crise que a fascinante torre (que eu não conhecia, apesar de ser dos anos 60) está passando, fala sobre o modelo Metabolista na arquitetura e traz imagens impressionantes.

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Alguns meses atrás outro artigo que me chamou atenção foi sobre o artista Haruo Suekichi. Há mais de treze anos o japonês cria relógios em estilo Steampunk. E por falar nisso, recentemente o site brasileiro Steampunk completou um ano.

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Dica de Blog: Printfetish

printfetish

Começando as dicas de blog em outras línguas, apresento um dos melhores nomes: printfetish, em inglês. Além de revistas, eles escrevem sobre fanzines, impressos ou feitos à mão. Para quem quer ler de graça, revistas em pdf. Toda semana é publicada uma estante criativa para revistas. Uma das mais criativas é a última, prática para quem gosta de ler na cama.

I can haz cheezburguer?

Gatos são seres superiores per si. Se ainda são reforçados pela criatividade coletiva, tornam-se ainda mais fascinantes. “Lolcats ‘n’ Funny Pictures of Cats – I Can Haz Cheezburguer” é um site em formato blog que publica fotos de ‘lolcats”, um meme de internet que consiste em fotos de gatos com legendas engraçadas. Lol é uma sigla da internet que vem de Lot of Laughs – Bocado de Risadas. “I can haz cheezburguer”, por sua vez, veio de uma foto de um gato com as patas levantadas como se segurasse um cheeseburguer imaginário. Os erros ortográficos são um vício na internet do mesmo tiop deses ridícuols de orktu, migo.
O exemplo acima exibe a estrutura básica das lolpictures. A imagem de um ou mais gatos agindo de forma análoga a alguma ação humana é acompanhada de frases que poderiam estar sendo ditas pelos gatos ou algum comentário engraçado.

Até uma “mitologia” dos lolcats foi criada. O “ceiling cat” – ou gato do sótão -, é a divindade sagrada, enquanto o “basement cat” – ou gato do pórão -, é o seu antagonista.

O site fornece um tutorial de como produzir suas próprias imagens. Os mantenedores do I Can Haz Cheezburguer também mantêm sites parecidos de “lolpictures” envolvendo aqueles bichos sem dignidade, os cachorros, aqueles com menos dignidade ainda, os políticos, além de Fail Blog, que são lolpictures de “falhas”. É realmente curioso o sucesso desse meme, que foi até assunto da Times:

Acervo Digital Veja

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Para o bem ou para o mal, a revista Veja faz parte da história do Brasil. A tendência de publicação de conteúdo na internet é ubíqua. Se, por um lado, a Memória é uma característica importante do webjornalismo, por outro, os usuários criam a demanda por esse tipo de conteúdo. E se o próprio produtor de conteúdo não disponibiliza, alguém vai disponibilizar. Quem nunca leu uma revista escaneada em pdf, atire o primeiro comentário.

Sobre essa questão, adoro o texto de Mark Pesce chamado “Hypercasting”. Mais especitificamente sobre vídeo online, Pesce diz o seguinte: “Why has YouTube become the redistributor of these clips? Because none of the copyright holders made an effort to distribute these clips themselves. YouTube has been acting as an arbitrageur of media, equalizing an inequity in the market place.”

Mesmo se direitista e reacionária, a revista não pode brigar com os milhões de usuários geradores de conteúdo. Então, o melhor é que a própria publique seu conteúdo: todas as revistas, desde a fundação em 1968, estão disponíveis para visualização em flash.

Um problema compreensível é a busca. Inseri “Jimi Hendrix” e obtive 119 resultados. Porém, o mais antigo é de 1996. Ou seja, só as revistas originalmente produzidas com recursos digitais possuem informações completas. Mas é uma falta que não compromete o arquivo.

+ Ler texto de Marcos Palácios: Jornalismo Online, Informação e Memória (pdf)