Uma série de vídeos da campanha #VaiQVai no YouTube merece menção como um excelente exemplo de produção de vídeos para mídias sociais (a rigor, vi o lindo vídeo abaixo primeiro no metrô). Primeiro, observe um primeiro vídeo:
Três pontos merecem atenção na campanha: a utilidade do vídeo, que ensina algo às espectadoras; a escolha de elementos que constroem uma estrutura estilística; e a ampla variedade de penteados e atividades ligadas ao ritual de embelezamento.
Observe, no menu do canal do YouTube, as opções: 4 tipos de cabelos e 3 tipos de comprimento são as opções que dão à visitante a possibilidade de encontrar algum penteado que lhe agrade. Desse modo, a ampla variedade de opções é característica da campanha que aproveita o formato as affordances do digital, especialmente se tratando de canais do YouTube. Como não há limitação de espaço, a campanha pode escolher veicular diversos conteúdos para diferentes perfis psicodemográficos e físicos, atendendo ao máximo possível de consumidoras.
Em um grato momento em que parte da sociedade celebra as diferenças e particularidades, as empresas, sobretudo as ligadas à aspectos do corpo, devem e podem oferecer o máximo de segmentações e representações do valor vendido (a “beleza”, no caso de produtos da Seda), e não apenas um modelo.
O segundo ponto forte da campanha é que ela não apenas fala algo aos diversos tipos de consumidoras, mas ensina algo. Melhor e mais efetiva que qualquer tipo de publicidade interruptiva é o conteúdo demandado pela usuária. Nas mídias sociais os desvios e distrações são um padrão constante, então a publicidade deve servir ao consumidor, não o contrário. Os vídeos desta campanha são bem diretos: apresentam uma atividade cotidiana e, em seguida, sugerem um penteado. Objetivos como “Mandar Bem”; “Comemorar”; “Mostrar Quem Manda”; “Tirar 10”; “Aprovar o Projeto”; e “Curtir Boas Companhias” tem tanto espaço quanto “Ficar Deusa” ou “Ser a Musa do Verão”. Mais um exemplo:
Por fim, a estrutura narrativa é bem definida e se repete em todos os vídeos. Esta estrutura somada à padronização dos recursos visuais (como tipografia, legendas, movimento de câmara e modelo de atuação) marcam um estilo definido entre as produções. E marcação estilística é um dos melhores recursos para gerar memorização.
Todos os vídeos seguem a estrutura: Desafio -> Sugestão “Vai de” -> Aplicação do Produto-> Passo a Passo simples -> Transformação do Visual -> Objeto Representativo do Desafio -> Resolução do Desafio -> Fechamento
O detalhe do objeto representativo do desafio/problema/situação que será enfrentada pela modelo dá um toque especial aos vídeos. Abaixo quatro exemplos. Para o desafio “Aprovar o Projeto”, um pen drive. Para o desafio “Parar o Trânsito”, uma chave de carro. Para o desafio “Vai ter um Futuro Brilhante”, um estetoscópio. E para o desafio “Vai se Divertir Muito”, dois smartphones.
Merece menção o fato de que a possível escorregadela no título “Parar o Trânsito”, que poderia evocar a triste prática de assedio na rua, na verdade se trata da modelo indo pegar a chave do carro novo:
A campanha, então, é um bom exemplo de produção audiovisual para mídias sociais por oferecer conteúdo útil e não apenas publicitário; por prezar pela multiplicidade de tipos de consumidoras; respeitar atividades e aspirações cotianas; e pelo apuro estético, flertando com a definição estilística.