Revista do Brasil, n°1

Todo produto cultural ou comunicacional pressupôe um autor. Este possui uma identidade, posição política, repertório cultural e vivências específicas. O mito da objetividade já deixou de ser sequer verossímil faz tempo.
A Revista do Brasil não pretende se dizer objetiva e imparcial. A edição número 01, de maio de 2006, traz o presidente Lula na capa: “O Segredo de Lula. Um ano de bombardeios, na mídia e no Congresso, não abalou a liderança do presidente. De onde vem essa resistência?

Produzida e patrocinada por alguns sindicatos de trabalhadores,a publicação se pretende uma alternativa para a “parcela significativa da opinião pública que sente-se insatisfeita com o que encontra nos meios de comunicação.” De fato, também é importante ler publicações que sejam o oposto da Veja, para contrabalançar.

Os elementos gráficos como numeração, barra, fios, títulos e gráficos são todos impressos em preto, branco e vermelho bem vivo. A escolha das fotografias também parece ser bem minuciosa.

Em uma matéria sobre feijoada, “Mistura à brasileira“, nas páginas 22-23, o centro da dupla é preenchido por um prato farto. Os indispensáveis arroz e feijão decorados com tomate e pimenta, bem vermelhinhos.

Na dupla 12-13, temos a matéria “Pavor de Investigação” com o seguinte lead: “Apesar de tentar construir imagem de bonzinho, o PSDB usou de rolo compressor para impedir, na Assembléia Legislativa de São Paulo, CPIs que investigariam seu governo.” Neste caso o critério de escolha da foto de Alckmin é sorrateiro.

No jornalismo, entre uma fotografia e outra de um acontecimento, sempre é selecionado o mais representativo. Quando o acontecimento envolve uma personalidade, é selecionada a fotografia em que a ação do referido represente o que a publicação pensa sobre ele. Mas no caso de retrato, isso é excessivo.

Na capa dessa edição, claro, nada mais do que justo e condizente com a reportagem, o rosto de Lula feliz e satisfeito. Mas na matéria “Pavor de Investigação” foi impresso um retrato de Alckmin com uma expressão facial engraçada, ridícula. Nesse caso, acho que é forçação de barra desagradável.

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