De Outro Modo, n°1

Em dezembro foi lançada a primeira edição da DOM – De Outro Modo. A revista quer ser “mais do que uma “revista gay”, a DOM que apresentamos a você hoje quer ser igualmente plural. Sua essência é inclusiva, não exclusiva. Queremos que todos, gays e lésbicas em todas suas variantes, simpatizantes ou simplesmente humanos, sintam-se à vontade por aqui, enxergando nessas pa´ginas um universo não de estranhamento, mas de encantamento, não de apartes, mas de encontros.”

Graficamente, a revista é excelente. Não à toa: o pai da idéia da revista e do projeto gráfico-editorial foi Augusto Lins Soares, diretor de criação. Nas primeiras páginas, depois de um índice em duas páginas pares (pra valorizar a publicidade de turismo nas ímpares) com a divina tríade de cor (preto, branco e vermelho) a seção Misto Quente. Pequenas notas, citações e produtos curiosos. Em seguida, Cult. Divide-se em cenas, filmes, letras, artes e sons, mas sem páginas definidas. A cor dos títulos se refere a cada parte da seção. Sou suspeito pra falar, mas a parte de artes é particularmente interessante.

Outros pontos altos da revista se concentram no final. Em Psiquè texto do jornalista e terapeuta Jolio Moreno sobre auto-preconceito. Fechando a revista, a seção Aspas, com Laura Bacellar. A editora fala da criação do selo GLS no grupo Summus. O melhor texto dessa edição.

A seção Iconografia traz perfil e uma pequena história em quadrinhos de Tim Fish. A partir do próximo número, a série Cavalcade of Boys. Em Portfolio um ensaio fotográfico com vários trabalhadores, de padeiro a gogo boy, passando por estilista e personal trainer.

A Entrevista da edição é com o cineasta Guilherme de Almeida Prado (de A Dama do Cine Shanghai). O entrevistado fala de seu nome filme, Onde Andará Dulce Veiga?, linguagem pop no cinema, e representação de gays nos filmes.

Na gorda parte consumista da revista, muitas seções. Em Moda várias páginas com ensaios. Está na cara traz uma disposição interessante dos óculos anunciados, realizando uma das melhores duplas da revista. Consumo traz os carros mais desejados por gays de três capitais do brasil. Há ainda uma seção de Tecnologia e outra de Beleza, trazendo perfumes. E a cereja estragada do bolo solado, Petshop, traz coleirinhas de luxo…

Em Relacionamento uma matéria sobre o casal da “alta sociedade” carioca Carlos Tufvesson e André Piva. Viagem: A matéria ‘La cena’ traz a capital gay latino-americana, Buenos Aires. Em Gastronomia são apresentados pratos simples com frutos do mar usando “o que você tem na geladeira”. Giros indica lugares curiosos.

Saúde traz matéria sobre auto-exame de detecção de câncer de testículo. Bem-Estar fala sobre spas direcionados ao público gay. Fitness traz vários exercícios para alcançar o tanquinho. Em Corpo (divisão estranha em relação à saúde), traz matéria sobre disfunção erétil. Interiores traz dicas para melhor arrumar o armário… No título, o clichê dispensável: “Por dentro do armário”.

Signos não poderia faltar, claro. O diferencial é uma fotografia que acompanha (texto na página par, foto na ímpar), representando o signo do mês, sagitário. Como não poderia deixar de ser, um Teste relacionado a sexo. Dessa vez, “Que bicho sexual você é?”.

Com altos e baixos como toda publicação, a compra vale a pena. Nas bancas por dez reais.

Super Heróis Gays | Gay Super Heroes

Os quadrinhos sempre foram polêmicos em se tratando de personagens de orientação não-hétero. Na maioria das revistas, principalmente as dos universos Marvel e DC, que são as mais vendidas, só existiram heterossexuais durante muito tempo. Na década de 50, o “psicólogo” Frederick Wertham escreveu o relatório A Sedução dos Inocentes, que teve consequências desastrosas.

Nessa obra ele mostrava todos os supostos danos que os quadrinhos provocavam nos jovens. Todos os medos do americano médio da época estavam lá. Além de incentivar o comunismo, a maioria dos heróis eram maus exemplos por incentivar condutas sexuais questionáveis. A Mulher-Maravilha vinha de um país só de mulheres, enquanto Batman e Robin eram chegados demais…

O relatório foi levado ao Senado americano, que discutiu o assunto. Para evitar a falência, as empresas de quadrinhos criaram um código de censura interno que, dentre outras conseqüências, matou o menino-prodígio. Apesar das alegações de Wertham serem em sua maior parte infundadas, o código ajudou a manter os heróis dentro do armário.

Cinqüenta anos depois, a situação vem mudando. O segundo número da revista Mundo Super Heróis (Editora Europa, 10/2006, r$9,90) traz uma matéria de duas páginas sobre super heróis gays. O autor usa o termo genericamente, pois também traz alguns heróis bissexuais e heroínas lésbicas. Talvez até pan, considerando o alienígena Starman.

Entre os mais famosos temos John Contastine, que se declarou bissexual na edição 51 da revista Hellblazer. Na conservadora Marvel, a revista Jovens Vingadores, ainda em seus primeiros números, é a primeira a trazer dois protagonistas gays em relação estável. Os adolescentes Billy Kaplan e Teddy Altman são os heróis Wiccan e Hulkling, possíveis substitutos de Thor e Hulk.

A revista pode ser comprada aqui. Também visite o fórum de discussão F.A.R.R.A., que tem um tópico dedicado à revista aqui.

The comics have always been controversial when it leads to characters with non-hetero orientation. In most magazines, especially those universes of Marvel and DC, who are the most sold, only heterosexual existed for a long time. In the 50’s, the “psychologist” Frederick Wertham wrote the report The Seduction of Inocents, which had disastrous consequences.

In this work he showed all the supposed damage that the comics provoked in young people. All the average American fears of the epoch were there. Besides encouraging the communism, most heroes were bad examples by encouraging a questionable sexual conduct. Wonder Woman came from a country of only women, while Batman and Robin were too close…

The report was brought to the Senate, that discussed the matter. To avoid bankruptcy, comics’ companies created an internal censorship code which, among other consequences, killed the boy-prodigy. Despite most part of the allegations of Wertham were unfounded, the code helped keep the heroes get out of the closet.

Fifty years later, the situation is changing. The second issue of the magazine Mundo Super Heróis (Editora Europa, 10/2006, r $ 9.90) brings a matter of two pages about gay super heroes. The author uses the term generally, which also brings some bisexual and lesbians heroes and heroines. Maybe even pan, considering the alien Starman.

Among the most famous we have John Contastine, who declared himself bisexual in the 51 edition of the Hellblazer Magazine. In conservative Marvel, the magazine Young Avengers, still in its early numbers, is the first to bring two gay protagonists in stable relationship. Adolescents Billy Kaplan and Teddy Altman are the heroes Wiccan and Hulkling, possible replacement for Thor and Hulk.

The magazine can be bought here. Also visit the discussion forum FARRA, which has a topic devoted to the magazine here.