As capas da revista Muito foram muito irregulares. Sobre o primeiro número eu comentei em outra postagem sobre como traz a estilista Márcia Ganem, algo meio despropositado. Ela só aparece na revista na matéria sobre o bairro “Santo Antônio Além do Carmo”, falando sobre a compra de imóveis no local em valorização. Entre os pontos mais altos e mais baixos estão as seguintes.
No terceiro número a entrevista com Christian Cravo veio a calhar para a equipe da Muito. O auto retrato do fotógrafo encaixou-se muito bem à estrutura de informação da capa.
O quarto número da Muito foi um dos melhores até agora, qualidade que também se percebeu na capa. Sem a falta de tato do primeiro número ou a obviedade do retrato da zero e da dois, a reportagem sobre a bicicleta como alternativa de transporte não trouxe, surpreendentemente, o retrato de um cicilista vestido e paramentado a caráter. A dupla de abertura da reportagem e os infográficos utilizados também são exemplares, mas isso é tema de outra postagem.
Duas semanas depois, a pior capa. No domingo 11 de maio, dia das mães a revista Muito ficou de corpo, capa e alma um encarte publicitário. Familiazinha sorridente, rica, loura, feliz e abastada como o suposto público da revista.
Se esta não tivesse sido a única Muito dentre as vinte primeiras que não comprei no mesmo dia, teria ido reticente para a banca de revistas. O que poderia esperar quatro dias antes do dia dos namorados? Um casalzinho de classe alta feliz, louro. Ela de vestidinho, cabelo liso – ou chapado, e ele de camisa pólo. Surpreendendo as “expectativas”, a décima Muito foi a primeira a não ter um elemento humano direto (se contarmos o pé da bicicleta da quatro). Docinho aparentemente em formato de coração sobre uma embalagem (?) com as letras da palavra
sad – tristeza em inglês.
A capa do oitavo número foi a primeira, e uma das poucas até agora, a se utilizar de arte gráfica. Gosto particulamente desta porque a arte da capa se desdobra na diagramação da matéria, que também utiliza do padrão de cores e das formas. A matéria “A saga de um cafona” pode ser conferida no
Issuu.
O “peculiar” cantor e compositor de bossa nova, João Gilberto, foi o centro da capa #15, a mais elegante. Em preto-e-branco, a expressão -olhos semi-cerrados e o sorriso despreocupado – associada a iluminação dão uma sensação de proximidade tão presente.
Dessa vez, o miolo da revista é sobre “paternidade”, devido aos dias dos pais. Primeira capa totalmente ilustração (a capa do oitavo número é edição sobre fotografia), a reportagem do miolo também traz o mesmo tipo de arte.
acho que a muito tem -saco”- muito ainda o que melhorar. primeiro, ela tem que se decidir em que tipo de revista quer ser. Algumas das capas me pareceram a Revista de Domingo do JB. Outras me parecem uma revista de variedades, mas voltada pra cultura e pras artes contemporâneas. Porém as matérias ainda são um pouco de tudo e acho para sempre o serão. Essa indefinição se vê, claramente, na capa.
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Gostaria de mandar imagens para a seção que fica no final da revista. Por favor responda-me se for possível. Muito grata Gilda