Revista Inversus, n°3

A Inversus é uma revista portuguesa de jornalismo cultural. Na sua página web, que não é das melhores coisas já feitas em flash, podem ser baixados quase todos os números, com a exceção dos dois primeiros.

Trimestral, trouxe no terceiro número (primavera de 2005) um editorial que explicita bem a proposta da publicação. Começa assim: “O outro lado. A outra face de nós e do Mundo. De cada espaço e homem. Da música, cinema e teatro. Da literatura e da pintura. Uma estrada onde se abraça o desconhecido e a liberdade. Uma brecha onde o líquido da vida não se estanca.

Uma das matérias mais interessantes, “reféns da escuridão” fala de duas doenças que fazem com que os doentes sejam privados do sol. A referência, tanto no preconceito, quanto nas lendas, aos vampiros, é inevitável.

Atenção especial também à matéria “matemática sonora“, que trata de Iannis Xenakis, um compositor, arquiteto, engenheiro civil e filósofo, que compôs o que chama de “música arquitetônica”.

A entrevista com Vasco Granja, apresentador e animador português é curiosa e… insólita. Em certo momento diz que “As pessoas que apresentam os desenhos animados não têm qualidade. Não conhecem as peças e limitam-se a apresentar, lendo o que o teleponto lhe diz”. Para quem se diz grande conhecedor, é curioso ler: “Não gosto de fenômenos como o Mangá…“, referindo-se a animações japonesas… Bom, dizer que todos os mangás ou animes são ruins é um direito. Mas declarar-se grande conhecedor e trocar os termos é deprimente.

Perdido na tradução” fala de situações insólitas e outras idiossincrasias da tarefa de tradutor de legendas de filmes. O número ainda traz: pequenos textos sobre o “outro”; crônica sobre lendas urbanas virtuais; o polêmico quadrinista Álvarez Rabo; video-jockeys; Orquestra de Vegetais de Viena e mais conteúdo interessante.

Por último, mas não em último, vale a pena destacar o design da Inversus. A maioria das páginas são bem realizadas. As fotografias nas matérias e reportagens de texto não são predominantes, mas as formas criadas são análogas ao assunto e geralmente são bem-sucedidas. Atenção particular aos números e formas geométricas de “matemática sonora” e as cores e formas de “vegetais no palco“.

Está presente também um recurso que acho ser o ideal para publicações, sobretudo revistas, de jornalismo cultural. A retangularidade da fotografia é posta de lado. Em primeiro lugar, diferencia o design do jornalismo gélido, que ainda tenta vender o mito da objetividade. E, principalmente, integra melhor as fotos à arte da página, com recortes, colagens e fusões. É assim que faço e pretendo continuar fazendo na minha menina-dos-olhos, a Fraude. Mas isso já é outra história e outra postagem…

Mas, quando se trata de fotografia, a revista também não deixa a desejar. A capa e contracapa se completam. Um pequeno ensaio fotográfico, de Inês Fontes Prada, chamado “identidade incessante” merece ser contemplado durante alguns minutos.

Mais:
+ Diretor de Arte, Vírgilio Afonso Beatriz
+ Link direto para baixar o terceiro número aqui

6 comentários sobre “Revista Inversus, n°3

  1. Ficou ótimo seu blog, andei lendo a postagem de baixo sobre “Sadayuski Mikami” que também ficou boa. Parabéns no geral pelo blog.

  2. Maravilhosa a dica!
    Acabo de “achar” seu blog e já está nos meus feeds.

    Você faz um ótimo trabalho por aqui :)

  3. Pingback: Jornalismo de Revista - slides

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